terça-feira, 20 de março de 2012

Ano de 2012: Reino Unido - 3° parte #11

Casa de Tudor
Henrique VII
Henrique VII (28 de Janeiro de 1457 - 21 de Abril de 1509) foi o primeiro Rei de Inglaterra da casa de Tudor, reinando entre 1485 e 1509. A sua subida ao poder e o seu casamento com Isabel de Iorque colocaram um fim na Guerra das Rosas e consequente instabilidade política.
Índice
1 Primeiros anos
2 Chegada ao poder
3 Início do reino
4 Economia e medidas diplomáticas
5 Casamento e descendência
6 Morte
Primeiro anos
Henrique nasceu em Pembroke, no País de Gales, filho de Edmundo Tudor, Conde de Richmond, de quem herdou o título, e de Margarida Beaufort, trineta de Eduardo III de Inglaterra por via de João de Gant. Seu pai morreu dois meses depois de seu nascimento. Henrique passou parte de sua vida com o tio, Jasper Tudor. Quando Eduardo IV retornou ao trono em 1471, Henrique foi obrigado a fugir para a Bretanha, onde permaneceu durante 14 anos. Através da sua mãe, Henrique podia ser considerado como candidato ao trono na confusão política da Guerra das Rosas. Por isso mesmo cresceu no exílio na Bretanha, a salvo da Casa de Iorque, que o via como ameaça.
Chegada ao poder

Durante o reinado do popular Eduardo IV, a facção de Lancaster à qual Henrique pertencia pouco pode fazer para reaver o trono. No entanto, a sua morte repentina em 1483 e o golpe que levou o seu irmão o Duque de Gloucester ao trono como Ricardo III, fez renascer o conflito.
No mesmo ano, Henrique abandonou a Bretanha para unir-se à rebelião de seu primo Henrique Stafford, Duque de Buckingham contra Ricardo III; entretanto, a vitória deste último forçou Henrique a fugir precipitadamente para a Bretanha, buscando de novo o amparo do Duque da Bretanha, Francisco II. Em 1485, depois de receber apoio financeiro do duque, e assegurando um certo apoio galês, Henrique lançou uma nova rebelião ao desembarcar de novo em Gales; Ricardo III saiu ao encontro de Henrique, mas, devido à traição de certos nobres, seu exército foi incapaz de ganhar a batalha de Bosworth, na qual o próprio Ricardo III lutou com valentia e morreu em 22 de agosto de 1485.
Com Ricardo III morto no conflito, Henrique foi aclamado rei sem nenhum opositor direto. Sua luta pelo direito ao trono se baseou no fato de seu avô paterno ter se casado com Catarina de Valois viúva de Henrique V, além do que o lado da mãe (Beauforts) dizia ter o sangue real pela parte ilegítima de João de Gante, terceiro filho de Eduardo III.
Início do reinado
A sua primeira medida foi declarar-se rei desde o dia da batalha, o que tecnicamente lhe permitia acusar e condenar todos os que lutaram contra ele por traição. Curiosamente, Henrique VII não exerceu este direito na plenitude e deixou viver alguns opositores. Para sarar as feridas entre a nobreza de Inglaterra, prometeu ainda casar com Isabel de Iorque, filha de Eduardo IV sendo portanto a herdeira da família inimiga, o que aconteceu em 18 de janeiro de 1486. Isso marcou a união das casas de Iorque e Lancaster e a Dinastia Tudor foi representada por uma rosa que unia as rosas das duas casas. Henrique VII não era no entanto um rei permissivo e grande parte do sucesso do seu reinado, relativamente pacífico, deve-se ao facto de ter mantido os seus nobres sob apertada vigilância.
Economia e medidas diplomáticas
Com a coroa segura, Henrique dedicou-se à reconstrução do reino, devastado pela guerra civil. Não fez nenhuma tentativa de reaver as possesões inglesas em França (como o Ducado da Aquitânia), perdidas nos episódios finais da guerra dos cem anos. Em vez disso investiu o seu tempo na reestruturação dos impostos, aumentando a carga fiscal da nobreza, e da economia em geral. Uma das medidas neste campo foi subsidiar a construção de uma frota comercial para desenvolver o comércio com o continente. A marinha inglesa provou ser uma boa aposta, como se verificou no reinado da sua neta Isabel.
Do ponto de vista diplomático, Henrique procurou restaurar as relações com França, e Escócia. Com a Espanha dos Reis Católicos, Henrique negociou o casamento de Catarina de Aragão com o seu herdeiro Artur, Príncipe de Gales. Depois da morte deste, Catarina tornou-se na mulher do seu segundo filho Henrique, então Duque de Iorque. Esta união, em particular o divórcio com que terminou, iria trazer consequências dramáticas para a história da Europa.
Henrique VII também formou uma aliança com o Sacro Império Romano, sob o reinado do imperador Maximiliano I (1493–1519) e convenceu o Papa Inocêncio VIII a editar a Bula da Excomunhão contra todos os pretendentes ao trono de Henrique VII.
Casamento e descendência
Os filhos de Henrique e Isabel de Iorque:
  1 - Nome: Arthur, Príncipe de Gales.
Nascimento: 20 de setembro de 1486.
Morte: 2 de abril de 1502.
Observações: Casou com Catarina de Aragão (1485 - 1536) em 1501. Sem descendência.
  2 - Nome: Margarida Tudor, princesa de Inglaterra.
Nascimento: 28 de novembro de 1489.
Morte: 18 d outubro de 1541.
Observações: (1) Jaime IV, rei de Escócia (1473 - 1513) em 1503. Teve descendência. Casou com (2) Archibald Douglas, 6.º conde de Angus (1489 - 1557) em 1514. Teve descendência. Casou com (3) Henry Stewart, lorde Methven (c. 1495 - 1552). Teve descendência.
  3 - Nome: Henrique VIII, rei de Inglaterra.
Nascimento: 28 de junho de 1491.
Morte: 28 de janeiro de 1547.
Observações: Casou com (1) Catarina de Aragão (1485 - 1536) em 1509. Teve descendência. Casou com (2) Ana Bolena (1501 - 1536) em 1533. Teve descendência. Casou com (3) Joana Seymour (1503 - 1537) em 1536. Teve descendência. Casou com (4) Ana de Cleves (1515 - 1557) em 1540. Sem descendência. Casou com (5) Catarina Howard (1520 - 1542) em 1540. Sem descendência. Casou com (6) Catarina Parr (1512 - 1548) em 1543. Sem descendência.
  4 - Nome: Isabel Tudor, princesa de Inglaterra.
Nascimento: 2 de julho de 1492.
Morte: 14 de setembro de 1495.
Observações: Morreu jovem. Sem descendência.
  5 - Nome: Maria Tudor, princesa de Inglaterra.
Nascimento: 18 de março de 1496.
Morte: 25 de junho de 1533.
Observações: Casou com (1) Luís XII, rei de França (1462 - 1515) em 1514. Sem descendência. Casou com (2) Charles Brandon, 1.º duque de Suffolk (1484 - 1545) em 1515. Teve descendência.
  6 - Edmundo Tudor, Duque de Somerset.
Nascimento: 21 de setembro de 1499.
Morte: 19 de junho de 1500.
Observações: Morreu jovem. Sem descendência.
  7 - Catarina Tudor, princesa de Inglaterra.
Nascimento: 2 de fevereiro de 1503.
Morte: 2 de fevereiro de 1503.
Observações: Morreu jovem. Sem descendência. A mãe, Isabel de Iorque, morreu em conseqüência do nascimento de Catarina.
Morte
Henrique VII morreu em 1509 e está sepultado na Abadia de Westminster, em Londres.

Governo
Reinado: 22 de agosto de 1485 - 21 de abril de 1509.
Coroação: 30 de outubro de 1485.
Consorte: Isabel de Iorque.
Antecessor: Ricardo III.
Sucessor: Henrique VIII.
Dinastia: Tudor.
Títulos: Conde de Richmond.
Vida
Nascimento: 28 de janeiro de 1457, Castelo de Pembroke, País de Gales.
Morte: 21 de abril de 1509 (52 anos), Palácio de Richmond, Inglaterra.
Sepultamento: Abadia de Westminster, Londres, Inglaterra.
Pai: Edmundo Tudor.
Mãe: Lady Margarida Beaufort.
                          Henrique VII segurando a Rosa de Lancaster, por Michael Sittlow.


Henrique VIII
Henrique VIII de Inglaterra (nascido: Henry Tudor; 28 de junho de 1491  28 de janeiro de 1547) foi rei de Inglaterra a partir de 21 de abril de 1509 (coroado a 24 de junho de 1509) até à sua morte. Foi-lhe concedido o título de rei da Irlanda pelo Parlamento Irlandês em 1541, tendo obtido anteriormente o título de Lorde da Irlanda. Foi o segundo monarca da dinastia Tudor, sucedendo a seu pai, Henrique VII, e pretendente ao trono francês.
Henrique VIII foi uma figura marcante na História, ficando famoso por se ter casado seis vezes e por ter exercido o poder mais absoluto de entre todos os monarcas ingleses. Entre os fatos mais relevantes de seu reinado se inclui a ruptura com a Igreja Católica Romana e seu estabelecimento como líder da Igreja da Inglaterra (ou Igreja Anglicana), a dissolução dos monastérios, e a união da Inglaterra com Gales.
Também promulgou legislações importantes, como as várias atas de separação com a Igreja de Roma, de sua designação como Chefe Supremo da Igreja de Inglaterra, as Union Acts de 1535 e 1542, que unificaram a Inglaterra e Gales como uma só nação, a Buggery Act de 1533, primeira legislação contra a sodomia na Inglaterra, a Witchcraft Act de 1542, que castigava com a morte a bruxaria, "por invocar ou conjurar a um espírito demoníaco".
Índice
1 Primeiros anos
2 Primeiro casamento
3 Início do reinado
  3.1 França e os Habsburgos
4 Amantes
5 A questão real
  5.1 Segundo casamento
6 Separação de Roma
  6.1 Problemas pessoais
  6.2 A execução de Ana Bolena
  6.3 O nascimento do príncipe herdeiro
  6.4 Os Atos da União
7 Últimos anos
8 Morte e sucessão
9 Legado
  9.1 Finanças reais
  9.2 Marinha inglesa
10 Títulos e armas
11 Ascendência
12 Descendência
13 Na cultura popular
Primeiros anos

Nascido em Greenwich, no Palácio de Placentia, Henrique VIII foi o sexto filho de Henrique VII e Isabel de Iorque. O seu pai, membro da Casa de Lancaster, adquiriu o trono por direito de conquista, já que o seu exército derrotou o último Plantageneta, o rei Ricardo III, e posteriormente completou os seus direitos casando-se com Isabel, filha do rei Eduardo IV.
Somente três de seus seis irmãos sobreviveram à infância: Artur, Príncipe de Gales, Margarida Tudor, rainha consorte da Escócia, e Maria Tudor, rainha consorte da França. Em 1493, com dois anos, Henrique foi nomeado Condestável de Castelo de Dover e Lorde Guardião do Cinque Ports. Em 1494, ele foi criado Duque de York. Posteriormente, foi nomeado Conde Marechal de Inglaterra e Lorde Tenente da Irlanda. A Henrique foi-lhe dada uma educação de primeira classe com professores de renome, tornando-se fluente em latim, francês e espanhol. Como era de se esperar que o trono passaria para o príncipe Artur, o seu irmão mais velho, Henrique estava preparado para uma vida na Igreja.
Em 1501 assistiu ao casamento de seu irmão mais velho, Artur, com Catarina de Aragão. O casal tinha quinze e dezesseis anos, respectivamente, na época. Os dois foram enviados por um tempo a Gales, como costumavam fazer com o herdeiro do trono e sua esposa. Em 1502, Artur, com quinze anos, faleceu com tuberculose. Em consequência disto, aos onze anos de idade, Henrique, Duque de York herdou o direito ao trono inglês, e como tal, pouco depois foi nomeado príncipe de Gales.
Primeiro casamento
As negociações sobre o direito de viuvez de Catarina se arrastaram por um ano. O rei não lhe cedia o direito previsto no contrato, um terço da renda de Gales, Cornualha e Chester, porque não havia recebido a segunda parte do dote de Catarina, e os pais de Catarina não a deixavam voltar para a Espanha sem o direito garantido. Desta forma, Catarina manteve-se hostilizada pela corte em um país estrangeiro, sem bens e com uma pequena remuneração. Determinada a ser rainha da Inglaterra, Catarina aceitou o pedido de casamento do rei, que acabara de ficar viúvo. Para que não houvesse dúvida quanto à legitimidade do casamento, o rei requereu uma dispensa papal, baseada na não consumação do casamento dela com seu primogénito. Ao tomar ciência que seus herdeiros não teriam preferência sobre Henrique na coroa de Inglaterra, e com o apoio de seus pais, Catarina recusou o pedido do rei, o que lhe deixou enfurecido. O embaixador espanhol comunicou ao rei que os reis espanhóis exigiam o noivado de Catarina e o príncipe de Gales. O rei cedeu, sem intenção de honrar o compromisso firmado por uma criança de doze anos.
Para que o novo Príncipe de Gales se casasse com a viúva do seu irmão, uma dispensa papal era normalmente necessária para anular o impedimento de afinidade porque, como disse no livro de Levítico: "Se um irmão casar com a mulher do irmão, eles não terão filhos". Catarina jurou que o seu casamento com o príncipe Artur não tinha sido consumado. Ainda assim, ambas as partes inglesa e espanhola decidiram que uma dispensa papal adicional de afinidade seria prudente para eliminar qualquer dúvida sobre a legitimidade do casamento.
A impaciência da mãe de Catarina, a rainha Isabel I de Espanha, induziu o Papa Júlio II para conceder isenções sob a forma de uma bula papal. Assim, 14 meses após a morte do seu jovem marido, Catarina viu-se noiva do seu irmão ainda mais novo, Henrique.
Em 1505, Henrique VII perdeu seu interesse em manter a aliança com a Espanha, e o jovem príncipe de Gales foi obrigado a declarar que o compromisso havia sido arranjado sem seu consentimento. Porém, as negociações diplomáticas a respeito do casamento continuaram até a morte de Henrique VII em 1509. Em seu leito de morte, o rei disse ao seu filho que ele estava livre para se casar com quem quisesse. Encantado com Catarina desde a infância e certo que a segurança da Inglaterra dependia de um aliança tríplice entre Espanha, Inglaterra e o Imperador, no dia 11 de junho de 1509, com apenas dezassete anos, Henrique, casou-se com a viúva de seu irmão, Catarina de Aragão, com 23 anos. No dia 24 de junho do mesmo ano, ambos foram coroados respectivamente rei e rainha da Inglaterra na Abadia de Westminster. A primeira gravidez da rainha Catarina terminou em aborto em 1510. Logo deu à luz um bebê do sexo masculino, chamado Henrique, em 11 de janeiro de 1511, mas o bebê só viveu até 22 de fevereiro do mesmo ano.
Início do reinado
Com sua coroação, Henrique VIII teve que enfrentar as problemáticas consequências dos impostos nobiliários estabelecidos por Richard Empson e Edmund Dudley, membros do gabinete de seu pai. Fez prender a ambos na Torre de Londres, e posteriormente os decapitou. Esta foi uma das muitas maneiras em que se diferenciou dos princípios de Henrique VII. Outra diferença se fez notória pela inclinação bélica de Henrique VIII, enquanto seu predecessor tinha favorecido políticas pacíficas.
Henrique foi um homem da Renascença e a sua corte foi um centro de inovação académica e artística e excesso de glamour, consubstanciada no Campo do Pano de Ouro. Ele era músico, escritor e poeta. A sua melhor composição musical é conhecida como Pastime with Good Company ouThe Kynges Ballade. Ele também foi um jogador ávido e jogador de dados, e destacou-se no desporto, principalmente na justa, na caça e no tênis real. Ele também era conhecido pela sua forte dedicação ao cristianismo.
                                                        Henrique VIII em 1509 com 18 anos.
França e os Habsburgos
Durante os dois anos posteriores à ascensão de Henrique VIII, o bispo de Winchester, Richard Fox, junto a William Warham, controlou os assuntos do Estado. De 1511 em diante o poder real foi ostentado por Thomas Wolsey. Em 1511, Henrique se uniu à Liga católica, formada pelos dirigentes europeus opostos ao rei Luís XII da França. A liga incluía figuras como o Papa Júlio II, o Imperador do Sacro Império Romano, Maximiliano I, e o rei Fernando II da Espanha, com quem Henrique assinou o tratado de Westminster. Henrique uniu-se pessoalmente ao exército, e cruzou o Canal da Mancha até a França, onde tomou parte das emboscadas e batalhas.
Em 1514, Fernando II abandonou a aliança, e as outras partes fizeram paz com a França. A consequente irritação com a Espanha iniciou a discussão sobre o divórcio com a rainha Catarina. Entretanto, com a ascensão em 1515 do rei Francisco I ao trono da França, Inglaterra e França aumentaram seu antagonismo, e Henrique se reconciliou com o rei da Espanha. Em 1516 a rainha Catarina deu à luz uma menina, Maria, renovando as esperanças de Henrique de poder ter um herdeiro varão, apesar dos prévios fracassos de sua esposa.
Fernando II morreu em 1516, para ser sucedido por seu neto, (e sobrinho da rainha Catarina), Carlos V. Em outubro de 1518, Wolsey tinha elaborado o Tratado de Londres com o papado, com a ideia de conseguir um triunfo para a diplomacia inglesa, colocando a Inglaterra no centro de uma nova aliança europeia com o objetivo de repelir as invasões mouriscas na Espanha, tal como tinha solicitado o Papa.
Maximiliano morreu em 1519, e Wolsey, que era Cardeal da igreja católica, propôs secretamente o nome de Henrique como candidato para o posto de Imperador do Sacro Império Romano, apesar de publicamente parecer apoiar o rei francês, Francisco. Finalmente, Carlos da Espanha foi o eleito pelos príncipes eleitores. A rivalidade subsequente entre França e Espanha permitiu a Henrique atuar como mediador. Tanto Francisco como Carlos V tentaram gozar do favor de Henrique VIII. Depois de 1521 a influência inglesa sobre a Europa começou a minguar. Henrique entrou em uma aliança com Carlos V através do tratado de Bruges, e Francisco I foi derrotado pelo exército imperial de Carlos na Batalha de Pavia, em fevereiro de 1525. A confiança do Imperador em Henrique diminuiu no mesmo ritmo que o poder inglês sobre o continente. Henrique se mostrou contrariado em ajudá-lo a conquistar a flor-de-lis, apesar das garantias de Carlos. Isto terminou com o Tratado de Westminster, em 1527.
O interesse de Henrique nos assuntos europeus estendeu-se até o ataque contra a revolução alemã de Lutero. Em 1521, Henrique VIII chegou a escrever um pequeno livro intitulado "Defesa dos Sete Sacramentos" que fez com que Leão X lhe outorgasse o título de "Defensor da Fé" (Fidei Defensor).
                                           Catarina de Aragão, primeira esposa de Henrique VIII.
Amantes
Contrariamente à sua imagem popular, Henrique pode não ter tido muitas amantes e, para além das mulheres com quem se casou mais tarde, existe apenas duas amantes que são completamente indiscutíveis: Bessie Blount e Maria Bolena.
Blount deu à luz o filho ilegítimo de Henrique, Henrique FitzRoy. O menino foi feito Duque de Richmond, em junho de 1525, o que fez com que alguns imaginassem isto como um passo para a sua legitimação. Em 1533, FitzRoy casou-se com Maria Howard, prima de Ana Bolena, mas morreu três anos depois, sem sucessão. No momento da morte de FitzRoy, o rei estava tentando passar uma lei que permitiria que o seu filho ilegítimo se tornasse seu sucessor legítimo.
Maria Bolena era irmã de Ana Bolena, que mais tarde se casou com Henrique. Pensa-se que ela foi dama de companhia de Catarina numa certa altura, entre 1519 e 1526. Houve especulação de que dois filhos de Maria, Catarina e Henrique, fossem filhos de Henrique, mas isto nunca foi provado e o rei nunca os reconheceu como ele fez com Henrique FitzRoy.
Em 1510, foi comunicado que Henrique estava a ter um caso com uma das irmãs de Edward Stafford, 3.º Duque de Buckingham, Isabel ou Ana. Chapuys escreveu que: o marido da senhora que foi embora, expulsou-a e colocou-a num convento a quilómetros daqui, de forma a que ninguém pode vê-la. Henrique também parece ter tido um caso com uma das irmãs Shelton em 1535. Tradicionalmente, crê-se que se tratava de Margarida Shelton, mas pesquisas recentes levaram à alegação de que era Maria Shelton.
Há também razões para suspeitar que ele teve um caso com uma mulher desconhecida em 1534. Alison Weir alegou que, além desses cinco affairs, havia também vários outros de curto prazo e ligações secretas, a maioria deles acontecendo na mansão do rei ao longo do rio, a Jordan House.
A questão real
A coroação de Henrique VIII foi a primeira pacífica da Inglaterra em muitos anos; entretanto, a legitimidade da dinastia Tudor tinha que ser posta a prova. O povo inglês parecia descontente com as regras de sucessão feminina, e Henrique sentiu que só um herdeiro masculino poderia assegurar o trono. A rainha Catarina ficou grávida pelo menos sete vezes (a última vez em 1518), mas só uma das crianças, a princesa Maria, sobreviveu à infância. Henrique tinha ficado com várias amantes, incluindo Maria Bolena e Isabel Blount, com quem tinha tido um filho ilegítimo, Henry Fitzroy, primeiro duque de Richmond e Somerset. Em 1526, quando ficou claro que a rainha Catarina não poderia ter mais filhos, Henrique começou a perseguir a irmã de Maria Bolena, Ana Bolena.
Ainda que não haja dúvidas de que a motivação principal de Henrique para se divorciar de Catarina fosse o seu desejo de ter um herdeiro homem, o rei ficou empolgado com Ana, apesar da sua inexperiência infantil e do seu pouco poder de atração. Ana, ao início, resistiu às suas tentativas de seduzi-la, e recusou-se a tornar-se sua amante como a sua irmã Maria. Ela disse: "Rogo a Sua Alteza mais fervorosamente a desistir, e para isso a minha resposta em boa parte. Eu preferiria perder a minha vida do que a minha honestidade". Esta recusa fez com que Henrique ainda ficasse mais atraído, e ele perseguiu-a implacavelmente. Eventualmente, Ana viu a sua oportunidade na paixão de Henrique e determinou que ela só iria render-se a ele se a reconhecesse como rainha. Logo tornou-se num desejo absorvente do Rei para anular o seu casamento com Catarina.
A insistente tentativa do rei em terminar o seu casamento com a rainha Catarina foi apelidada de "A questão real". O cardeal Wolsey e William Warham começaram secretamente a investigar a validade do casamento. Obviamente, a rainha Catarina tinha testemunhado que seu matrimónio com Artur, Príncipe de Gales, não havia sido consumado, e portanto isso não foi impedimento para o subsequente casamento com Henrique. Sem informar o cardeal Wolsey, Henrique apelou diretamente à Santa Sé. Enviou o seu secretário William Knight a Roma para anular a Bula de Júlio II, Bula pela qual foi permitido o casamento entre Henrique VIII e Catarina de Aragão argumentando que ela, a Bula, havia sido obtida mediante enganos, e era consequentemente nula. Além disto, pedia ao Papa Clemente VII que lhe outorgasse uma dispensa para permitir casar-se com qualquer mulher, inclusive escolhendo por grau de afinidade. Esta dispensa era necessária, já que Henrique havia previamente tido relações com a irmã de Ana Bolena, Maria. Knight encontrou-se com o Papa Clemente VII, que era praticamente prisioneiro do Imperador Carlos V. Teve dificuldades até em falar com o Papa, e quando finalmente o fez, não conseguiu os resultados que procurava. Clemente VII não estava de acordo com a anulação do matrimónio, mas concedeu a dispensa, presumindo que a mesma não teria muito efeito enquanto Henrique tivesse que permanecer casado com Catarina.
Informado do ocorrido pelo representante do Rei, o Cardeal Wolsey enviou Stephen Gardiner e Edward Fox a Roma. Talvez temendo o sobrinho de Catarina, (o Imperador Carlos V), o Papa Clemente inicialmente evitou atendê-los. Fox foi enviado de volta com uma comissão autorizando o início de um processo, mas as restrições impostas tornavam-na praticamente insignificante.
Gardiner procurou formar uma comissão executiva que decidisse com antecedência os pontos legais a discutir. Clemente VII foi persuadido a aceitar tal proposta, e permitiu ao cardeal Wolsey e ao cardeal Lorenzo Campeggio levar o caso juntos. A comissão actuou em segredo. A comissão estabeleceu que a Bula Papal autorizando o casamento de Henrique com Catarina seria declarada nula se as alegações em que se baseava se demonstrassem falsas. Por exemplo, a Bula seria nula se resultasse falso que o matrimónio havia sido absolutamente necessário para manter a aliança anglo-espanhola.
O cardeal Campeggio chegou a Inglaterra em 1528. Os procedimentos, entretanto, foram paralisados quando os espanhóis emitiram um segundo documento que presumia o outorgamento da necessária dispensa. Assegurava-se que, uns poucos meses antes de outorgar a dispensa numa Bula pública, o Papa Júlio II tinha outorgado o mesmo numa nota privada enviada a Espanha. A comissão não autorizou os cardeais Wolsey e Campeggio a determinar a validade da nota, e durante oito meses as partes discutiram sobre a sua autenticidade. Durante a primavera de 1529, uma equipa jurídica de Henrique VIII completou o sumário dos argumentos reais incluindo o Levítico 20, 21.
Enojado com o cardeal Wolsey pela demora, Henrique destituiu-o de seus poderes e riqueza. Acusou-o de "præmunire" (rebaixar a autoridade do Rei investindo a representação papal), mas Wolsey morreu pouco tempo depois. Com o Cardeal Wolsey caíram outros poderosos membros da Igreja na Inglaterra. O poder passou então para Sir Thomas More como novo Lord Chanceler, a Thomas Cranmer como novo arcebispo de Canterbury e a Thomas Cromwell como primeiro conde de Essex e Secretário de Estado da Inglaterra.
                                                Ana Bolena, segunda esposa de Henrique VIII.
Segundo casamento
Henrique participou num encontro com o rei francês em Calais, no inverno de 1532, no qual ele contou com o apoio de Francisco I da França para o seu novo casamento. Imediatamente após retornar a Dover, na Inglaterra, Henrique e Ana fizeram um casamento em segredo. Ela logo ficou grávida e houve então um segundo casamento, que teve lugar em Londres, em 25 de janeiro de 1533. Os eventos começaram a desenrolar-se rapidamente. Em 23 de maio de 1533, Cranmer, convocou uma sessão especial da corte no Priorado de Dunstable para se pronunciar sobre a validade do casamento do rei com Catarina de Aragão, declarou o casamento de Henrique e Catarina nulo e sem efeito. Cinco dias depois, no dia 28 de maio de 1533, Cranmer declarou o casamento de Henrique e Ana como bom e válido.
Catarina foi formalmente despojada do seu título de rainha, e Ana foi coroada consequentemente rainha consorte em 1 de junho de 1533. A Princesa Maria (futura rainha Maria I de Inglaterra) foi rebaixada a filha ilegítima, e substituída como provável herdeira pela nova filha de Ana, Isabel (a futura rainha Isabel I de Inglaterra), nascida prematuramente em 7 de setembro desse ano, recebendo esse nome em honra da mãe de Henrique. Tendo perdido o título de rainha, Catarina recebeu o título de Princesa viúva de Gales; Maria deixou de ser "Princesa de Gales", para passar a ser uma simples "Lady". Catarina de Aragão morreu de em 1536 de causas ainda não muito claras (há quem diga que ela padecia de cancro ou que foi envenenada).
Esta atitude de afronta sem precedentes à Igreja Católica valeu-lhe a excomunhão, declarada por Clemente VII em 11 de julho de 1533. No seguimento da excomunhão, Henrique decidiu o rompimento com a Igreja Católica Romana, declarou a dissolução dos monastérios, tomando assim muitos dos haveres da Igreja, e formou a Igreja Anglicana (Church of England), da qual se declarou líder. Esta decisão tornou-se oficial com o decreto de supremacia (Act of Supremacy) de 1534. A recusa em jurar obediência a este decreto levou-o a condenar o humanista Thomas More, seu antigo Lord Chanceler, à morte.
Separação de Roma
O Papa respondeu a estes acontecimentos excomungando Henrique VIII em julho de 1533. Seguiu-se uma considerável agitação religiosa. Liderados por Thomas Cromwell, o parlamento aprovou várias atos que selaram a brecha com Roma na primavera de 1534. O Estatuto de restrição de apelações ("Statute in Restraint of Appeals") proibiu as apelações das cortes eclesiásticas ao Papa. Também preveniu que a Igreja decretasse qualquer tipo de regulação sem prévio consentimento do Rei. A Acta de designações eclesiásticas (Ecllesiastical Appointments Act) de 1534, decretou que os clérigos eleitos para bispos deveriam ser nomeados pelo soberano. O Ato de Supremacia (Act of Supremacy) do mesmo ano, declarou que "o Rei era o único Chefe Supremo na Terra da Igreja da Inglaterra". O Ato de Traição (Treasons Act), também de 1534, converteu em alta traição, castigada com a morte, não reconhecer a autoridade do Rei, entre outros casos. Ao Papa foram negadas todas as fontes de ingressos monetários, como o Óbolo de São Pedro.
Não aceitando as decisões do Papa, o parlamento validou o matrimónio entre Henrique e Ana Bolena com a Primeira Lei de Sucessão ("Act of Succession") de 1534. A filha de Catarina, Lady Maria, foi declarada ilegítima, e os descendentes de Ana Bolena passaram a entrar na linha de sucessão real. Todos os adultos foram obrigados a reconhecer as previsões desta lei; quem não o fizesse era condenado à prisão perpétua. A publicação de qualquer escrito alegando que o matrimónio de Henrique com Ana era inválido, resultava em uma acusação de alta traição, que poderia ser castigado com pena de morte.
A oposição às políticas religiosas de Henrique foi rapidamente suprimida. Vários monges dissidentes foram torturados e executados. Cromwell, para quem foi criado o posto de "Vice-gerente espiritual" foi autorizado a visitar mosteiros, supostamente para assegurar-se de que seguiam as instruções reais, mas na prática para fazer suas riquezas. Em 1536, uma lei do Parlamento permitiu que Henrique confiscasse as possessões dos mosteiros deficitários (aqueles com arrecadação anual de 200 libras ou menos).
Problemas pessoais
O rei e a rainha não estavam satisfeitos com a vida conjugal. O casal real apreciava períodos de calma e carinho, mas Ana recusava-se a desempenhar o papel submisso esperado dela. Por outro lado, a irritabilidade constante de Henrique e Ana gostava de temperamento violento. Depois de uma falsa gravidez ou aborto em 1534, o rei viu a sua incapacidade de lhe dar um filho como uma traição. Já no Natal de 1534, Henrique estava discutindo com Cranmer e Cromwell as chances de Ana o deixar sem ter de voltar para Catarina.
A oposição às políticas religiosas de Henrique foi rapidamente suprimida, na Inglaterra. Vários monges dissidentes foram torturados e executados. Os opositores mais proeminentes incluíram John Fisher, bispo de Rochester e Sir Thomas More, ex-Lord Chanceler de Henrique, que se recusaram a prestar juramento ao rei e foram posteriormente condenados por alta traição e decapitados na Tower Hill, fora da Torre de Londres, enquanto a punição para os traidores habituais continuava a ser o enforcamentoarrastamento e esquartejamento, Henrique VIII recebendo a notícia da sentença de seu amigo Thomas Moore, altera a sentença para "apenas" a decapitação em público - dizem que Thomas Moore ao receber esta notícia comentou: "não gostaria que o Rei repetisse este benefício real aos meus amigos...". Estas supressões por sua vez, contribuíram para a maior resistência entre o povo inglês, mais notavelmente na Peregrinação da Graça ("Pilgrimage of Grace"), uma grande revolta no norte da Inglaterra, em outubro de 1536. Henrique VIII prometeu perdoar os rebeldes, recebeu-os e agradeceu-lhes por levantarem as questões à sua atenção, tendo em seguida, convidado o líder rebelde, Robert Aske, para um banquete real. No banquete, Henrique pediu a Aske para anotar o que tinha acontecido para que ele pudesse ter uma ideia melhor sobre os problemas originados devido à "mudança". Aske fez o que o rei pediu, embora o que ele escreveu, viria mais tarde a ser usado contra ele como uma confissão. A palavra do rei não poderia ser questionada (visto ele estar a representar Deus na Inglaterra, e apenas prestava contas diretamente a Ele), de modo que Aske disse que os rebeldes tinham sido bem sucedidos e que poderiam dispersar-se e ir para casa. No entanto, por Henrique ter visto os rebeldes como traidores, ele não se sentia obrigado a manter as suas promessas. Os rebeldes perceberam que o rei não estava a cumprir as suas promessas e revoltaram-se novamente mais tarde naquele ano, mas a sua força foi menor na segunda tentativa e o rei ordenou que a rebelião fosse esmagada. Os líderes, incluindo Aske, foram presos e executados por traição.
                                         Torre de Londres, local de muitas de execuções reais.A execução de Ana Bolena
Em 1536, a rainha Ana Bolena começou a perder o favor de Henrique. Depois do nascimento da princesa Isabel, Ana teve duas gestações que terminaram em aborto ou morte da criança. Enquanto isso, Henrique começava a prestar atenção em outra cortesã, Joana Seymour. Talvez animado por Thomas Cromwell, Henrique fez que Ana fosse presa sob a acusação de bruxaria (para convertê-lo em seu marido), de ter relações adúlteras com cinco homens, de incesto (com seu irmão Jorge Bolena, o Visconde de Rochford), de injuriar o Rei e conspirar para assassiná-lo, com o agravante de traição. As acusações eram inteiramente fabricadas por Thomas Cromwell, secretário particular de Henrique VIII. A Corte que tratou do caso foi presidida pelo próprio tio de Ana, Thomas Howard, Duque de Norfolk. Em maio de 1536, Ana e seu irmão foram condenados à morte, entre a fogueira ou a decapitação, o rei escolheu que Ana fosse decapitada. Foi contratado um executor francês para executar a sentença, por ser conhecido por realizar o seu trabalho de forma a que a vítima não sentisse nenhuma dor (nesta época a guilhotina ainda não tinha sido inventada e as decapitações eram realizadas com machados especiais de cabos longos e lâminas afiadíssimas ou com uma espada). Ana recebeu, através do guarda da Torre de Londres, moedas de ouro enviadas por Henrique VIII para o pagamento do seu algoz, como era prática da época. Os outros quatro homens sobre os quais foram apontadas acusações de ter relações com Ana, foram condenados à decapitação. Lord Rochford, irmão de Ana, foi decapitado depois do julgamento. Ana também foi decapitada pouco tempo depois. O pai de Ana, que também foi acusado de conspiração e, posteriormente, preso na Torre de Londres na mesma altura, foi libertado por falta de provas, banido da corte e perdeu todos os benefícios financeiros; porém, continuou dono do seu ducado.

O nascimento do príncipe herdeiro

Um dia depois da execução de Ana em 1536, Henrique ficou noivo de Joana Seymour, uma das damas de companhia da rainha, a quem o rei tinha mostrado favor desde algum tempo. O casamento ocorreu 10 dias depois.
Em 1536, foi aprovada a Segunda Lei de Sucessão, que declarou os filhos de Henrique com a rainha Joana seriam os próximos na linha de sucessão ao trono e declarou tanto Lady Maria e Lady Isabel como ilegítimas, excluindo-as da linha de sucessão. Ao rei foi concedido poder político para determinar a linha de sucessão à sua vontade.
Em 1537, Joana deu à luz um filho, o Príncipe Eduardo, e futuro Eduardo VI. O parto foi difícil e a rainha morreu no Palácio de Hampton Court, em 24 de outubro de 1537, poucos dias depois de ter dado à luz, devido a uma infecção. Após a morte de Joana, a corte inteira guardou luto com Henrique por um período prolongado. Henrique considerou Joana como sendo a sua "verdadeira" esposa, por ter sido a única que lhe deu o herdeiro varão que tão desesperadamente desejava.
                                        Joana Seymour, terceira esposa de Henrique VIII.
Os Atos da União
Na época de seu casamento com Joana Seymour, Henrique concedeu sua aprovação à Constituição de Gales("Laws in Wales Act") entre 1535 e 1542, que anexou legalmente Gales com a Inglaterra, fazendo ambos um só país. A lei decretou o uso exclusivo do inglês para os procedimentos oficiais em Gales, contrariando aos numerosos falantes da língua galesa.
Henrique continuou a perseguição a seus oponentes religiosos. Em 1538, Henrique ordenou a destruição dos santuários da Igreja Católica Romana e neste mesmo ano, todos os mosteiros existentes tinham sido fechados, e suas propriedades transferidas para a Coroa.
Como recompensa por sua eficiência, Thomas Cromwell foi nomeado Conde de Essex. Abades e priores perderam seus assentos na Câmara dos Lordes, e só os arcebispos e bispos formaram a representação eclesiástica de corpo. Os "lordes espirituais", como eram conhecidos os membros do clero com lugares na câmara dos lordes, foram pela primeira vez superados em número pelos lordes temporais.
                                               Ana de Cleves, quarta esposa de Henrique VIII.
Últimos anos
Henrique desejou casar-se novamente. Thomas Cromwell, agora Conde de Essex, sugeriu o nome de Ana de Cleves, irmã do Duque de Cleves, que tinha sido um importante aliado no caso do ataque da Igreja Católica à Inglaterra. O pintor Hans Holbein foi mandado ao Ducado de Cleves para fazer um retrato de Ana para o Rei. Depois de ver o retrato de Ana e receber descrições complementares a respeito da mesma, Henrique decidiu se casar com Ana. Quando Ana chegou a Inglaterra, Henrique achou-a pouco atraente, porém se casou com ela em 6 de janeiro de 1540.
Henrique decidiu terminar o casamento, não somente por causa de seus sentimentos mas também por considerações políticas. O Duque de Cleves tinha entrado numa disputa com o Sacro Império Romano, com o qual Henrique não queria entrar em disputa. A nova rainha, Ana, foi inteligente o bastante para não deixar Henrique pedir a anulação do casamento e alegou que o mesmo não havia sido consumado. O casamento portanto foi anulado e Ana recebeu o título de "Irmã do Rei".
Em 28 de julho de 1540, Henrique casou-se com a jovem Catarina Howard, prima de Ana Bolena. Ele estava encantado com a nova rainha. Logo após o casamento, entretanto, Catarina teve um caso com o cortesão Thomas Culpeper. Ela também empregou como seu secretário, Francis Dereham, com quem tinha tido um caso antes de se casar com Henrique VIII. Thomas Cranmer apresentou evidências das atividades extra-conjugais da rainha, a Henrique e, embora este não tivesse acreditado, mandou Cranmer conduzir investigações que acabaram resultando na implicação de Catarina. Quando interrogada, a Rainha admitiu o caso com Dereham mas alegou que foi forçada por ele a ter esta relação extra-conjugal, porém Dereham delatou o relacionamento de Catarina com Thomas Culpeper. O casamento com Catarina foi anulado rapidamente após sua execução. Como no caso de Ana Bolena, Catarina Howard pode ter sido vítima de uma acusação falsa de adultério, porém nada conseguiu ser provado.
Henrique casou-se com sua última mulher em 12 de julho de 1543, a rica viúva Catarina Parr. Ela e Henrique tiveram um casamento cheio de discussões sobre religião, ela era radical e Henrique conservador. Embora isso desagradasse ao Rei, ela sempre se salvou mostrando-se submissa. Ela ajudou a reconciliação de Henrique com suas duas filhas, Lady Maria e Lady Isabel. Em 1544, uma lei do Parlamento colocou-as de volta na linha de sucessão ao trono inglês após o príncipe Eduardo, embora elas continuassem ilegítimas.
A tirania de Henrique tornou-se mais aparente com o avanço da idade e a queda de sua saúde. Uma onda de execuções políticas, que começaram com Edmund de la Pole (o Duque de Suffolk) em 1513 e terminaram com Henrique (Conde de Surrey) em janeiro de 1547.
                                             Catarina Howard, quinta esposa de Henrique VIII.
                                                 Catarina Parr, sexta esposa de Henrique VIII.
Morte e sucessão
Nos últimos anos da sua vida, Henrique tornou-se grosseiramente obeso (com uma medida de cintura de 137 centímetros) e teve que ser transferido com a colaboração das invenções mecânicas. Ele tinha muitas dores, suportando furúnculos e possivelmente sofria de gota. A sua obesidade data de um acidente de justa em 1536 em que ele sofreu um ferimento na perna. Isso impediu-o de praticar desporto e tornou-se gradualmente ulcerada. E, sem dúvida, acelerou a sua morte, aos 55 anos de idade, ocorrida em 28 de janeiro de 1547, no Palácio de Whitehall, o que teria sido o 90.º aniversário do seu pai. Ele morreu após alegadamente proferir estas últimas palavras: "Monges! Monges! Monges!"
A teoria de que Henrique sofreu de sífilis foi promovida, cerca de 100 anos após a sua morte, mas foi ignorada pela maioria dos historiadores sérios. A sífilis é uma doença bem conhecida no tempo de Henrique, e apesar do seu contemporâneo, Francisco I da França tê-la tido, as notas deixadas pelos médicos de Henrique não indicam que o rei tinha essa doença. Uma teoria mais recente e crível sugere que os sintomas médicos de Henrique, e os de sua irmã mais velha Margarida Tudor, também são característicos da diabetes tipo II.
Henrique VIII foi sepultado na Capela de São Jorge (Castelo de Windsor), no Castelo de Windsor, ao lado da sua terceira esposa, Joana Seymour. Mais de cem anos mais tarde, Carlos I foi sepultado no mesmo jazigo.
Em pouco mais de uma década após a sua morte, todos os seus três herdeiros sentaram-se no trono inglês, e os três não deixaram descendentes. Sob a Ato de Sucessão de 1543, apenas o filho legítimo sobrevivente de Henrique, Eduardo, herdaria a Coroa, tornando-se Eduardo VI. Por Eduardo ter apenas nove anos de idade na época, ele não podia exercer o poder real. Henrique designou 16 executores para servir num Conselho de Regência até Eduardo atingir a idade de 18 anos. Os executores escolheram Eduardo Seymour, 1° Conde de Hertford, irmão de Joana Seymour, como Lorde Protector do reino. Na falta de herdeiros de Eduardo, o trono passaria para a filha de Henrique VIII e de Catarina de Aragão, a princesa Maria e seus herdeiros. Se Maria não tivesse descendentes, a Coroa iria para a filha de Henrique e de Ana Bolena, a princesa Isabel, e seus herdeiros. Finalmente, se a linha de Elisabeth também se tornasse extinta, a Coroa deveria ser herdada pelos descendentes da irmã mais nova de Henrique VIII, Maria Tudor, Duquesa de Suffolk. Os descendentes da irmã de Henrique, Margarida Tudor - a família real de Escócia - foram excluídos da sucessão de acordo com este ato.
                                                                 Henrique VIII em 1542.
Legado
Henrique VIII é conhecido por ter sido um ávido jogador de azar e de dados. Na sua juventude, destacou-se no desporto, principalmente na justa, caça e tênis real. Ele também era músico, autor e poeta; a sua obra musical mais conhecida é Pastime with Good Company (ou The Kynges Ballade). Ele é, muitas vezes, considerado como o autor da canção Greensleeves, mas provavelmente não, segundo alguns historiadores. O rei também esteve envolvido na construção e melhoria de vários edifícios importantes, incluindo o Palácio de Nonsuch, a King's College Chapel, em Cambridge, e a Abadia de Westminster, em Londres. Muitos dos edifícios existentes, Henrique melhorou os que foram confiscados de Wolsey, como a Christ Church, Oxford, o Palácio de Hampton Court, o Palácio de Whitehall e o Trinity College, Cambridge. Ele fundou a Christ Church Cathedral School, em Oxford, no ano de 1546. A única peça de vestuário sobrevivente usada por Henrique VIII é um Cap of Maintenance concedido ao prefeito de Waterford, juntamente com uma espada, em 1536. Ele está atualmente no Waterford Museum of Treasures. Uma armadura de Henrique está em exposição na Torre de Londres. Nos séculos seguintes após a sua morte, Henrique inspirou ou foi mencionado em numerosas obras artísticas e culturais.
Embora essencialmente motivado pelos interesses dinásticos e pessoais, e apesar de nunca abandonar os fundamentos da Igreja Católica Romana, Henrique assegurou que o maior ato do seu reinado seria um dos mais radicais e decisivos do que qualquer outro monarca inglês fizesse. A sua ruptura com Roma em 1533-34 foi um ato com consequências enormes para o curso posterior da História, mesmo para além da dinastia Tudor. Não só no sentido de tornar possível a transformação da Inglaterra numa poderosa (embora muito distinta) nação, mas também na apreensão do poder económico e político da Igreja pela aristocracia, principalmente através da aquisição de bens e terras monásticas - uma estratégia a curto prazo com consequências sociais de longo prazo. A decisão de Henrique em confiar a regência do seu filho Eduardo durante a sua menoridade, foi para que o Conselho de Regência continuasse decididamente a Reforma, Conselho então dominado por Eduardo Seymour, o mais provável pela simples razão de que a tática de Seymour parecia provável para dar uma liderança mais forte ao reino, garantindo que Reforma fosse consolidada e mesmo promovida durante o reinado do seu filho. Essas ironias marcaram outros aspectos do seu legado.
Ele promoveu a aprendizagem humanista e ainda foi responsável pela morte de vários humanistas ingleses. Obcecado com a obtenção de sucessão ao trono, ele deixou como herdeiros apenas um filho (que morreu antes de completar 16 anos) e duas filhas com diferentes religiões. O poder do Estado foi ampliado, mas assim também (pelo menos após a morte de Henrique) foram demandas por maior participação política da classe média. Henrique trabalhou com algum sucesso para fazer da Inglaterra, mais uma vez, um jogador de peso no cenário europeu, mas empobrecendo o seu tesouro enquanto o fazia, um legado que continua a ser um problema para os monarcas ingleses desde então.
 Composição original de Pastime with Good Company (1513), patente na Biblioteca Britânica, em Londres, da autoria de Henrique VIII.
Finanças reais
Henrique herdou uma vasta fortuna do seu pai, Henrique VII que, em contraste com o seu filho, foi frugal e cuidadoso com o dinheiro. Esta fortuna foi estimada em £ 1.250.000 (£ 375 milhões nos padrões de hoje). Grande parte desta riqueza foi gasta por Henrique para manter a sua corte e despesas pessoais, incluindo muitas das obras de construção de palácios reais. Os Tudors tinham dinheiro para financiar todas as despesas do Governo fora do seu próprio rendimento. Esta receita vinha das terras da Coroa que eram propriedade de Henrique, bem como dos direitos aduaneiros, concedido pelo Parlamento ao rei para toda a vida. Durante o reinado de Henrique VIII, as receitas da Coroa mantiveram-se constantes (cerca de £ 100.000), mas foram corroídas pela inflação e a subida dos preços provocada pela guerra. Com efeito, foi a guerra e as ambições dinásticas de Henrique sobre a Europa que provocaram o excedente e o fim da fortuna deixada pelo seu pai, em meados da década de 1520. Considerando que Henrique VII não tinha envolvido muito o Parlamento nos seus assuntos, Henrique VIII teve de recorrer ao Parlamento durante o seu reinado para a obtenção de dinheiro, em especial para as concessões de subsídios para financiar as suas guerras. A dissolução dos mosteiros também forneceu um meio para recuperar as finanças e, como resultado, a Coroa tomou posse das terras monásticas, no valor de £ 120.000 (36 milhões de libras por ano). Mas Henrique teve de desvalorizar a moeda em 1526 e 1539, a fim de resolver os seus problemas financeiros e, apesar dos esforços dos seus ministros para reduzir os custos e desperdícios na Corte, Henrique morreu endividado. 
Moeda de prata do reinado de Henrique VIII, cunhada por volta de 1540, mostrando as armas esquartejadas da Inglaterra e da França.
Marinha inglesa
Juntamente com o Alfredo, o Grande e Carlos II, Henrique é tradicionalmente citado como um dos fundadores da Marinha Real. O seu reinado caracterizou-se por algumas batalhas navais e, mais significativamente, pelo grande investimento na construção naval (incluindo alguns espectaculares e grandes navios, tais como o Mary Rose), estaleiros (como o HMNB Portsmouth) e as inovações navais (como o uso do canhãoa bordo do navio - ainda os arqueiros estavam ainda implantados, em estilo medieval, como principal armamento do navio em navios de grande porte, ou co-armamento, onde os canhões foram usados). No entanto, de certa forma, isso é um equívoco, uma vez que Henrique não legou aos seus sucessores imediatos uma marinha, no sentido de uma organização formalizada com estruturas, mas apenas no sentido de um conjunto de navios. Isabel I ainda teve de forjar um conjunto de navios de propriedade privada para combater a Armada Espanhola (que consistia em cerca de 130 navios de guerra e navios mercantes convertidos) e do ex-formal sentido da marinha britânica moderna, a marinha Real, é em grande parte, um produto da rivalidade naval anglo-holandesa do século XVII. Ainda assim, o reinado de Henrique marcou o nascimento do poder naval inglês e foi um fator-chave na vitória da Inglaterra sobre a Armada Espanhola.
A rutura de Henrique VIII com Roma, podia provocar uma invasão francesa e espanhola de grande escala. Para se proteger contra isso, ele reforçou fortalezas de defesa costeira já existentes (como o Castelo de Dover e, também em Dover, o Moat Baluarte e o Archcliffe Fort, que visitou pessoalmente por alguns meses para supervisionar, como é comemorado na exposição moderna da torre de menagem do Castelo de Dover). Ele também construiu uma cadeia de novos "castelos" (na verdade, grandes bastiões e guarnecidos de armas de fogo) ao longo das costas sul e leste da Grã-Bretanha a partir de East Anglia até Cornwall, construída em grande parte do material obtido a partir da demolição dos mosteiros. Estes também eram conhecidos como os Device Forts de Henrique VIII.
                                              Mary Rose, mandado construir por Henrique VIII.
Títulos e armas
Henrique VIII foi o primeiro monarca inglês a utilizar regularmente o tratamento de "Majestade", embora as alternativas "Alteza" e "Graça" também fossem utilizados.
Foram feitas várias alterações ao tratamento real durante seu reinado. Henrique originalmente utilizou o título "Henrique o Oitavo, pela graça de Deus, Rei de Inglaterra, França e Lorde da Irlanda". Em 1521, por força de uma subvenção por parte de Papa Leão X, que o elogiou pelo livro de Henrique, Defesa dos Sete Sacramentos, atacando Martinho Lutero, o tratamento passou a ser "Henrique o Oitavo, pela graça de Deus, Rei da Inglaterra e da França, Defensor da Fé, e Lorde da Irlanda". Na sequência da excomunhão de Henrique, o Papa Paulo III rescindiu a concessão do título de "Defensor da Fé", mas uma lei do Parlamento declarou que ela permanecia válida, e ele continuou a usá-la, bem como todos os seus sucessores, até aos dias de hoje.
Em 1535, Henrique acrescentou a "frase de supremacia" para o tratamento real, que passou a ser "Henrique o Oitavo, pela graça de Deus, Rei da Inglaterra e da França, Defensor da Fé, Lorde da Irlanda e da Igreja da Inglaterra, Chefe Supremo na Terra". Em 1536, a frase "da Igreja da Inglaterra" mudou para "da Igreja da Inglaterra e também da Irlanda".
Em 1541, o Parlamento irlandês mudou o título de Henrique, de "Senhor da Irlanda" para "Rei da Irlanda", com o Ato da Coroa da Irlanda de 1542, depois de terem sido avisados de que muitos irlandeses, consideravam o Papa como o verdadeiro chefe do seu país, com o Senhor agindo como um mero representante. A razão pela qual os irlandeses consideravam o Papa como seu soberano era de que a Irlanda tinha inicialmente sido dada ao rei Henrique II da Inglaterra pelo Papa Adriano IV, no século XII como um território feudal submetido ao poder papal. A reunião do Parlamento irlandês que proclamou Henrique VIII da Irlanda foi o primeiro encontro em que participaram os chefes gaélico-irlandeses, bem como os aristocratas anglo-irlandeses. O tratamento "Henrique o oitavo, pela graça de Deus, Rei de Inglaterra, França e Irlanda, Defensor da Fé e da Igreja da Inglaterra e da Irlanda, também Chefe Supremo na Terra" permaneceu em uso até ao final do reinado de Henrique.
O lema de Henrique foi Loyal Coeur (Verdadeiro Coração) e ele tinha-o bordado nas suas roupas sob a forma de um símbolo de um coração com a palavra "fiel". O seu emblema era a Rosa de Tudor e a ponte levediça de Beaufort.
Como duque de York, Henrique usou as armas do seu pai (ou seja, as do reino), diferenciada por um rótulo de três pontas. Como rei, as armas de Henrique foram as mesmas usadas pelos seus predecessores, desde Henrique IV: Quartelado, três flores-de-lis de ouro sobre fundo azul (para a França) e três leões de ouro sobre fundo vermelho (para a Inglaterra).
                                              Escudo de Henrique como Duque de York.
Ascendência
16. Maredudd ap Tudor
8. Owen Tudor
17. Margarida ferch Dafydd
4. Edmundo Tudor, 1.º Conde de Richmond
18. Carlos VI de França
9. Catarina de Valois
19. Isabel da Baviera
2. Henrique VII de Inglaterra
20. João Beaufort, 1.º Conde de Somerset
10. João Beaufort, 1.º Duque de Somerset
21. Margaret Holland
5. Lady Margaret Beaufort
22. João de Beauchamp, 3.º Barão Beauchamp
11. Margaret Beauchamp of Bletso
23. Edite Stourton
1. Henrique VIII de Inglaterra
24. Ricardo de Conisburgh, 3.º Conde de Cambridge
12. Ricardo Plantagenet, 3.º Duque de York
25. Ana de Mortimer
6. Eduardo IV de Inglaterra
26. Ralph de Neville, 1.º Conde de Westmorland
13. Cecília Neville
27. Joana Beaufort, Ccondessa de Westmorland
3. Isabel de Iorque
28. Sir Ricardo Wydevill
14. Ricardo Woodville, 1.º Conde Rivers
29. Isabel Bodulgate
7. Isabel Woodville
30. Pedro I, Comte de Saint-Pol
15. Jacquetta do Luxemburgo
31. Margarida de Baux
Descendência
Com Catarina de Aragão (casamento de 11 de junho de 1509, anulação em 23 de maio de 1533; faleceu em 7 de janeiro de 1536.)
  1 Nome: Menina sem nome.
Nascimento: 31 de janeiro de 1510.
Falecimento: 31 de janeiro de 1510.
  2 Nome: Henrique, Duque da Cornualha.
Nascimento: 1 de janeiro de 1511.
Falecimento: 22 de fevereiro de 1511.
  3 Nome: Menino sem nome.
Nascimento: Novembro de 1513.
Falecimento: Novembro de 1513.
  4  Nome: Henrique, Duque da Cornualha.
Nascimento: Dezembro de 1514.
Falecimento: Dezembro de 1514.
  5 Nome: Rainha Maria I.
Nascimento: 18 de fevereiro de 1518.
Falecimento: 17 de novembro de 1558.
Notas: Casada em 1554 com Filipe II da Espanha; sem descendência.
  6 Nome: Menina sem nome.
Nascimento: 10 de novembro de 1518.
Falecimento: 10 de novembro de 1518.
Com Ana Bolena (casamento em 25 de janeiro de 1533, anulação em 1536; executada em 19 de maio de 1536.)
  1 Nome: Rainha Isabel I.
Nascimento: 7 de setembro de 1533.
Falecimento: 24 de março de 1603.
Notas: Nunca se casou, sem descendência.
  2 Nome: Henrique Tudor (II).
Nascimento: 1534.
Falecimento: 1534.
Notas: Os historiadores não sabem ao certo se o menino morreu no mesmo dia que nasceu ou se foi aborto. Tão pouco se sabe com certeza se foi realmente um menino.
  3 Eduardo Tudor (I).
Nascimento: 29 de janeiro de 1536.
Falecimento: 29 de janeiro de 1536.
Com Joana Seymour (casamento em 30 de maio de 1536; faleceu em 25 de outubro de 1537.)
  1 Rei Eduardo VI.
Com Ana de Cleves (casamento em 6 de janeiro de 1640, anulação em 1541; morreu em 17 de julho de 1557.)
Sem descendência.
Com Catarina Howard (casamento em 28 de julho de 1540, anulação em 1541; foi executada em 13 de fevereiro de 1542.)
Sem descendência.
Com Catarina Parr (casamento em 12 de julho de 1543, morreu em 5 de setembro de 1548.)
Sem descendência.
Com Isabel Blount (amante de Henrique.)
  1 Henrique Fritzroy, Duque de Richmond e Somerset.
Nascimento: 15 de junho de 1519.
Falecimento: 18 de junho de 1536.
Notas: Ilegítimo; casado em 1533 com Lady Maria Howard; sem descendência.
Com Maria Bolena (amante de Henrique e irmã de Ana Bolena.)
  1 Nome: Catarina Carey.
Nascimento: 1524.
Falecimento: 15 de janeiro de 1568.
Notas: Alguns historiadores dizem ser uma filha ilegítima de Henrique VIII.
  2 Nome: Henrique Carey, 1° Barão de Husdon.
Nascimento: 4 de março de 1524.
Falecimento: 23 de julho de 1596.
Notas: Alguns diziam ser um filho ilegítimo de Henrique VIII.
  3 Nome: Sir Tomas Stucley.
Nascimento: 1525.
Morte: 4 de agosto de 1578.
Notas: Alguns diziam ser um filho ilegítimo de Henrique VIII.
  4 Nome: Sir John Perrot.
Nascimento: 1527.
Falecimento: Setembro de 1592.
Notas: Alguns diziam ser um filho ilegítimo de Henrique VIII.
Com Joana Dybgley (amante de Henrique VIII.)
  1 Etheldreda Malte.
Nascimento: 1529.
Falecimento: 1555.
Notas: Alguns diziam ser um filho ilegítimo de Henrique VIII.
Na cultura popular
Henrique VIII tem inspirado ou sido mencionado em numerosas obras artísticas e culturais, desde meios de comunicação, obras de arte, representações na cultura popular, cinema e ficção.
Governo
Reinado: 21 de abril de 1509 - 28 de janeiro de 1547.
Coroação: 24 de junho de 1509.
Consorte(s): Catarina de Aragão (1509-1533), Ana Bolena (1533-1536), Joana Seymour (1536-1537), Ana de Cleves (1540), Joana Howard (1540-1542), Catarina Parr (1543-1547).
Antecessor: Henrique VII.
Sucessor: Eduardo VI.
Dinastia: Tudor.
Títulos: Cavaleiro da Ordem do Banho, Duque de York (1594-1509), Cavaleiro da Ordem da Jarreteira, Duque da Cornualha (1502-1509), Príncipe de Gales (1502-1509), Defensor da Fé.
Vida
Nascimento: 28 de junho de 1491, Palácio da Placentia, Greenwich, Inglaterra.
Morte: 28 de janeiro de 1547 (55 anos), Palácio de Withehall, Londres.
Sepultamento: Capela de Sã Jorge, Bershire, Inglaterra.
Pai: Henrique VII.
Mão Isabel de Iorque.
                                                Henrique VIII, por Hans Holbein, o Jovem, 1536.

Eduardo VI
Eduardo VI Tudor (12 de outubro de 1537 - 6 de julho de 1553) foi Rei de Inglaterra e da Irlanda de 28 de janeiro de 1547 até a sua morte. Foi o único herdeiro homem de Henrique VIII de Inglaterra a sobreviver à infância e nasceu do seu terceiro casamento com Joana Seymour. Foi o terceiro rei da Dinastia Tudor. Foi coroado aos nove anos de idade e é considerado o primeiro monarca Protestante da Inglaterra. Foi no seu reinado que se conformou a independência da Igreja Anglicana da Santa Sé e quando foi publicado pela primeira vez o Livro de Oração Comum.
Com a morte de Eduardo VI, uma disputa pela sucessão ao trono reabriu os conflitos religiosos. A protestante fervorosa e sua prima Lady Jane foi rainha por apenas nove dias; foi substituída por sua meia-irmã, a católica Maria e esta pela protestante moderada Isabel (chamada no Brasil de Elizabeth).
Índice
1 Primeiros anos
2 Início do reinado
3 Protetorado de Somerset
4 Protetorado de Warwick
5 Problema Sucessório
6 Morte
7 Na cultura popular
Primeiros anos
Eduardo nasceu no Palácio de Hampton Court, em Londres. Filho de Henrique VIII e sua terceira esposa, Jane Seymour. Doze dias após o parto sua mãe morreu de febre puerperal. Como primogênito do rei, Eduardo foi automaticamente nomeado Duque da Cornualha e como herdeiro ao trono foi também nomeado como Príncipe de Gales.
Na verdade, Eduardo não era o primeiro filho do rei, mas o primeiro filho homem. Ele tinha duas meia-irmãs mais velhas, Maria (filha de Henrique VIII com Catarina de Aragão) e Isabel (filha de Henrique VIII com Ana Bolena), que foram deserdadas pelo rei quando Eduardo nasceu. Anos mais tarde, Henrique VIII as colocou novamente na linha de sucessão porém atrás de Eduardo.
Até aproximadamente os seis anos de vida, Eduardo ficou aos cuidados de uma enfermeira e posteriormente aos cuidados de sua madrasta, a sexta esposa de Henrique VIII, Catarina Parr. Teorias dizem que Eduardo sofria de sífilis congênita. Devido à sua suposta fragilidade e à probabilidade de perder o herdeiro, Henrique VIII casa-se rapidamente de novo depois da morte da mãe de Eduardo. Porém, os três casamentos posteriores de Henrique VIII não produziram um herdeiro.
No entanto, a sua saúde não o impediu de educar-se da melhor maneira. Eduardo revelou-se num excelente aluno. Aos sete anos era fluente em Latim. Mais tarde aprendeu francês e grego, que traduzia com facilidade aos treze anos.
                                                                          Eduardo VI.
Início do reinado
Henrique VIII morreu em 28 de janeiro de 1547 quando Eduardo tinha apenas 9 anos. Seu testamento nomeou 16 tutores para agir como Conselho de Regência até a maioridade de Eduardo VI. Estes tutores eram auxiliados por 12 assistentes. Estes tutores eram todos inclinados à Reforma religiosa. O Conselho imediatamente apontou o tio materno de Eduardo, Eduardo Seymour (o Conde de Hertford) como Lorde Protetor (ou Lord Protector of the Realm and Governor of the King's Person) durante a menoridade de Eduardo. Pouco antes da morte de Henrique VIII, Seymour havia sido escolhido como o Duque de Somerset.
Eduardo foi coroado em 20 de fevereiro de 1547 na Abadia de Westminster. No dia 13 de março do mesmo ano, Eduardo VI criou um novo Conselho com 26 membros, conservando todos os tutores e assistentes anteriores com exceção de Thomas Wriothesley, Primeiro Conde de Southampton (que ficou como Lorde Chanceler) e Edward Seymour, Primeiro Duque de Somerset (que ficou como Lorde Protetor). O Duque de Somerset deveria agir sob a aprovação do Conselho mas ganhou o completo controle do governo depois de obter o poder de mudá-lo quando quisesse. Somerset, portanto, tornou-se no "verdadeiro govenador" da Inglaterra.
Protetorado de Somerset
Um dos primeiros atos de Somerset foi tentar unir a Inglaterra a Escócia. Em 1547 invadiu a Escócia. Em 1548, foi oficializada a promessa de casamento entre a futura Rainha da Escócia, Maria I com o herdeiro de França, o futuro Rei Francisco II. Essa aliança entre a Escócia e a França minou os planos ingleses, porque jamais o país se poderia opôr a uma aliança França-Escócia. Tendo o seu plano falhado, a posição política de Somerset tornou-se frágil.
Outra grande influência sobre Eduardo era o Arcebispo da Cantuária (ou Archbishop of Canterbury), Tomás Cranmer. Somerset e Cranmer começaram então a desenvolver o Protestantismo em Inglaterra, substituíndo os ritos católicos por novos, sem no entanto haver perseguições, por medo de represálias do continente maioritariamente católico. Em 1549, Cranmer publicou o primeiro Livro de Oração Comum. No mesmo ano, foi aprovado a Acta da Uniformidade estabelecendo o Livro de Oração Comum como único culto legal na Inglaterra que até então era feito em latim. A Acta de Uniformidade trouxe grande revolta, principalmente na Cornualha onde a língua era a córnica.
O Duque de Somerset recusou-se a alterar a Acta pois o inglês deveria ser a língua oficial da Igreja da Inglaterra. Protestos se intensificaram e um um exército foi armado com 3.000 homens que tentaram tomar a cidade de Exeter. A rebelião de 1549 causou a queda da popularidade de Somerset até mesmo entre o Conselho. A inflação e o custo da guerra causaram revoltas populares. Em 8 de agosto do mesmo ano, o Rei francês Henrique II declarou guerra à Inglaterra. A resposta de Somerset contra a oposição a seu Protetorado foi fugir. Entretanto, ele foi capturado por John Dudley (Conde de Warwick) e mandado para a Torre de Londres.
Eduardo Vi com seus tios, Eduardo Seymour e Thomas Seymour, e o Arcebispo da Cantuária , Thomas Cranmer.
Protetorado de Warwick
Com a queda de Somerset, John Dudley,o Conde de Warwick, se autoproclamou Lorde Presidente ao invés de Protetor. Ao contrário de Somerset, Warwick era um homem de ação e cheio de ambição em instalar um protestantismo inflexível e aumentar sua fortuna e poder.
O poder do Conde de Warwick (posteriormente nomeado Duque de Northumberland) foi acompanhado pela queda do catolicismo na Inglaterra. O uso do Livro de Oração Comum foi forçado com mais enfâse em todas igrejas, todos edições oficiais da Bíblia foram acompanhadas de anotações anti-católicas, os bispos fiéis a Roma foram substituídos por reformistas e começaram as perseguições e as execuções na fogueira.
Enquanto isso, Somerset que tinha concordado em submeter-se a Warwick, foi libertado da prisão e nomeado para o Conselho Privado, entrando em conflito aberto com Warwick. Tentando aumentar seu poder, Warwick convenceu ao rei em nomeá-lo Duque de Northumberland. O então recém nomeado Duque de Northumberland começou uma campanha de descrédito contra Somerset e manobrou evidências para o executá-lo por traição. Informou aos habitantes de Londres de que o Duque de Somerset pretendia destruir a cidade; a Eduardo contou que seu antigo tutor queria derrocá-lo, prendê-lo e tomar-lhe o trono. Em 1551 o Duque de Somerset foi julgado por crime de traição; foi condenado a morte e executado em janeiro de 1552.
Um dia após a execução de Somerset, o Parlamento aprovou a Acta de Uniformidade de 1552 adotando o segundo Livro de Oração Comum e condenando a prisão perpétua todos os culpados de adoração religiosa ilegal.
John Dudley, Conde de Warwick e Duque de Northumberland, liderou o Conselho de regeência após a queda de Somerset.
Problema Sucessório
Em 1553, Eduardo adoeceu de tuberculose e ficou óbvio que a doença era fatal. Começou-se então a preparar a sucessão.
Como a Inglaterra caminhava protestante na época, não havia nenhum desejo que o rei fosse sucedido pela irmã mais velha, a Princesa Maria, conhecida pelo seu catolicismo militante. Warwick tampouco desejava Isabel como rainha. A terceira na linha de sucessão seria Lady Frances Brandon. Frances Brandon era filha primogênita de Maria Tudor, irmã de Henrique VIII, e Charles Brandon. Esta também não era do agrado de Warwick pois este temia que o marido de Frances, o Duque de Surffolk Henrique Grey, reclamasse a coroa em seu favor.
Como alternativa sugerida por Warwick, escolheu Joana Grey que havia se casado com seu filho mais novo Guilford Dudley. Joana era filha de Frances Brandon, duchess of Suffolk, marchioness of Dorset e Henrique Grey, portanto neta de Maria Tudor, irmã de Henrique VIII e tinha sido educada como protestante. Foi feita uma acta escrita a mão pelo próprio rei Eduardo VI deixando Joana Grey como sua herdeira e excluíndo suas irmãs Maria e Isabel, alegando ilegitimidade das mesmas. No dia 11 de junho de 1553, os Conselheiros foram obrigados a aceitar seu rascunho. E a Frances Brandon, a Duquesa de Suffolk, concordou em renunciar em favor de Joana.
Morte
Eduardo VI morreu em 6 de julho de 1553, provavelmente de tuberculose e foi sepultado na Abadia de Westminster. Sua morte foi mantida em segredo por alguns dias até a preparação da sucessão de Joana Grey. No dia 10 de julho, Joana Grey foi declarada a nova rainha da Inglaterra, porém a população desejava Maria. No dia 19 de julho, Maria chegou triunfante a Londres e Joana foi obrigada a renunciar. Assim a sucessora de fato (ou na prática) foi Maria I de Inglaterra mas a de de jure (ou de lei, de direito ou na teoria) foi Joana Grey.
Governo
Reinado: 28 de janeiro de 1547 - 6 de julho de 1553.
Coroação: 20de fevereiro de 1547.
Antecessor: Henrique VIII.
Sucessor: Joana.
Títulos: Duque da Cornualha.
Vida
Nascimento: 12 de outubro de 1537, Hampton Court, Londres, Inglaterra.
Morte: 6 de julho de 1553 (15 anos), Palácio de Greenwich, Londres Inglaterra.
Sepultamento: Abadia de Westminster, Londres, Inglaterra.
Pai: Henrique VIII.
Mãe: Joana Seymour.
Assinatura:
                                                                Eduardo VI de Inglaterra.

Joana I

Joana Grey (em inglês: Jane Grey, também conhecida como Lady Jane Grey; 1537 - 12 de Fevereiro de 1554) foi Rainha de Inglaterra por cerca de nove dias em 1553, mas nunca foi coroada. Era filha de Henrique Grey, Duque de Suffolk e de Lady Frances Brandon, uma sobrinha-neta de Henrique VIII de Inglaterra (sua mãe era filha de Maria Tudor, irmã de Henrique VIII) por via feminina, de quem herdou a pretensão ao trono. Foi casada com Lord Guilford Dudley.
Joana subiu ao trono por desejo do Rei Eduardo VI, que a deixou como Rainha ao morrer e destronou suas duas meia-irmãs (Maria I e Isabel I). Porém Joana foi retirada do trono por Maria I e depois condenada e executada por traição.
Lady Joana teve uma reputação de uma das mulheres mais cultas da sua época.
Índice
1 Primeiros anos
2 Chegada ao trono
3 Execução
4 Na cultura popular
  4.1 Filmes
  4.2 Música
Primeiros anos
Joana nasceu em 1537 perto de Leicester, no seio de uma família aristocrata. Ela era filha mais velha de Henrique Grey, Duque de Suffolk e Marquês de Dorset, e Lady Frances Brandon. Frances Brandon era filha de Maria Tudor, irmã do rei Henrique VIII. Portanto, Joana era sobrinha-neta de Henrique VIII e prima de Eduardo VI. Ela tinha duas irmãs mais novas, Lady Catherine Grey (ou Catarina Grey) e Lady Mary Grey (ou Maria Grey). Elas receberam uma ótima educação desfrutando da influência dos Tudors.
Joana estudou latim, grego e hebraico. Através de seus professores-tutores ela se tornou devota protestante. O seu preceptor foi John Aymler da Universidade de Cambridge, que também foi responsável por parte da educação da futura rainha Isabel I de Inglaterra. Em 1546, Joana foi passar uma temporada com Catarina Parr, uma mulher considerada extremamente culta que foi a última esposa de Henrique VIII de Inglaterra. Após a morte de Henrique VIII, Catarina casou-se com Sir Thomas Seymour mas ela acabou falecendo em breve. Seymour tentou arranjar o casamento de Joana com seu sobrinho, o rei Eduardo VI, porém os planos não deram certo. Os irmãos Seymour foram acusados e executados por traição devido a ambição de John Dudley. Dudley negociou com a mãe de Joana seu casamento com o filho dele. Joana ficou alarmada com a hipótese de casar-se com alguém da família Dudley mas naquela época não havia muita chance de escolha. Em 15 de maio de 1553, Joana casou-se com Guilford Dudley, mas o casamento não foi consumado.
Chegada ao trono
Em 1553, o rei Eduardo VI de Inglaterra, de apenas 16 anos, estava para morrer e não tinha descendentes, sendo a opção mais directa a sua meia-irmã mais velha, a Princesa Maria. Maria fora educada como católica pela mãe Catarina de Aragão e era claramente contra a reforma introduzida na Igreja Anglicana. Politicamente, este seria um passo atrás e os conselheiros de Eduardo VI influenciaram-no para nomear outro herdeiro. No entanto, é importante lembrar que o desejo do pai de Eduardo era que Maria herdasse o trono do irmão, caso este não deixasse filhos, como ocorreu.
A escolhida do rei, influenciado por John Dudley e seus conselheiros, foi Joana Grey, que tinha a vantagem de ser jovem e e de ter tido uma educação protestante. Outro ponto favorável a Joana era o fato de John Dudley, Duque de Northumberland ser seu sogro. Nesse caso, Joana teria como consorte o filho do duque, Guilford.
Após a morte de Eduardo VI em 6 de julho de 1553, Joana foi proclamada rainha da Inglaterra e da Irlanda em 10 de julho do mesmo ano. John Dudley tentou prender Maria, mas ela refugiou-se no Castelo de Framlingham em Suffolk.
Maria não estava disposta a abdicar da sua pretensão e contava com o apoio da população por ser filha de Catarina de Aragão, que era ainda imensamente popular. Contava ainda com a simpatia e comoção do povo que acompanhou sua juventude e viu quando foi deserdada e separada da mãe pelo rei Henrique VIII.
Nove dias depois de Joana ser declarada a nova rainha da Inglaterra, em 19 de julho, Maria chegou a Londres triunfante. O Parlamento inglês, então, declarou Maria como Rainha da Inglaterra e revogou a coroação de Joana. John Dudley foi executado em 21 de agosto e Joana e seu marido foram feitos prisioneiros com a acusação de traição na Torre de Londres.
                                                                       Rosa de Tudor.
Execução
Joana junto a Guildford Dudley foram julgados por alta traição. Seu julgamento começou em 13 de novembro de 1553 no Guildhall na City de Londres. Uma comissão foi instaurada com a lideração do Lord Mayor of London (ou o "prefeito de Londres") da época, Sir Thomas White. Nesta altura, Maria parecia inclinada a perdoar a prima e chegou a enviar-lhe o seu confessor, numa tentativa de a converter à fé católica.
No entanto, em janeiro de 1554, começou uma revolta popular contra Maria organizada por Thomas Wyatt por causa do iminente casamento de Maria I com o católico Filipe II de Espanha. Joana Grey não estava relacionada com esta rebelião, nem era a sua beneficiária, mas foi presa novamente. Alguns nobres, incluindo o pai de Joana, juntaram-se a rebelião pedindo a restauração desta como rainha. Filipe II de Espanha insistiu na execução de Joana por considerá-la uma ameaça potencial.
No dia 12 de fevereiro de 1554, Guilford foi executado em praça pública. Joana Grey recebeu uma execução privada no mesmo dia na Torre de Londres. A execução privada foi ordem de Maria, como um gesto de respeito à prima.
Joana foi executada aos 16 anos e enterrada junto a Guilford na Capela Real de São Pedro ad Vincula. No dia 19 de fevereiro o pai de Joana, Henrique Grey, foi executado por traição.
                                              A execução de Joana Grey por Paul Delaroche.
Na cultura popular
Filmes
Lady Jane, filme de 1986 com Helena Bonham Carter.
Música
A música "Lady Jane" dos Rolling Stones foi inspirada em Joana Grey.
Governo
Reinado: 10 de julho de 1553 - 19 de julho de 1553.
Consorte: Lorde Guilford Dudley.
Antecessor: Eduardo VI.
Sucessor: Maria I.
Dinastia: Tudor.
Vida
Nascimento: 1537, Bradgate, Leincestershire, Inglaterra.
Morte: 12 de fevereiro de 1554 (17 anos), Torre de Londres (executada).
Sepultamento: Capela Real de São Pedro ad Vincula, Torre de Londres.
Filhos: Sem filhos.
Pai: Henrique Grey.
Mãe: Lady Frances Brandom.
                                              Lady Jane Grey pelo artista Willem van de Passe.

Maria I
Maria I de Inglaterra (18 de Fevereiro de 1516 - 17 de Novembro de 1558) oriunda da casa de Tudor, foi Rainha de Inglaterra e da Irlanda, desde 19 de Julho de 1553 até à sua morte. É lembrada pela sua tentativa de restabelecer o catolicismo como religião oficial, depois do movimento protestante iniciado nos reinados anteriores. Para tal mandou perseguir e executar cerca de 300 alegados heréticos, o que lhe valeu o cognome Bloody Mary (Maria, a Sanguinária) apelido esse que é tido como injusto por maioria dos historiadores. Muitas das suas iniciativas políticas nesta esfera foram no entanto abandonadas pela sua sucessora e irmã Isabel I.
Índice
1 Primeiros anos
2 Ascensão ao trono
3 Reinado
4 Casamento e revolta e wyatt
5 Morte e legado
6 Na cultura popular
Primeiros anos
Maria foi a quinta criança nascida do primeiro casamento de Henrique VIII de Inglaterra com Catarina de Aragão e a única a atingir a idade adulta. Nasceu no palácio de Greenwich e foi batizada poucos dias depois tendo o Cardeal Thomas Wolsey como padrinho. Durante a infância, Maria mostrou ser uma criança precoce, herdando o talento artístico de seu pai e inteligência de sua mãe, porém de saúde frágil, com má visão e propensa a fortes enxaquecas. O pai concedeu-lhe a sua própria corte no Castelo de Ludlow e várias prerrogativas normalmente atribuídas ao Príncipe de Gales. A educação de Maria ficou a cargo da sua mãe e de Margarida, Condessa de Salisbury (filha de Jorge, Duque de Clarence), uma das mulheres mais cultas do seu tempo. A princesa aprendeu latim, castelhano, francês, italiano, grego, ciências, teologia e música. Aos quatro anos era já uma intérprete de harpa e alaúde, capaz de entreter uma plateia de espectadores. A questão do seu casamento foi motivo de manobras e negociações diplomáticas desde muito cedo. Entre os seus pretendentes, volúveis, de acordo com os interesses políticos do pai, contaram-se: Francisco, Duque da Bretanha e herdeiro de Francisco I de França, o seu irmão mais novo e futuro Henrique II, o próprio Francisco I e o imperador Carlos V do Sacro-Império.
Entretanto, o casamento dos seus pais encontrava-se em crise. Desde 1527, Henrique VIII procurava a sua anulação, com o objectivo de casar com Ana Bolena, que parecia mais apta para produzir um filho varão. Todos os apelos para Roma falharam, não deixando a Henrique outra alternativa senão o decreto unilateral da anulação. No início de 1533, Thomas Cranmer, Arcebispo da Cantuária, declarou o casamento com Catarina de Aragão inválido, tornando legítimo o recente casamento com Ana Bolena. Para evitar um apelo de Catarina ao Papa, a Inglaterra cortou relações com o Vaticano e Henrique VIII foi declarado chefe na nova Igreja Anglicana. Para Maria, estes eventos tiveram consequências drásticas. De princesa de Inglaterra e herdeira da coroa, passou a ser considerada filha ilegítima com direito apenas ao tratamento de Lady Maryou Lady Maria. Com a dissolução da corte de Ludlow, Maria tornou-se aia da sua irmã recém nascida Isabel. Foi ainda afastada da sua mãe, proibida de a visitar e, em 1536, de assistir ao seu funeral. Esse tratamento a traumatizou fortemente e foi interpretado como injusto na Inglaterra e no resto da Europa, contribuíndo para a crescente impopularidade de Ana Bolena,
Com a queda de Ana Bolena em 1536, também Isabel foi declarada ilegítima, juntando-se a Maria na condição de ex-princesa. Joana Seymour, a madrasta seguinte, deu à luz ao tão desejado herdeiro: o futuro Eduardo VI de Inglaterra, afastando definitivamente, ao que parecia, Maria e Isabel como herdeiras do trono. A última mulher de Henrique VIII, Catarina Parr, conseguiu reconciliar o rei com as filhas e, em 1544, apesar de ilegítimas, Maria e Isabel foram reconhecidas pelo Parlamento como segunda e terceira na linha de sucessão. Para o fim da vida de Henrique VIII, a maioria dos privilégios de Maria foi restabelecida em troca do reconhecimento do rei como chefe da Igreja Anglicana: no entanto, ela recusou sempre converter-se e permaneceu sempre fiel à fé católica.
No reinado do irmão Eduardo VI, o Parlamento aprovou o Acto de Uniformidade, que abolia os rituais católicos em favor do novo serviço protestante. Maria pediu então escusa para assistir à missa católica, o que lhe foi recusado. Sem desistir, apelou a Carlos V, que ameaçou guerra com Inglaterra se fosse desrespeitada a liberdade religiosa de Maria. Eduardo VI e os seus regentes cederam e permitiram-lhe assistir aos serviços que desejasse, desde que fosse em privado, entretanto seu relacionamento com o rei não foi mais o mesmo e ela foi banida da corte do irmão por sua crença.
Ascensão ao trono
Eduardo VI morreu em 1553, enquanto Maria se encontrava ausente de Londres. O seu testamento excluía Maria e Isabel da sucessão, privilegiando Joana Grey, bisneta de Henrique VII de Inglaterra por via feminina e nora do Duque de Northumberland, o regente e conselheiro de Eduardo VI. Estas disposições contrariavam o Acto de Sucessão de 1544, que determinava que Maria deveria suceder a Eduardo, caso este morresse sem descendência. No entanto, Joana Grey foi proclamada rainha a 9 de Julho, apesar da forte contestação popular.
Maria sempre fora estimada pelo povo pelo tratamento injusto que sofrera e contava com o apoio de alguns nobres, até mesmo de alguns protestantes fiéis a dinastia Tudor. Apenas nove dias depois, o Parlamento revogava o testamento de Eduardo VI, considerado feito sob coerção, e declarava Maria Rainha de Inglaterra e da Irlanda. A nova monarca entrou em Londres a 3 de Agosto, acompanhada pela irmã Isabel, e de sua amiga Ana de cleves sob aclamação popular.
Maria foi coroada rainha na Abadia de Westminster a 1 de Outubro de 1553. O serviço foi efectuado pelo Bispo de Winchester, Stephen Gardiner, e não pelo Arcebispo da Cantuária, visto que o último era Protestante.
Reinado
O primeiro Ato do Parlamento sob a direcção de Maria foi validar retroativamente o casamento de Henrique VIII de Inglaterra com Catarina de Aragão, repondo assim a sua legitimidade.
Uma de suas ações foi mandar executar o Duque de Northumberland, que planejara o golpe. Depois, remodelou o leque de conselheiros reais, afastando todos os aliados de Northumberland. Joana Grey, o seu pai, o Duque de Suffolk e o marido Guilford Dudley foram presos mas libertados pouco depois.
A Inglaterra se encontrava em grande corrupção, a rainha chocada com tamanhos desvios ordenou a diminuição das despesas da casa real. Maria reduziu os impostos, a redução deixou a renda mais baixa que a despesa, então a rainha criou direitos aduaneiros sobre a importação de fazendas e taxou a importação de vinhos franceses. Entretanto as medidas que pretendiam ajudar aos mais pobres, provocaram a retração comercial. Maria criticou a Alta Burguesia (comerciantes ricos) por pagar baixos salários aos seus empregados, e proibiu terminantemente o salário em espécie. Porém a monarca não estava cercada de bons elementos e muitas de suas ordens não chegaram a ser cumpridas. Maria emitiu moedas de prata finas e planejou uma planta para retirar as moedas rebaixadas que vieram a ser usufruídas em 1560-61, no reinado de sua irmã Isabel Tudor, também incluiu um novo livro das taxas foi introduzido no fim de seu reinado em 1558.
Maria também teve um grande trabalho na via diplomática, em seu reinado, a Rússia entrava em contato com a Inglaterra. A rainha pela primeira vez recebeu em sua corte o embaixador russo Osep Nepeja. Em 1555, uma carta patente foi emitida à Muscovy company que dava direito de trocas exclusivas na região, expedições adicionais foram feitas em 1556, em 1568 e em 1580. Ainda nesse ramo, novas rotas de comércio para o pano inglês foram abertas em África - especialmente em Marrocos, que forneceu o açúcar e o salitre, e na Guiné, uma fonte de ouro.
Como uma Monarca da dinastia Tudor, as artes continuaram a ter grande destaque em seu reinado, Maria patrocinou artistas como Thomas Tallis e John Sheppard, Willian Roper genro de Thomas Morus escreveu uma biografia sobre seu sogro no reinado de Maria I (Music review) ligação externa.
Casamento e revolta de wyatt
Como a primeira mulher a ser coroada rainha na Inglaterra, Maria teve que lidar com o assuntos referente ao matrimônio, que lhe daria um herdeiro, continuando a dinastia. Como primeira reação, de acordo com Judith Richards em seu artigo: "Mary Tudor as Sole Quene". Maria negou, dizendo que já havia se casado com a Inglaterra, tal visão é apenas mostrada pela parte de Isabel, entretanto sua irmã, também negou a proposta de casamento. Contudo acabou aceitando a hipótese, de início parecia inclinada em aceitar Eduardo Courtenay, Conde de Devon, mas mudou de ideia quando o Imperador Carlos V sugeriu o seu filho único, o Príncipe Filipe. Tanto o Parlamento como os seus principais conselheiros imploraram que reconsiderasse a decisão, receando a perda de independência de Inglaterra face à temida Espanha católica. Maria manteve-se firme, o que iniciou uma onda de protestos populares que ameaçava revolução. O Duque de Suffolk decidiu tomar uma atitude e aliciou Isabel com a coroa, suportado pela revolta popular de Thomas Wyatt. A tentativa foi esmagada. Wyatt e Suffolk foram executados, Joana Grey também foi executada com muito pesar por parte da rainha. Após a revolta de Wyatt, a rainha mudou sua política, o conselho de Maria havia lhe urgido para que largasse a política de clemência e começasse a agir. A Princesa Isabel, como beneficiária da manobra, tornou-se num alvo de suspeita e foi presa na Torre de Londres, entretanto nada foi provado sobre o envolvimento da princesa. Filipe de Espanha exigiu primeiramente que fosse executada para eliminar futuras conspirações, mas Maria recusou assinar a ordem e em vez disso expulsou-a da corte, sob prisão domiciliar, mais tarde Filipe mudaria sua política com Isabel, já que a veria como uma possível esposa.
Maria e Filipe se casaram a 25 de Julho de 1554 na Catedral de Winchester. Nos termos do contrato, Filipe passou a ser designado como Rei consorte da Inglaterra. O seu casamento com um herdeiro estrangeiro e católico marcou o fim da popularidade da rainha junto dos ingleses orgulhosos da sua independência. Maria, no entanto, ficou extremamente feliz com a união e apaixonou-se pelo marido onze anos mais novo. Em Novembro de 1554, julgou-se grávida e mandou rezar uma acção de graças pelo facto, mas pouco tempo depois as esperanças desmoronaram. Tinha sido apenas uma gravidez psicossomática. Ao fim de cerca de catorze meses em Inglaterra, Filipe decidiu regressar a Espanha, frustrado pelo fato de Maria e seu parlamento não o deixarem governar a Inglaterra e que, ao contrário de Maria, não encontrava nenhum interesse na esposa.
A rainha dedicou-se então ao seu projecto pessoal de reverter a ruptura com Roma estabelecida pelo pai e o estabelecimento do protestantismo estabelecido pelo irmão Eduardo VI. Sua política primária de tolerância com protestantes havia sido quebrada após a revolta de Wyatt. Reginald Pole, um cardeal católico, foi nomeado conselheiro pessoal e Arcebispo da Cantuária. Juntos aboliram as reformas religiosas de Eduardo VI e deram início ao que ficou conhecido como as perseguições marianas. Nos três anos seguintes cerca de 300 pessoas foram queimadas na fogueira por heresia incluindo Thomas Cranmer (ex Arcebispo da Cantuária), Nicholas Ridley (ex-bispo de Londres) e o reformista Hugh Latimer. Estes actos, dos quais Maria não foi a única responsável moral, valeram-lhe o cognome Bloody Mary e uma crescente impopularidade junto dos ingleses. A rainha disse para seu amigo Pole, que "A punição dos hereges, deve ser feita sem pressa, deve, entretanto, aplicar a justiça para aqueles que, pela inteligência, procuram iludir as almas simples." Nos reinados seguintes, a sua memória foi vilipendiada, em parte como propaganda religiosa protestante. John Foxe escreveu um livro intitulado The Actes and Monuments of these latter and perilous Dayes, touching matters of the Church, wherein are comprehended and described the great Persecution and horrible Troubles that have been wrought and practised by the Romishe Prelates, Epeciallye in this Realme of England and Scotland, from the yeare of our Lorde a thousande to the time now present, abreviadamente The Book of Martyrs, onde basicamente transformava Maria numa vilã.
Filipe regressou à Inglaterra em 1557, depois de ter herdado a coroa de Espanha e o controle dos Países Baixos pela abdicação do seu pai, com o objectivo de convencer Maria a entrar numa guerra contra França. Maria confusa concordou, apesar da forte objecção popular, e, em resultado, as tropas inglesas foram derrotadas e a Inglaterra perdeu a posse de Calais, a última relíquia das possessões continentais inglesas, que em tempos já haviam incluído a Normandia e Aquitânia. Em resultado desta visita, Maria sofreu ainda uma última gravidez psicológica e chegou a ditar um testamento onde nomeava Filipe regente de Inglaterra durante a menoridade do herdeiro inexistente.
                                                  Princesa Maria em 1554, por Antonius Mor.
                                               Maria I de Inglaterra e Filipe II de Espanha.
Morte e legado
Em seus últimos dias Maria estava deprimida pelo abandono do marido, possíveis conspirações de sua irmã e sua baixa popularidade, passava horas e horas com os joelhos perto do queixo e andava pela corte como um fantasma.
Maria morreu em Novembro de 1558, provavelmente de câncer no útero ou nos ovários, e foi sucedida pela sua irmã a princesa Isabel, que acreditava ter conseguido converter ao Catolicismo. Foi sepultada na Abadia de Westminster, onde, mais tarde, Isabel juntar-se-lhe-ia. Na inscrição da sua tumba comum lê-se Parceiras no Trono e Sepultura, aqui descansam duas irmãs, Maria e Isabel, na esperança de uma ressurreição. conjunta.
Maria certamente é uma figura trágica, tinha uma infância dourada, até que os atos de seu próprio pai a traumatizaram profundamente. Tem uma má fama devido a propaganda protestante, já que ela foi uma rainha católica, entretanto seus atos não foram mais ou menos cruéis do que os de seu pai Henrique VIII e irmãos Eduardo VI e Isabel I. Definitivamente há muito mais no reinado de Maria Tudor do que as perseguições pelas quais ela é tão julgada, ela deu sequência a um trabalho que seria concluído brilhantemente por sua irmã depois dela.
O historiador Will Duran se refere a Maria I: "Em relação a Maria I, pode-se dizer algumas palavras complacentes. Dor, doença e muitas injustiças sofridas deformaram seu espírito. Sua clemência deu origem à crueldade só depois que conspirações tentaram retirar a sua coroa. Seguiu o conselho da igreja de confiança, que tinha sofrido perseguições e buscava vingança. Ao final, penso eu, com as performances, estava cumprindo suas obrigações para com a religião que ela amava como uma razão para sua própria vida. Ela não merece o apelido de "Blood Mary", a menos que o adjetivo seja aplicado a todos de seu tempo; adjetivo que resume o caráter de forma errada, já que havia muito amor. Embora pareça estranho, é notável que ela tem tomado a frente o trabalho do pai [Henry VIII], para separar a Inglaterra de Roma. Ela mostrou ao país que era ainda da igreja católica a pior característica que era servida. Quando ela morreu, a Inglaterra estava mais preparada do que nunca para aceitar a nova fé que ela se esforçou para destruir."
Na cultura popular
Filmes:
  • Jeanne Delvair na de 1917 adaptação da ópera de Victor Hugo Marie Tudor
  • Françoise Christophe no filme Marie Tudor de 1966
  • Inge Keller é Maria I na adaptação alemã da obra de Victor Hugo "In die Liebe und die Königin"
  • Jane Lapotaire em "Lady Jane" de 1986, estrelado por Helena Bonham-Carter como Jane Grey.
  • No filme independente "The Twisted Tale of Bloody Mary" de 2008 é interpretada por Miranda French
Séries:
  • Em As seis esposas de Henrique VIII de 1971 é interpretada por Verina Greenlaw no episódio Catarina de Aragão e Alison Frazer no episódio Jane Seymour e Catarina Parr
  • Na série do mesmo ano, ELIZABETH R, Daphne slater interpreta Maria I no primeiro episódio, "The Lion's Cub". Considerado uma das representações mais fiéis da rainha.
  • Na série "The Virgin Queen" de 2005 é intepretada por Joanne Whalley
  • Na série 'The Tudors" Bláthnaid McKeown vive a pequena Maria na primeira temporada e na seguintes Sarah Bolger interpreta a jovem adulta princesa Maria.
Óperas:
  • MARIE TUDOR de Victor Hugo
  • Maria Tudor de Carlos Gomes
Governo
Reinado: 19 de julho de 1553 - 17 de novembro de 1558.
Coroação: 1 de outubro de 1553.
Consorte: Filipe II de Espanha.
Antecessor: Joana Grey.
Sucessor: Isabel I.
Dinastia: Tudor.
Títulos: Rainha Consrte de Espanha.
Vida
Nascimento: 18 de fevereiro de 1516, Greewish. Londres, Inglaterra.
Morte: 17 de novembro de 1558 (42 anos), St. James, Londres. Inglaterra.
Sepultamento: Abadia de Westminster, Londres, Inglaterra.
Pai: Henrique VIII.
Mãe: Catarina de Aragão.
                                                                           Maria I.

Isabel I
Isabel I (Greenwich, 7 de setembro de 1533 — Richmond, 24 de março de 1603), também conhecida sob a variante Elisabete I ou Elizabeth I, foi Rainha da Inglaterra e da Irlanda desde 1558 até à sua morte. Também ficou conhecida pelos nomes de A Rainha VirgemGloriana e Boa Rainha Bess. Filha de Henrique VIII, Isabel nasceu como princesa, mas a sua mãe, Ana Bolena, foi executada dois anos e meio depois do seu nascimento e Isabel foi declarada bastarda. Mais tarde, seu meio-irmão, Eduardo VI, deixou a coroa a Lady Jane Grey, excluindo as suas irmãs da linha de sucessão. No entanto, o seu testamento foi rejeitado, Lady Jane Grey foi executada e, em 1558, Isabel sucedeu à sua meia-irmã católica, Maria I, depois de passar quase um ano presa por suspeita de apoiar os rebeldes protestantes.
Isabel decidiu que reinaria com bons conselheiros, dependendo fortemente de um grupo de intelectuais de confiança liderado por William Cecil, barão Burghley. Uma das suas primeiras acções como rainha foi apoiar o estabelecimento da igreja protestante inglesa, da qual se tornou governadora suprema. Este Acordo Religioso Isabelino manteve-se firmemente durante o seu reinado e desenvolveu-se, tornando-se naquela que é conhecida hoje como a Igreja de Inglaterra. Era esperado que Isabel se casasse, mas apesar de vários pedidos do parlamento e de numerosas cortes feitas por vários membros de casas reais por toda a Europa, ela nunca o fez. As razões para esta decisão já foram muito debatidas. À medida que envelhecia, Isabel tornou-se famosa pela sua virgindade, criando um culto à sua volta que foi celebrado nos retratos, festas e literatura da época.
Seu reinado é conhecido por Período Elisabetano (ou Isabelino) ou ainda Era Dourada. Foi um período de ascensão, marcado pelos primeiros passos na fundação daquilo que seria o Império Britânico, e pela produção artística crescente, principalmente na dramaturgia, que rendeu nomes como Christopher Marlowe e William Shakespeare. No campo da navegação, o capitão Francis Drake foi o primeiro inglês a dar a volta ao mundo, enquanto na área do pensamento Francis Bacon pregou suas ideias políticas e filosóficas. As mudanças se estendiam à América do Norte, onde se deram as primeiras tentativas de colonização, que resultaram em geral em fracassos.
Isabel era uma monarca temperamental e muito decidida. Esta última característica, vista com impaciência por seus conselheiros, frequentemente a manteve longe de desavenças políticas. Assim como seu pai, Henrique VIII, Isabel gostava de escrever, tanto prosa quanto poesia.
Seu reinado foi marcado pela prudência na concessão de honrarias e títulos. Somente oito títulos maiores: um de conde e sete de barão no reino da Inglaterra, mais um baronato na Irlanda, foram criados durante o reinado de Isabel. Isabel também reduziu substancialmente o número de conselheiros privados, de trinta e nove para dezenove. Mais tarde, passaram a ser apenas catorze conselheiros.
A colónia inglesa da Virgínia (futuro estado americano, após a independência dos EUA), recebeu esse nome em homenagem a Isabel I.
Índice
1 Primeiros anos
2 Tomás Seymour
3 Reinado de Maria I
4 Ascensão
5 Estabelecimento da Igreja
6 Questão do casamento
  6.1 Lord Robert Dudley
  6.2 Aspectos políticos
7 Maria dos Escoceses
  7.1 Maria e a causa católica
8 Guerra e comércio estrangeiro
  8.1 Expedição aos Países Baixos
  8.2 A armada espanhola
  8.3 Apoio a Henrique IV de França
  8.4 Irlanda
  8.5 Rússia
  8.6 Estados berbéricos, Império Otomano e Japão
9 Últimos anos
10 Morte
11 Legado
  11.1 Teatro isabelino
12 Isabel I na cultura popular
Primeiros anos
Isabel era a única filha viva do rei Henrique VIII com sua segunda esposa, Ana Bolena, marquesa de Pembroke, com quem casou secretamente, estima-se, entre o inverno de 1532 e janeiro do ano seguinte. Nasceu no quarto das virgens, no palácio de Greenwich a 7 de setembro de 1533, entre as três e as quatro da tarde e recebeu o nome em honra das suas duas avós, Isabel de Iorque e Isabel Howard. Foi a segunda filha do rei a sobreviver até à infância e que tinha nascido dentro de um casamento. Quando nasceu, Isabel era herdeira presumível do trono de Inglaterra, visto que a sua meia-irmã mais velha, a princesa Maria, tinha perdido a sua posição como herdeira legitima quando Henrique anulou o seu casamento com a mãe desta, Catarina de Aragão, para se poder casar com Ana. O rei Henrique VIII queria desesperadamente um filho homem legitimo para garantir a sucessão da Casa Tudor. Ana tinha sido coroada com a coroa de São Eduardo, ao contrário de qualquer outra rainha-consorte, quando estava grávida de Isabel. A historiadora Alice Hunt sugeriu que tal aconteceu porque a gravidez de Ana era já visível na altura da coroação e era assumido que o seu filho seria um herdeiro masculino. Isabel foi baptizada no dia 10 de Setembro numa cerimónia no Palácio de Greenwich. Os seus padrinhos foram o arcebispo Thomas Cranmer, o marquês de Exeter, a duquesa de Norfolk e a marquesa-viúva de Dorset. Depois do nascimento de Isabel, a rainha Ana não conseguiu dar à luz um herdeiro masculino, sofrendo pelo menos dois abortos, um em 1534 e outro no início de 1536. No dia 2 de Maio de 1536 foi presa. Acusada de adultério, incesto e bruxaria, foi apressadamente condenada e decapitada no dia 19 de Maio de1536.
Isabel, que tinha dois anos e oito meses de idade na altura, foi declarada ilegítima e perdeu o título de princesa. Onze dias depois da morte de Ana Bolena, Henrique casou-se com Jane Seymour, que morreu doze dias depois do nascimento do filho de ambos, o príncipe Eduardo. Isabel foi colocada na casa de Eduardo e levou o manto baptismal no seu baptizado.
A primeira tutora de Isabel foi Margaret, Lady Bryan, uma baronesa que Isabel chamava de "Muggie". Lady Bryan disse que a sua pupila era "como criança, a mais gentil que alguma vez conheci na vida". No Outono de 1537, Isabel estava sob os cuidados de Blanche Herbert, Lady Troy, que foi sua governanta até à sua reforma em finais de 1545 ou inícios de 1546. Catherine Champernowne, mais conhecida pelo seu nome de casada, Catherine "Kat" Ashley, foi nomeada como governanta de Isabel em 1537 e foi sua amiga próxima até à sua morte em 1565, quando Blanch Parry a sucedeu como Camareira Mor dos Aposentos Privados". É bastante claro que fez um bom trabalho com a educação inicial de Isabel: quando William Grindal se tornou seu tutor em 1544, Isabel já sabia escrever em inglês, latim e italiano. Com Grindal, um tutor talentoso e hábil, também fez grandes progressos com francês e latim. Também se diz que sabia falar língua córnica. Após a morte de Grindal em 1548, Isabel passou a ter as suas lições com Roger Ascham, um professor complacente que acreditava que a aprendizagem devia ser cativante. Quando a sua educação formal terminou em 1550, Isabel era a mulher com a melhor educação da sua geração.
                                                                 Isabel cerca de 1546.
Tomás Seymour
Henrique VIII morreu em 1547, quando Isabel tinha treze anos, e foi sucedido pelo meio-irmão dela Eduardo VI. Catherine Parr, a última esposa de Henrique, casou-se pouco depois com Tomás Seymor de Sudeley, tio de Eduardo VI e irmão do Lord Protector, Eduardo Seymour, duque de Somerset. O casal levou Isabel para a sua casa em Chelsea. Foi aí que Isabel passou por uma crise emocional que alguns historiadores acreditam que a afectou para o resto da vida. Seymour, que apesar de ter quase quarenta anos, continuava a ter charme e "uma poderosa atracção sexual", começou a ter brincadeiras e a andar de cavalo com Isabel, de catorze anos. Algumas destas brincadeiras incluiam entrar no quarto dela vestido com a sua camisa de dormir, fazer-lhe cócegas e dar-lhe palmadas nas nádegas. Catherine Parr, em vez de censurar o marido pelas suas brincadeiras inadequadas, juntou-se a ele. Por duas vezes juntou-se a ele a fazer cócegas a Isabel e uma vez segurou-a enquanto ele lhe destruía o vestido preto "em mil pedaços". Contudo, quando Catherine descobriu o par abraçado, acabou com a situação. Em Maio de 1548, Isabel foi mandada embora.
Seymour continuou a conspirar para controlar a família real. Quando Catherine Parr morreu de febre puerperal depois de dar à luz no dia 5 de Setembro de 1548, Tomás voltou a centrar as suas atenções em Isabel, tendo como intenção casar-se com ela. Os pormenores sobre o seu comportamento com Isabel surgiram durante um interrogatório feito a Catherine Ashley e a Thomas Parry, o chefe da corte de Isabel. Para o rei e para o conselho, esta foi a última gota, e em Janeiro de 1549, Seymoure foi preso sob suspeita de se querer casar com Isabel e retirar o seu irmão do trono. Isabel, que estava a viver em Hatfield House, não admitiu nada. A sua teimosia exasperou o seu interrogador, Sir Tyrwitt, que disse: "Consigo ver-lhe no rosto que é culpada". Seymour foi enforcado no dia 20 de Março de 1549.
Reinado de Maria I
Em 1553, Eduardo morria com quinze anos, deixando um testamento que substituía o de seu pai. Contrariando o Ato da Sucessão de 1544, o documento excluía Maria e Isabel da sucessão ao trono e declarava Lady Jane Grey sua herdeira. Lady Jane ascendeu ao trono, mas foi deposta nove dias depois. Apoiada pelo povo, Maria entrou triunfante em Londres, com a meio-irmã Isabel a seu lado.
O espectáculo de solidariedade entre as irmãs não durou muito. Maria, a primeira rainha reinante indisputável do país, estava determinada a destruir a fé protestante na qual Isabel tinha sido educada e ordenou a todos que fossem à missa. Entre estas pessoas encontrava-se Isabel que teve de se conformar em público. A popularidade inicial de Maria esmoreceu quando se descobriu que esta tinha planos para se casar com o príncipe Filipe de Espanha, filho do imperador Carlos V. Começou a espalhar-se o descontentamento entre a população e muitos proclamaram Isabel como símbolo de oposição às políticas religiosas de Maria. Em Janeiro e Fevereiro de 1554 rebentaram rebeliões (conhecidas como a Rebelião de Wyatt) em várias regiões de Inglaterra e do País de Gales, lideradas por Thomas Wyatt.
Após o colapso da rebelião, Isabel foi levada para a corte e interrogada. No dia 18 de Março foi presa na Torre de Londres, onde Lady Jane Grey tinha sido executada no dia 12 de Fevereiro anterior para dissuadir os rebeldes. Aterrorizada, Isabel jurou fervorosamente a sua inocência. Apesar de ser improvável que tivesse conspirado com os rebeldes, sabe-se que alguns deles a abordaram. O confidente mais chegado de Maria, Simon Renard, embaixador de Carlos V, era a favor da ideia de que o trono nunca estaria a salvo enquanto Isabel estivesse viva e o chanceler, Stephen Gardiner, fez os possíveis para a levar a julgamento. Maria tentou remover Isabel da linha de sucessão, mas o parlamento, que tinha muitos apoiantes de Isabel, incluindo Lord Paget, não permitiu. Após dois meses na torre, Isabel foi posta em prisão domiciliar sob a guarda de Sir Henry Bedingfield. No caminho da prisão para casa, Isabel foi aclamada por multidões nas ruas.
No dia 17 de Abril de 1555, quando Maria pensava estar grávida, foi permitido a Isabel retornar à corte com o consentimento do próprio Filipe, já que este se preocupava com a possibilidade de que, no caso da morte da sua esposa durante o parto, esta fosse sucedida por Maria Stuart, que acabou por se tornar rainha da Escócia, por esta estar casada com o delfim de França, inimiga de Espanha. Quando se tornou claro que Maria não estava grávida, todos deixaram de acreditar que fosse possível a rainha alguma vez ter filhos. A sucessão de Isabel ao trono parecia assegurada. Até Filipe, que se tornou rei de Espanha em 1556, reconheceu esta nova realidade política. Quando a sua esposa adoeceu em 1558, Filipe mandou o conde de Feria consultar Isabel. Esta conversa teve lugar em Hatfield House, onde a futura rainha tinha voltado a morar em Outubro de 1555. Em Outubro de 1558, Isabel já estava a fazer planos para o seu governo. No dia 6 de Novembro, Maria reconheceu Isabel como sua herdeira legitima. Onze dias depois Isabel sucedeu ao trono, quando Maria morreu no Palácio de St. James no dia 17 de Novembro de 1558.
                                                             Maria I, meia-irmã de Isabel.
Ascensão
Isabel tornou-se rainha aos vinte e cinco anos e, ao saber da notícia da sua ascensão, terá citado a 23.ª linha do 118.º salmo em latim: "A Domino factum est illud, et est mirabile in oculis notris" ("É a vontade do Senhor e é maravilhosa a nossos olhos." No dia 20 de Novembro de 1558, Isabel declarou as suas intenções para o seu conselho e para outros nobres que tinham vindo a Hatfield jurar-lhe lealdade. O seu discurso contém o primeiro registo da sua adopção da política teológica medieval de que o soberano tem "dois corpos": o corpo natural e o corpo político:
Cquote1.svgMeus senhores, a lei da natureza faz-me lamentar a minha irma; o fardo que caiu sobre mim deixa-me assombrada e, contudo, considerando que sou uma criatura de Deus, ordenada a seguir a Sua escolha, irei, de hoje em diante entregar-me, desejando do fundo do meu coração que possa ter a ajuda da Sua graça para ser um pilar da Sua vontade divina nesta função que me foi confiada. E como não sou mais que um corpo naturalmente considerado, apesar de pela Sua permissão, um corpo político para governar, desejo que todos vós (...) me ajudeis, para que eu, com o meu governo, e vós, com o vosso serviço, possamos prestar um bom serviço a Deus todo poderoso e dar algum conforto à nossa posterioridade na terra. Tenho intenção de tomar todas as minhas decisões através de bons conselhos e boa consulta.Cquote2.svg
— '
Quando a sua procissão avançou pelas ruas da cidade na noite da sua coroação, Isabel foi muito bem recebida pelos cidadãos com orações e celebrações, a maior parte com sabor protestante. As demonstrações de apreço da rainha, abertas e graciosas, tornaram-na admirada pelos que a viram e que ficaram "magnificamente maravilhados".
Isabel foi coroada em 15 de Janeiro de 1559. Não havia um arcebispo da Cantuária na época para presidir a cerimónia. O último católico a ocupar o posto foi o cardeal Reginald Pole, que morreu poucas horas depois da rainha Maria. Como os principais bispos declinaram em participar na coroação (porque Isabel era filha ilegítima tanto sob a lei canônica quanto pela estatutária, além de ser protestante), foi Owen Oglethorpe, um bispo de menor importância, de Carlisle, quem a coroou. Já a comunhão não foi celebrada por Oglethorpe, mas pelo capelão pessoal da rainha, para evitar o uso dos ritos católicos. A coroação de Isabel I foi a última em que o latim foi usado durante a celebração, passando as celebrações posteriores a ser em inglês. Mais tarde, Isabel conseguiu convencer o capelão da sua mãe, o já citado Matthew Parker, a tornar-se arcebispo. Este aceitou, somente por lealdade e honra à memória da mãe da rainha, visto que considerava particularmente complicado servir a Isabel.
                                                           Retrato de coroação de Isabel.
Estabelecimento da Igreja
A verdadeira crença religiosa de Isabel pode nunca ser conhecida. A sua política religiosa punha o pragmatismo acima de tudo quando estava a lidar com os seus três maiores problemas. O primeiro tinha a ver com a legitimidade. Apesar de a rainha ser tecnicamente legitima na fé protestante anglicana, o facto de ser ilegitima na igreja inglesa não era tão grave como o de ter sido ilegitima na igreja católica, como muitos católicos afirmavam. Talvez o mais importante de tudo era o facto de, por ter havido uma separação de Roma, ela se sentir legitima. Por esta razão, nunca existiram grandes dúvidas de que ela defenderia, pelo menos nominalmente, a fé protestante.
Isabel e os seus conselheiros estavam cientes da ameaça que a cruzada católica contra a Inglaterra representava. Assim, Isabel tentou procurar uma solução protestante que não ofendesse demasiado os católicos ao mesmo tempo que satisfizesse os desejos dos protestantes ingleses. No entanto a rainha não tolerava os puritanos mais radicais que estavam a tentar reformas mais extremas. Como resultado, o parlamento de 1559 começou a trabalhar numa lei para uma igreja baseada no estabelecimento religioso de Eduardo VI, com o monarca como líder, mas com elementos católicos, como as roupas dos padres.
O primeiro homem escolhido para tratar da questão foi sir William Cecil. O Ato da Uniformidade de 1559 requeria o uso do Livro de Oração Comum dos protestantes em serviços de igreja. O controle papal sobre a igreja da Inglaterra tinha sido restabelecido sob Maria I, mas foi anulado por Isabel. A própria rainha assumiu o título de "Suprema Governante da Igreja Anglicana", em vez de "Cabeça Suprema", já que diversos bispos e outras figuras públicas consideravam que o título era impróprio para uma mulher. O Ato de Supremacia 1559 obrigava os oficiais públicos a fazer um juramento que reconhecia o controle da Soberana sobre a igreja, cuja quebra recebia punições severas.
Muitos bispos estavam insatisfeitos com a política religiosa isabelina. Estes foram removidos da cadeira eclesiástica e substituídos por nomeados que mostravam maior subserviência em relação à supremacia da rainha. Apontou também um conselho privado inteiramente renovado, removendo muitos conselheiros católicos no processo. Sob o comando de Isabel, o facionalismo no conselho e nos conflitos da corte diminuiu bastante. Os conselheiros principais de Isabel eram sir William Cecil (lorde Burghley), secretário de estado, e Sir Nicholas Bacon, Lorde Guardião do Grande Selo. Entre os seus leais conselheiros e secretários, um se tornou notório por ter criado o primeiro serviço de espionagem da Inglaterra: sir Francis Walsingham era secretário de negócios internos e chefe do serviço de espionagem.
                                                                   Isabel, cerca de 1580.
Questão do casamento

Logo após sua ascensão, muitos se questionaram sobre possíveis laços matrimoniais para Isabel. A razão para nunca ter se casado é imprecisa. Pode ter sentido repulsa, motivada pelos maus tratos que as esposas de Henrique VIII haviam recebido. Outra hipótese é de que tenha sido afetada psicologicamente pela suposta relação que teve com Tomás Seymour durante sua infância. Boatos da época imputavam-lhe um defeito físico que estava receosa de revelar: talvez marcas deixadas por varíola. É também possível que Isabel não desejasse compartilhar o poder da coroa ou que, dada a situação política instável, temesse a luta contra rebeliões apoiadas por facções aristocráticas, no caso de estabelecimento de matrimônio com algum representante de alguma dessas facções. Existe também a hipótese de que soubesse que era infértil. A única coisa que se sabe com certeza é que o casamento ser-lhe-ia particularmente dispendioso e custar-lhe-ia também alguma independência, já que todas as propriedades e rendas de Isabel herdadas de seu pai seriam suas somente enquanto fosse solteira.
Também é lógico entender que só tinha duas opções, ambas más: ou desposava um estrangeiro, e neste caso corria o risco de perder não apenas a independência pessoal, mas também a de seu reino, como vira suceder com sua irmã, que fizera da Inglaterra um apêndice dos interesses espanhóis; ou se casava com um súbdito, e neste caso elevava uma família de súbditos à condição de dinastia. Manter-se solteira, dizer que "tinha desposado o seu País", foi uma sábia política que lhe garantiu boas condições de governo, além de popularidade (embora nos primeiros anos do reinado a pressão fosse grande para ela contrair matrimônio), mas ao preço de não ter um sucessor de seu corpo. Na verdade, Isabel reluta até o fim em definir quem herdará o trono. Aparentemente, a sua menção mais clara à sua escolha é, no leito de morte, quando diz que "somente um rei poderá herdar o trono" que é seu, numa alusão inequívoca a Jaime VI da Escócia, que lhe sucederá como Jaime I da Inglaterra - e marcará o final da dinastia Tudor e o início da Stuart.
Lord Robert Dudley
Na primavera de 1559 tornou-se evidente que Isabel estava apaixonada pelo seu amigo de infância, Lord Robert Dudley. Dizia-se que a sua esposa, Amy Robsart estava a sofrer de "um mal num dos peitos", e que a rainha queria casar com Lord Robert no caso de a sua esposa falecer. No outono de 1559 havia já vários pretendentes estrangeiros que estavam a competir pela mão de Isabel. Os seus enviados impacientes começaram a ter conversas cada vez mais escandalosas, dizendo que um casamento com o seu amigo não era desejado na Inglaterra: "Não existe nenhum homem que não fique indignado com ele e com ela (...) ela não quer casar com mais ninguém senão o seu favorito Robert". Amy Dudley morreu em Setembro de 1560 depois de cair de umas escadas abaixo e, apesar de ter sido provado que tinha sido um acidente, muitas pessoas suspeitaram que tinha sido Dudley a provocar a sua morte para que se pudesse casar com a rainha. Isabel considerou seriamente casar-se com Dudley durante algum tempo, contudo, William Cecil, Nicholas Throckmorton e alguns nobres conservadores mostraram que estavam completamente contra. Houve até rumores de que a nobreza se iria revoltar caso houvesse um casamento.
Apesar de existirem vários outros projectos de casamento, Robert Dudley foi visto como o principal candidato durante quase uma década. Isabel tinha muitos ciúmes dele, mesmo quando já não tinha intenções de se casar. Em 1564, Isabel fez de Dudley conde de Leicester. Este acabou mesmo por se voltar a casar, em 1578, desagradando profundamente a rainha que mostrou sempre sentir um grande ódio em relação à sua esposa. Mesmo assim, Dudley foi sempre "o centro da sua vida emocional", segundo a historiadora Susan Doran. Morreu pouco depois da destruição da armada espanhola e, depois da morte da própria rainha, foi encontrada uma carta entre os seus papéis que dizia "a sua última carta"com a letra da rainha.
                                                           Isabel e Lord Robert Dudley.
Aspectos políticos
Isabel manteve a questão do casamento aberto, mas frequentemente apenas o fazia como uma estratégia política, tratando-a como se fosse uma questão de política externa. Apesar de ter recusado a proposta do rei Filipe II de Espanha em 1559, negociou um casamento com o primo deste, o arquiduque Carlos da Áustria, durante muitos anos até que as relações com os Habsburgo se deterioraram em 1568. Depois Isabel considerou casar-se com um príncipe Valois francês, primeiro com Henrique, duque de Anjou, e depois, de 1572 a 1581, com o seu irmão Francisco, duque de Anjou, antigo duque de Alençon. Esta última união foi formulada devido a uma aliança planeada contra o controlo espanhol no sul da Holanda. Isabel levou a corte a sério por algum tempo e usava um brinco em forma de sapo que Anjou lhe tinha dado.
O parlamento pedia-lhe frequentemente que se casasse, mas a rainha evitava sempre dar respostas precisas. Em 1563 disse a um enviado imperial: "Se seguir a inclinação da minha natureza seria a seguinte: pedinte e solteira, muito mais do que rainha e casada". No mesmo ano, após Isabel ter adoecido de varíola, a questão da sucessão passou a ser uma questão fundamental. O parlamento instava a rainha para se casar ou escolher um herdeiro para evitar uma guerra civil após a sua morte. Ela recusou-se a fazer os dois. Em Abril prorrogou o parlamento, que não se voltou a reunir até a rainha precisar de apoio para subir os impostos em 1566. A Câmara dos Comuns ameaçou reter fundos até que a rainha se decidisse a resolver a questão de sucessão. O problema persistiu e a Casa enviou Sir Robert Bell, que "defendeu fortemente" a discussão da questão de sucessão; "mesmo na hipótese de a rainha ordenar que seja esquecida". "Pelas suas palavras: 'O senhor Bell e os seus cúmplices (...) preferiram proferir os seus discursos à casa alta para que vós, meus senhores, os consentisses, ficastes então seduzidos e na verdade tal foi bastante simples."  Mais tarde nesse ano, Isabel confessou ao embaixador espanhol que, se não encontrasse outra forma de resolver a questão de sucessão sem se casar, então fálo-ia. Em 1570, algumas das figuras mais importantes do governo aceitaram em privado que Isabel nunca se casaria ou escolheria um sucessor. William Cecil já estava à procura de soluções para o problema de sucessão. Por esta razão, Isabel era frequentemente acusada de ser irresponsável. O seu silêncio fortalecia a sua própria segurança política: Isabel sabia que se nomeasse um herdeiro, o seu trono ficaria vulnerável a um golpe de estado.
Diferentes linhas de sucessão foram consideradas durante o reinado de Isabel. Uma linha possível era a de Margarida Tudor, irmã mais velha de Henrique VIII, que passava por Maria I da Escócia (Maria Stuart). A outra alternativa provável descendia de uma irmã mais nova de Henrique, Maria Tudor, duquesa de Suffolk; nesse caso, a próxima rainha seria lady Catherine Grey, irmã de Jane Grey. Uma possibilidade ainda mais remota seria a ascensão de Henry Hastings, o conde de Huntingdon, que poderia reivindicar sua descendência de Eduardo III (século XV). Cada herdeiro possível tinha alguma desvantagem: Maria I era católica, lady Grey casara-se sem o consentimento da rainha e Lorde Huntingdon, que era puritano, nem sequer tinha quaisquer pretensões de aceitar a coroa.
Em 1568 morreu Catherine Grey, a última herdeira viável ao trono inglês. Deixou um filho, mas foi considerado ilegítimo. Sua herdeira era sua irmã, lady Maria Grey. Isabel foi forçada novamente a considerar um sucessor escocês, da linha da irmã do seu pai, Margarida Tudor. No entanto Maria I (Maria Stuart), era impopular na Escócia, onde continuava aprisionada. Mais tarde, escapou de sua prisão e fugiu para Inglaterra, onde foi capturada por forças inglesas. Isabel se viu perante um dilema: enviá-la aos nobres escoceses seria considerado cruel demais; enviá-la à França torná-la-ia um trunfo poderoso nas mãos do rei francês; restaurar-lhe o trono da Escócia poderia ser visto como um gesto heróico, mas causaria grande tensão entre os escoceses; aprisioná-la na Inglaterra permitiria a participação directa de Maria em conjuras contra a rainha. Isabel escolheu esta última opção: Maria foi confinada por dezoito anos, a maior parte deles no castelo e mansão de Sheffield, sob custódia de George Talbot. Embora a peça de Schiller, Maria Stuart, traduzida ao português pelo poeta Manuel Bandeira, tenha um de seus momentos altos no dramático confronto das duas rainhas após quase dezoito anos de reclusão da escocesa, a verdade é que nunca se encontraram.
O estatuto de solteira de Isabel inspirou um culto de virgindade. Em poesia e em retratos, a rainha era representada como uma virgem ou uma deusa, ou ambos, e não como uma mulher normal. A principio, Isabel exaltou a virtude da sua virgindade: em 1559, disse ao parlamento: "E, no final, será para mim suficiente, que uma pedra de mármore declare que uma rainha, tendo vivido e reinado em tal época, viveu e morreu virgem."  Mais tarde, especialmente depois de 1578, poetas e escritores centraram-se no mesmo tema e transformaram-no numa iconografia que exaltava Isabel. Numa época de metáforas e conceitos, a rainha era retractada como se estivesse casada com o seu reino e subditos, sob protecção divina. Em 1599, Isabel falou de "todos os meus maridos, as minhas boas gentes".
                                  Henrique II de França, um dos pretendentes políticos de Isabel.
Maria dos escoceses
A rainha encontrou uma rival perigosa em sua prima, a católica Maria Stuart, rainha da Escócia e esposa do rei francês Francisco II. A primeira política de Isabel em relação à Escócia foi no sentido de se opor à presença francesa no país. Temia que os franceses estivessem a planear invadir a Inglaterra e colocassem Maria, que era considerada por muitos a verdadeira herdeira da coroa, Isabel foi persuadida a enviar uma força militar para a Escócia, para ajudar os rebeldes protestantes e apesar da campanha ser absurda, o Tratado de Edimburgo que dela resultou, em Julho de 1560, acabou com a ameaça francesa no norte. Quando o seu marido morreu em 1561, Maria regressou à Escócia para tomar as rédeas do poder, o país tinha estabelecido uma igreja protestante e era governando por um conselho de nobres protestantes apoiado por Isabel. Maria recusou-se a ratificar o tratado. Enquanto isso, na França, a perseguição católica aos huguenotes deflagrou as Guerras Religiosas Francesas. Isabel, secretamente auxiliou os huguenotes. Fez a paz com a França em 1564, desistindo de reivindicar a última possessão inglesa na França continental, Calais, após a derrota de uma expedição inglesa em Le Havre. Isabel, entretanto, não abriu mão da sua reivindicação à Coroa Francesa, que tinha sido mantida desde o reino de Eduardo III durante a Guerra dos Cem Anos (século XIV). Tal pretensão foi apenas renunciada pelos monarcas britânicos no reinado Jorge III no século XVIII.
Em 1563, Isabel propôs o seu pretendente, Robert Dudley, como marido para Maria, sem perguntar a nenhum dos dois se estavam interessados. Nenhum se mostrou interessado, e, em 1565, Maria voltou a casar-se com Henrique Stuart, Lord Darnley, que tinha a sua própria pretensão ao trono inglês. O casamento foi o primeiro de muitos erros de Maria que acabou por dar a vitória aos protestantes escoceses e a Isabel. Darnley depressa se tornou odiado na Escócia e depois famoso por ter ordenado o assassinato do secretário italiano de Maria, David Rizzio. Em Fevereiro de 1567, Darnley foi assassinado por um grupo de conspiradores, quase de certeza liderados por James Hepburn, conde de Bothwell. Pouco depois, no dia 15 de Maio de 1567, Maria casou-se com Bothwell, levantando suspeitas de que também tinha participado na morte do marido. Isabel escreveu-lhe:
Cquote1.svgComo pôde fazer pior escolha para a sua honra do que na pressa que teve em casar-se com tal sujeito que, além de outros notórios defeitos, foi acusado em praça pública do assassinato do seu falecido marido, além de alguma culpa também lhe tocar, apesar de acreditarmos que essa parte seja falsa.Cquote2.svg
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Estes eventos levaram rapidamente à derrota de Maria e à sua prisão no Castelo de Lochleven. Os lordes escoceses forçaram-na a abdicar a favor do seu filho, Jaime, que tinha nascido em Junho de 1566. Jaime foi levado para o Castelo de Stirling para ser criado como protestante. Maria fugiu de Lochleven em 1568 e, depois de mais uma derrota, atravessou a fronteira para Inglaterra, onde sabia que receberia apoio de Isabel. O primeiro instinto da rainha foi o de restaurar a sua prima afastada ao trono, mas no final decidiu escolher uma jogada mais segura. Em vez de arriscar entregar Maria novamente à Escócia com um exercito inglês ou para França, foi resolvido que Maria ficaria detida em Inglaterra, onde ficou presa nos dezanove anos que se seguiram.
                                                                               Isabel I.
Maria e a causa católica
Não demorou muito para Maria se voltar a concentrar numa rebelião. Em 1569 houve uma grande revolta católica no norte com o objectivo de libertar Maria, casá-la com Thomas Howard, duque de Norfolk, e colocá-la no trono inglês. Após a derrota dos rebeldes, mais de setecentos e cinquenta deles foram executados por ordem de Isabel. Acreditando que a revolta tinha sido bem-sucedida, o Papa Pio V emitiu uma bula papal em 1570 que declarava "Isabel, rainha pretendente de Inglaterra e serva do crime" como sendo uma pagã e libertava todos os seus súbditos de qualquer subjugação a ela. Os católicos que obedecessem às suas ordens eram ameaçados com excomunhão. A bula papal levou a acções legislativas contra católicos por parte do parlamento que, no entanto, acabaram por não acontecer por ordem de Isabel. Em 1581, a conversão ao catolicismo com a intenção de desobedecer a Isabel foi considerado um crime de traição com pena de morte. Desde a década de 1570 que vários missionários visitavam Inglaterra do continente para em segredo trabalharem na "reconversão de Inglaterra". Muitos deles foram executados, criando um culto de martírio.
A situação dos católicos em Inglaterra incentivou-os fortemente a ver Maria Stuart como a verdadeira soberana de Inglaterra. Maria pode não ter sabido de todas as conspirações católicas que planeavam colocá-la no trono, mas desde a Conspiração de Ridolfi em 1571 (que levou o seu pretendente, o duque de Norfolk a ser decapitado) até à Conspiração de Babington de 1586, o espião de Isabel, Sir Francis Walsingham, e o conselho real conseguiram reunir provas contra ela. A princípio, Isabel resistiu aos que pediam a morte de Maria, mas em finais de 1586 tinha sido persuadida a sanciona-la com um julgamento e execução depois de terem surgido cartas escritas por ela durante a Conspiração de Babington. A proclamação de Isabel sobre a sentença anunciava que "a referida Maria, querendo título da mesma coroa, tinha criado e imaginado dentro do mesmo reino várias coisas no sentido do sofrimento, morte e destruição da nossa pessoa real."  No dia 8 de Fevereiro de 1587 Maria foi decapitada no Castelo de Fotheringhay em Northamptonshire. No seu testamento, Maria deixou a Filipe sua reivindicação ao trono inglês.
                                                                    Alegoria de Isabel.
Guerra e comércio estrangeiro
A política estrangeira de Isabel foi, em grande parte, defensiva, com a excepção da ocupação inglesa de Le Havre de Outubro de 1562 a Junho de 1563 que acabou por falhar quando os huguenotes de Isabel se juntaram aos católicos para reconquistar o porto. A intenção de Isabel tinha sido trocar Le Havre por Calais que tinha sido perdido para França em Janeiro de 1558. Foi só através das actividades das suas frotas que Isabel teve uma política agressiva. Estas acabaram por resultar numa guerra contra a Espanha que foi lutada maioritariamente no mar. A rainha tornou Francis Drake cavaleiro do reino depois da sua circumnavegação do planeta de 1577 a 1580 e ele acabou por ganhar fama pelos seus ataques a portos e barcos espanhóis. A política marítima de Isabel tinha um certo elemento de pirataria e auto-enriquecimento que a rainha pouco conseguia controlar.
Expedição aos Países Baixos
Em 1580, o papa Gregório XIII enviou forças para ajudar as rebeliões de Desmond na Irlanda que, no entanto, falharam. A rebelião foi dada como terminada em 1583. Enquanto isso Portugal e Espanha formavam a União Ibérica, assim Filipe II de Espanha, I de Portugal, junto com o trono português, recebeu o comando de alto-mar. Após a ocupação e perda de Le Havre em 1562-1563, Isabel evitou expedições militares ao continente até 1585, quando enviou um exército inglês para ajudar os protestantes holandeses a lutar contra Filipe II. Estes eventos aconteceram após a morte dos seus aliados, Guilherme, o taciturno, príncipe de Orange (assassinado) e de Francisco, duque de Anjou, e a rendição de uma série de cidades holandesas a Alexander Farnese, duque de Parma, o governador espanhol da Holanda, nomeado por Filipe II. Em Dezembro de 1584 formou-se uma aliança entre Filipe II e a liga francesa católica em Joinville, reconheceu a incapacidade do irmão de Anjou, Henrique III de França, em travar o domínio espanhol da Holanda. Também aumentou a influência espanhola ao longo da costa francesa, onde a liga católica era forte, e expôs Inglaterra a uma invasão. O cerco de Antuérpia no verão de 1585, idealizado pelo duque de Parma, precisava de alguma reacção por parte de Inglaterra e dos holandeses. O resultado foi o Tratado de Nonsuch em Agosto de 1585, no qual Isabel prometia apoio militar aos holandeses. O tratado marcou o início da Guerra Anglo-Espanhola que durou até ao Tratado de Londres de 1604.
A expedição foi liderada pelo seu antigo pretendente, Robert Dudley. Isabel não apoiou esta alternativa desde o inicio. A sua estratégia era apoiar os holandeses no campo de batalha com o exercito inglês enquanto se começavam conversas de paz secretas com os espanhóis poucos dias depois da chegada de Dudley à Holanda, era oposta à de Dudley que não só queria lutar numa campanha activa e sabia que os holandeses também esperavam que isso acontecesse. Isabel, por outro lado, queria que ele evitasse "a todos os custos qualquer ataque decisivo contra o inimigo."  Enfureceu Isabel quando aceitou o posto de governador-geral dos estados-gerais holandeses. Isabel viu esta acção como um plano dos holandeses para que ela aceitasse ser soberana do seu país, algo que ela tinha sempre recusado. Numa carta a Dudley disse:
Cquote1.svgNunca poderíamos ter imaginado (não o tendo visto) que um homem elevado por nós e extraordinariamente favorável a nós, acima de qualquer outro súbdito desta terra, iria, de forma tão desprezível, romper com as nossas ordens numa causa que toca a nossa honra tão de perto (...) e por isso o nosso prazer expresso e comando é que, tendo todos os atrasos e desculpas esgotado, cumpra o dever da sua aliança, obedeç-lhe e cumpra o que quer que o portador de tal lhe ordene fazer em nosso nome. Se de aqui em diante não o fizer, irá sofrer a penalidade máxima.Cquote2.svg
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O "comando" de Isabel era que o seu emissário lesse as suas cartas de censura publicamente, perante o conselho de estado holandês e com Dudley a seu lado. Esta humilhação publica do seu general juntamente com as suas conversas para uma paz separada com a Espanha, destruíram irreversivelmente a sua imagem entre os holandeses. A campanha militar foi fortemente dificultada pelas recusas constantes de Isabel em enviar os fundos que tinha prometido para os soldados que passavam fome. A sua pouca vontade em empenhar-se na causa, a própria incompetência de Dudley como líder político e militar e a situação caótica da política holandesa foram as razão pelas quais a campanha falhou. Dudley acabou por renunciar ao seu comando em Dezembro de 1587.
A armada espanhola
Isabel reduziu a influência da Espanha sobre a Inglaterra. Embora Filipe II a tivesse ajudado a terminar as Guerras Italianas com a paz de Cateau-Cambrésis, Isabel permaneceu diplomaticamente independente. Adotou o princípio "Inglaterra para os ingleses". Seu outro reino, a Irlanda, nunca se beneficiou de tal filosofia. A implantação de costumes ingleses na Irlanda mostrou-se impopular entre os seus habitantes, bem como a política religiosa da rainha.
Depois de Filipe ter lançado um ataque da surpresa aos navios corsários dos capitães Francis Drake e John Hawkins em 1568, Isabel requisitou a captura de um navio do tesouro espanhol em 1569. A atenção da Espanha já estava voltada para a Holanda onde tentava debelar uma rebelião e não tinha recursos disponíveis para declarar uma guerra contra a Inglaterra.
Filipe II participou de mais de uma conspiração para destronar Isabel, ainda que de forma relutante nalguns casos. O quarto duque de Norfolk se envolveu também no primeiro destes complôs: a Conspiração de Ridolfi de 1571. Depois desta conspiração católica ter sido descoberta e frustrada, o duque de Norfolk foi executado e Maria Stuart perdeu a pouca liberdade que lhe restava. A Espanha, que vinha estabelecendo relações cordiais com Inglaterra desde a união de Filipe à antecessora de Isabel, passou a mostrar-se hostil.
Em 1571, Sir William Cecil tornou-se barão de Burghley e em 1572 foi elevado à importante posição de tesoureiro-mor. Seu posto como secretário de estado foi ocupado pelo chefe da rede de espionagem de Isabel, Sir Francis Walsingham.
Entretanto, Sir Francis Drake tinha iniciado uma grande viagem contra os portos e navios espanhóis nas Caraíbas entre 1585 e 1586, e em 1587 fez um ataque bem-sucedido em Cadiz que destruiu a frota espanhola de navios de guerras que tinha como destino um ataque a Inglaterra: Filipe II tinha finalmente decidido declarar guerra a Inglaterra.
No dia 12 de Julho de 1588, a Armada espanhola, uma grande frota de navios, começou a navegar em direcção ao canal, planeando um ataque liderado pelo duque de Parma à costa sudueste da Inglaterra a partir da Holanda. Um conjunto de erros, azar e um ataque dos navios ingleses no dia 29 de Julho na costa de Gravelines, dispersou os navios espanhóis para nordeste, derrotando a armada. A armada voltou para Espanha com o pouco que restava, depois de derrotas desastrosas na costa irlandesa. Sem saber do destino da Armada, várias milícias inglesas juntaram-se para defender o país sob o comando de Robert Dudley. O duque convidou a rainha para inspeccionar as tropas em Essex, no dia 8 de Agosto. Usando uma armadura prateada sobre um vestido branco de veludo, proferiu um dos seus mais famosos discursos:
Cquote1.svgMeu adorado povo, fomos persuadidos por alguns que se preocupam com a nossa segurança, para termos cuidado com a forma como nos empenhamos em armar multidões por medo de traição; mas garanto-vos, não desejo viver para desconfiar do meu fiel e adorado povo (...) sei que nada mais tenho senão o corpo de uma fraca e débil mulher, mas possuo o coração e o estômago de um rei e de um rei de Inglaterra também e desprezo a ideia de que Parma ou Espanha ou qualquer outro príncipe da Europa se atrevam a invadir as fronteiras do meu reino.Cquote2.svg
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Quando não houve nenhuma invasão, a nação rejubilou. A procissão que se seguiu à missa de acção de graça na Catedral de São Paulo rivalizou com o espectáculo da coroação. A derrota da Armada vou uma potente arma de propaganda, tanto para Isabel como para a Inglaterra protestante. Os ingleses viram-na como um símbolo da aprovação de Deus da nação e da sua rainha virgem. Contudo, a vitória não causou um ponto de viragem na guerra, que continuou a favor de Espanha. Espanha ainda controlava os Países Baixos e a ameaça de uma invasão permanecia.
Os navios corsários ingleses continuaram atacando navios do tesouro espanhóis vindos das Américas. Os corsários mais famosos foram o Sir John Hawkins e Sir Martin Frobisher. Em 1595 e em 1596, uma expedição desastrosa levou às mortes tanto de John Hawkins quanto de Francis Drake. Também em 1595, uma força espanhola desembarcou na Cornualha. Depois de queimarem algumas vilas e saquear suprimentos, retornaram a Espanha.
                             
                  Retrato comemorativo da derrota da armada espanhola.
Apoio a Henrique IV de França
Quando o protestante Henrique IV herdou o trono francês em 1589, Isabel enviou-lhe apoio militar. Foi a sua primeira aventura arriscada em França desde a retirada de Le Havre em 1563. A sucessão de Henrique era fortemente protestada pela Liga Católica e por Filipe II e Isabel temia que Espanha tentasse retomar os portos do canal. Contudo, as campanhas inglesas que se seguiram em França foram desorganizadas e ineficientes. Lord Willoughby, ignorando amplamente as ordens de Isabel, vagueou pelo norte de França com um exército de quatro mil homens sem grandes efeitos. Retirou-se desajeitadamente em Dezembro de 1589, perdendo metade das suas tropas. Em 1591, a campanha de John Norreys, que liderou três mil homens para a Britânia, foi ainda mais desastrosa. Isabel estava mesmo pouco disposta a contribuir com os mantimentos e reforços que foram pedidos pelos comandantes. Norreys partiu para Londres para pedir pessoalmente mais apoio à rainha. Na sua ausência, o exército da Liga Católica quase destruiu o que sobrava do seu exército em Craon, no noroeste francês, em Maio de 1591. Em Julho, Isabel enviou outra força militar comandada por Robert Devereux, conde de Essex, para ajudar Henrique IV a cercar Ruão. O resultado foi igualmente desolador. Essex não conseguiu conquistar nada e regressou a Inglaterra em Janeiro de 1592. Henrique abandonou o cerco em Abril. Como era habitual, Isabel não conseguia controlar as suas tropas quando estas estavam no estrangeiro. "Onde está, ou o que fez, ou o que fará, " escreveu a rainha a Essex, "ignoramos".
Em 1596, a Inglaterra se retirou por fim da França, com Henrique IV já plenamente estabelecido no trono, depois de desfeita a liga católica que a ele se tinha oposto. Isabel enviou 2 000 tropas adicionais para França depois da tomada espanhola de Calais. A Inglaterra tentou atacar os Açores em 1597, mas falhou. Algumas batalhas ainda ocorreram até 1598, quando França e Espanha fizeram finalmente as pazes. A guerra Anglo-Espanhola entrou num impasse depois da morte de Filipe II naquele ano. Em parte por causa da guerra, as tentativas ultramarinas de colonização, por parte de Raleigh e de Gilbert falharam, e os assentamentos norte-americanos se estagnaram até Jaime I negociar a paz no tratado de Londres (1604).
                                                                         Isabel I.
Irlanda
Apesar de a Irlanda ser um dos seus dois reinos, Isabel enfrentava uma população hostil e, por vezes, virtualmente autónoma  que defendia o catolicismo e estava disposta a desafiar a sua autoridade e a conspirar com os seus inimigos. A sua política na Irlanda foi a de dar terra aos seus cortesãos e impedir que os rebeldes dessem a Espanha uma base militar para atacar Inglaterra. No decurso de uma série de rebeliões, as forças da Coroa adoptaram uma táctica de terra queimada, queimando terrenos agrícolas e matando homens, mulheres e crianças. Durante uma revolta em Munster, liderada por Gerald FitrzGerald, conde de Desmond, em 1582, cerca de trinta mil irlandeses morreram de fome. O poeta e colonista Edmund Spenser escreveu que as vitimas "chegaram a um tal estado de miséria que qualquer coração de pedra sentiria compaixão". Isabel aconselhou os seus comandantes a tratar bem os irlandeses "aquela nação rude e bárbara", mas não mostrava remorsos quando se dizia que a força e banhos de sangue eram necessários.
Entre 1594 e 1603, Isabel enfrentou o seu teste mais difícil na Irlanda durante a Guerra dos Nove Anos, uma revolta que aconteceu durante o ponto mais alto das hostilidades com Espanha, que apoiava o seu líder, Hugh O'Neill, conde de Tyrone. Na primavera de 1599, Isabel enviou Robert Devereux, segundo conde de Essex, para acabar com a revolta. Para sua frustração, o conde pouco melhorou a situação e regressou a Inglaterra, desafiando as suas ordens. Foi substituído por Charles Blount, Lord Mountjoy, que demorou três anos a derrotar os rebeldes. O'Neill rendeu-se finalmente em 1603, alguns dias depois da morte de Isabel. Pouco depois foi assinado um tratado de paz entre Espanha e Inglaterra.
Rússia
abel continuou a manter relações diplomáticas com o czar da Rússia que tinham sido estabelecidas pela sua falecida irmã. Escrevia com frequência a Ivan IV, em termos amigáveis, apesar de o czar se irritar com o facto de Isabel se interessar mais pelas relações comerciais entre os dois países do que por uma possível aliança militar. O czar chegou mesmo a pedi-la em casamento e, durante os seus últimos anos de reinado, pediu uma garantia de exílio em Inglaterra caso a sua posição estivesse em risco. Após a morte de Ivan, este foi sucedido pelo seu filho Feodor, que tinha uma mentalidade mais simples. Ao contrário do seu pai, Feodor não tinha interesse em manter relações comerciais exclusivamente com Inglaterra, declarando o seu reino aberto a todos os estrangeiros e dispensando o embaixador inglês, Sir Jerome Bowes, cuja impornência não suportava. Isabel enviou um novo embaixador, Dr. Giles Fletcher para pedir ao regente Boris Godunov para convencer o czar a reconsiderar a sua posição. As negociações falharam quando o embaixador de esqueceu de referir dois dos títulos de Feodor quando se dirigiu a ele. Isabel continuou a corresponder-se com o czar em cartas meio apelativas, meio reprovadoras. Propôs uma aliança, algo que se tinha recusado a fazer com o pai de Feodor, mas esta foi recusada.
                                            Ivan IV mostra seus tesouros ao embaixador inglês.
Estados berbéricos, Império Otomano e Japão
O comercio e as relações diplomáticas entre Inglaterra e os estados berbéricos começou durante o reinado de Isabel. A Inglaterra estabeleceu uma relação comercial com Marrocos, opondo-se à Espanha, vendendo armamento, munições, madeira e metal em troca de açucar, mesmo apesar da proibição papal. Em 1600, Abd el-Ouahed ben Messaoud, o secretário principal do governante marroquino Mulai Ahmad al-Mansur, visitou Inglaterra como embaixador da corte de Isabel I, para negociar uma aliança anglo-marroquina contra Espanha. Isabel "concordou em vender munições a Marrocos e os dois falaram intermitentemente sobre uma operação conjunta contra Espanha". Contudo as discussões não chegaram a qualquer conclusão e ambos os soberanos morreram dois anos depois.
Também se estabeleceram relações diplomáticas com o Império Otomano através da criação da Companhia do Oriente e o envio do primeiro embaixador inglês para o império, William Harborne, em 1578. Um Tratado de Comércio foi assinado pela primeira vez em 1580. Foram enviados vários representantes de ambos os lados e foram feitas tropas epistolares entre Isabel e o sultão Murad III. Numa carta, Murad mencionou que o Islão e o Protestantismo tinham "muito mais em comum entre si do que qualquer um dos dois com o Catolicismo Romano, já que ambos rejeitam a idolatração de ícones", e pediu uma aliança entre Inglaterra e o Império Otomano. Para receio da Europa católica, Inglaterra exportava estanho e chumbo (para canhões) e munições para o Império Otomano e Isabel discutia seriamente a hipótese de participar em operações militares com Murad III quando rebentou a guerra com Espanha em 1585. Foi também nesta altura que a pirataria anglo-turca começou a prosperar.
Últimos anos

O período que se seguiu à derrota da Armada Espanhola em 1588 trouxe dificuldades acrescidas a Isabel que durariam os quinze anos finais do seu reinado. Os conflitos com a Espanha e com a Irlanda arrastaram-se, os impostos aumentaram e a economia sofreu com fracas colheitas e o custo da guerra. Os preços subiram e a qualidade de vida desceu. Durante este período, a repressão aos católicos intensificou-se e Isabel permitiu que comissões interrogassem e vigiassem casas católicas em 1591. Para manter a ilusão de paz e prosperidade, Isabel passou a confiar cada vez mais em espiões e propaganda. Nos seus últimos anos de vida, a critica por parte dos seus súbditos demonstrou uma quebra na sua popularidade.
Uma das causas para este chamado "segundo reinado" de Isabel, foi o diferente carácter do seu governo e do conselho privado na década de 1590. Uma nova geração tinha chegado ao poder. Com a excepção de Lord Burghley, os políticos mais importantes de Isabel tinham morrido por volta desta década: o conde de Leicester em 1588, Sir Francis Walsingham em 1590, Sir Christopher Hatton em 1591. Conflitos entre facções do governo, algo que nunca tinha existido a um grande nível antes desta década, tornava-se agora na principal característica do mesmo. A forte rivalidade que existia entre o conde de Essex e Robert, filho de Lord Burghley, bem como dos seus apoiantes, pelas posições mais altas no governo deteriorou a política do país. O poder pessoal da rainha diminuía cada vez mais, como se pode verificar pelo caso de Dr. Lopez, o seu médico. Quando o conde Essex o acusou indevidamente de traição por causa de um despeito pessoal, a rainha não conseguiu impedir a sua execução, mesmo apesar de não ter concordado com a sua prisão e não acreditar na sua culpa (1594).
Nos seus últimos anos de reinado, Isabel passou a depender cada vez mais da concessão de monopólios como um sistema de financiamento sem custos em vez de pediu mais dinheiro ao parlamento durante a guerra. Contudo, esta prática levou rapidamente a uma fixação de preços que enriqueceu os membros da corte ao custo do público, algo que espalhou ressentimento por todo o país. Este problema culminou em agitação na Câmara dos Comuns durante o parlamento de 1601. No seu famoso "Discurso Dourado", dado no dia 30 de Novembro de 1601, Isabel afirmou desconhecer dos abusos e conquistou os membros do parlamento com promessas e o seu tradicional apelo à emoção.
Contudo, este período de incerteza económica e política deu origem a um florescer literário sem precedentes em Inglaterra. Os primeiros sinais de uma novo movimento literário começaram a aparecer no início da segunda década do reinado de Isabel com a publicação de A Anatomia do Espírito de John Lyly e The Shepheardes Calender de Edmund Spenserem 1578. Durante a década de 1590, alguns dos maiores nomes da literatura inglesa amadureceram, incluindo William Shakespeare e Christopher Marlowe. Durante este período e na era jacobina que se seguiu, o teatro inglês atingiu o seu ponto máximo.
À medida que Isabel envelhecia, a sua imagem foi mudando. Era retractada como Belphoebe (Bela Diana) ou Astreia e, depois da Armada, como Gloriana, a eterna fada rainha jovem do poema de Edmund Spenser. Os seus quadros começaram a tornar-se cada vez menos realistas e mais um conjunto de figuras enigmáticas que a faziam parecer muito mais jovem do que era. A verdade era que a sua pele tinha ficado marcada por um ataque de varíola em 1562, que a tinha deixado meio careca e dependente de perucas e cosméticos. Sir Walter Raleigh chamou-a de "uma senhora a quem o tempo tinha ultrapassado". No entanto, quanto mais a beleza de Isabel desaparecia, mais a corte a admirava.
Isabel gostava de representar esse papel, mas é possível que na última década da sua vida tenha começado a acreditar no seu próprio poder. Nessa altura, Isabel começou a gostar do jovem encantador mas petulante Robert Devereux, conde de Essex, que era enteado de Leicester e tomava muitas liberdades com ela, que a rainha perdoava. Nomeou-o repetidas vezes para postos militares, apesar de a sua irresponsabilidade aumentar cada vez mais. Após a fuga de Essex do seu comando na Irlanda em 1599, Isabel colocou-o em prisão domiciliaria no ano que se seguiu, retirando-lhe os seus monopólios. Em Fevereiro de 1601, o conde tentou convocar uma rebelião em Londres com o objectivo de prender a rainha, mas teve pouco apoio e acabou decapitado no dia 25 desse mês. Isabel sabia que a culpa era em parte dos seus erros de julgamento. Um observador escreveu em 1602 que "o que ela mais gosta é de sentar-se no escuro e por vezes derramar lágrimas de lamento por Essex".
                                                                      Isabel I em 1600.
Morte
O principal conselheiro de Isabel, Burghley, morreu no dia 4 de Agosto de 1598. O seu cargo político passou para o seu filho, Robert Cecil, que pouco depois se tornou líder do governo. Uma das suas principais tarefas foi a de preparar o país para uma sucessão sem problemas. Uma vez que Isabel não queria revelar o nome do seu herdeiro, Cecil foi obrigado a agir em segredo. Assim, começou as negociações em código com o rei Jaime VI da Escócia, que tinha direitos fortes de sucessão, embora estes não fossem reconhecidos. Cecil aconselhou Jaime a ser gentil e paciente com Isabel. O conselheiro funcionou. O tom de Jaime agradou à rainha.
A saúde da rainha permaneceu sem sobressaltos até ao outono de 1602, quando uma série de mortes dos seus amigos a fizeram entrar em depressão. Em Fevereiro de 1603, a morte de Catherine Howard, condessa de Nottingham, sobrinha da sua prima e amiga chegada Lady Knollys, algo que foi um golpe particularmente duro para Isabel. Em Março, Isabel sentiu-se doente e permaneceu num estado de "resignação e melancolia permanente". Morreu em 24 de março no palácio de Richmond, entre as duas e as três da manhã. Poucas horas depois, Robert Cecil e o conselho declararam Jaime VI da Escócia como novo rei de Inglaterra.
Com sessenta e nove anos de idade, foi monarca que governou em Inglaterra por mais tempo até sua época. Sua marca só foi superada quando Jorge II morreu com setenta e sete anos em 1760. Isabel foi enterrada na abadia de Westminster, ao lado de sua irmã Maria I. O epitáfio de seu túmulo é a inscrição latina "Parceiras no trono e na sepultura, descansamos aqui duas irmãs, Isabel e Maria, na esperança de uma ressurreição".
O testamento deixado por Henrique VIII declarava que Isabel devia ser sucedida pelos descendentes de sua irmã mais velha, Maria Tudor, duquesa do Suffolk, em detrimento dos descendentes escoceses de sua irmã mais velha, Maria Tudor. Se sua vontade fosse atendida, Isabel seria sucedida então por lady Anne Stanley. Se, entretanto, as regras da primogenitura masculina prevalecessem, o sucessor seria Jaime VI, rei de Escócia. Outros nobres podiam ainda reivindicar o trono. Incluíam-se entre estes o Sr. Edward Seymour, barão de Beauchamp (filho ilegítimo de lady Catherine Grey) e William Stanley, conde de Derby (tio de Anne Stanley).
Algumas fontes históricas referem que Isabel nomeou Jaime seu herdeiro em seu leito de morte. De acordo com uma história duvidosa, quando questionada sobre quem nomearia como herdeiro, Isabel teria respondido, "quem poderia ser além de meu primo da Escócia?". De acordo com outra, disse, "quem além de um rei poderia suceder uma rainha?". Finalmente, uma terceira lenda sugere que permaneceu em silêncio até sua morte. Não há nenhuma evidência para provar qualquer desses episódios. Em todo caso, nenhum dos herdeiros alternativos reivindicou trono. Jaime VI, o único sucessor viável, foi proclamado rei de Inglaterra com o nome de Jaime I algumas horas após a morte de Isabel. A proclamação de Jaime I abriu um precedente histórico porque foi feita, não pelo próprio monarca, mas por um Conselho de Ascensão, já que Jaime se encontrava na Escócia. Os conselhos de ascensão e não os novos monarcas continuam a fazer a proclamação dos reis na prática moderna.
                                                               Isabel I por George Gower.
Legado
Isabel provou ser um dos monarcas mais populares da história da Inglaterra. Ela ocupou o sétimo lugar na lista dos Cem Maiores Britânicos, que foi organizada pela BBC em 2002, superando todos os outros monarcas que apareceram no ranking.
Já os historiadores em geral parecem não admirar tanto o reinado de Isabel. Embora durante este período a Inglaterra tenha obtido muitas vitórias militares, Isabel foi uma figura bem menos central do que outros monarcas como, por exemplo, Henrique V. Isabel foi criticada também por apoiar o tráfico de escravos na Inglaterra. Seus problemas com a Irlanda servem também para manchar seus registros.
Por outro lado, Isabel foi uma rainha bem sucedida, ajudando firmemente a nação, mesmo herdando um enorme débito nacional de sua irmã Maria. Sob o seu comando, a Inglaterra evitou uma invasão espanhola. Isabel também conseguiu impedir a deflagração de uma guerra religiosa ou civil no solo inglês. Suas realizações, entretanto, foram exageradamente louvadas após sua morte. Foi descrita alguns anos mais tarde como uma grande defensora do Protestantismo na Europa quando, na realidade, hesitava frequentemente antes de vir em auxílio de seus aliados protestantes. Como sir Walter Raleigh disse em relação à sua política estrangeira, "sua Majestade fez tudo pela metade".
Teatro isabelino
Teatro isabelino (1558 - 1625) é uma denominação que se refere às obras dramáticas escritas e interpretadas durante o reinado de Isabel I de Inglaterra (1533 - 1603), e é associado, tradicionalmente, à figura de William Shakespeare (1564 - 1616).
Na realidade, os estudiosos estendem, geralmente, a era isabelina até o fim do reinado de Jaime I, em 1625, e mais tarde, incluindo seu sucessor, Carlos I, até a clausura dos teatros no ano de 1642, por causa da Revolução inglesa (teatro carolino). O fato de se prolongar além do reinado de Isabel I faz com que o drama escrito entre a Reforma e a clausura dos teatros em 1642 se denomine Teatro renascentista inglês.
                                                                 Teatro isabelino.
Isabel na cultura popular
Muitos artistas glorificaram Isabel I e mascararam sua idade em seus retratos. Isabel frequentemente era pintada vestida em risos, e em alguns segurando uma peneira, símbolo da virgindade. Benjamin Britten escreveu uma ópera, Gloriana, sobre o relacionamento entre Isabel e Lorde Essex, composta para a coroação de Isabel II do Reino Unido.
Foram abundantes as interpretações notáveis de várias atrizes no papel de Isabel, tanto no cinema como na televisão. De fato, é a monarca britânica que mais vezes aparece como personagem em filmes. Provavelmente, a primeira atriz a representá-la nas telas foi à francesa Sarah Bernhardt em Amours de la reine Elisabeth. Foi interpretada pela atriz inglesa Glenda Jackson no filme Mary Stuart, Queen of Scots (Mary Stuart, Rainha da Escócia) e na minissérie da BBC "Elizabeth R." (Rainha Elizabeth, no Brasil), ambos de 1971. Foi também interpretada por Bette Davis em "The Private Lives of Elizabeth and Essex" (Pt:"Isabel da Inglaterra/Br:"Meu Reino por Amor"), de 1939. Em 1953 foi a vez de Jean Simmonsviver o papel em "Young Bess" (Br:"A Rainha Virgem"). Mais recentemente, Judi Dench, no filme Shakespeare in Love (Shakespeare Apaixonado), de 1998 e Cate Blanchett, em Elizabeth, também de 1998, e na continuação, Elizabeth: The Golden Age (Elizabeth: A Era de Ouro), de 2007, voltaram a desempenhar esse papel. Dench ganhou o Óscar pela sua interpretação. Recentemente, em MMV, a BBC produziu a série televisiva A Rainha Virgem. Também o Channel 4 (em associação com a HBO) produziu, em 2005, a mini-série intitulada Elizabeth I, protagonizada por Helen Mirren, vencedora de um Globo de Ouro por esta sua interpretação. Conta também com a participação do ator Jeremy Irons.
Muitos romances foram escritos sobre Isabel. Entre estes, podemos citar Isabel, de Rosalind Miles e Queen of this Realm, de Jean Plaidy. A escritora Margaret Irwin escreveu uma trilogia que trata exclusivamente da juventude de Isabel: Young BessIsabel, Captive Princess e Isabel and the Prince of Spain. Esses livros inspiraram os roteiristas de A Rainha Virgem, filme de 1953 com Jean Simmons, no papel da monarca, e Charles Laughton, como Henrique VIII.
A partir do século XX, a rainha tem sido considerada por alguns como uma espécie de precursora do feminismo.
Governo
Reinado: 17 de novembro de 1558 - 24 de março de 1603.
Coroação: 15 de janeiro de 1559.
Antecessor: Maria I.
Sucessor: Jaime I.
Dinastia: Tudor.
Títulos: Defensora da Fé.
Vida
Nascimento: 7 de setembro de 1533, Greenwich, Inglaterra.
Morte: 24 de março de 1503 (69 anos), Palácio de Richmond, Richmond.
Sepultamento: Abadia de Westminster, Londres, Inglaterra.
Pai: Henrique VIII.
Mãe: Ana Bolena.
                                                              Elizabeth I de Inglaterra.

Fonte: Wikipédia




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