sexta-feira, 9 de março de 2012

Ano de 2012: Reino Unido - 3° parte #8

Casa Plantageneta


Henrique II
Henrique II Plantageneta (5 de Março de 1133 – Le MansFrança6 de Julho de 1189) foi Conde de Anjoude PoitiersDuque da Normandia e Rei de Inglaterra de 1154 até à sua morte, em 1189, tendo sido o primeiro monarca da dinastia angevina, os Plantagenetas. Era filho de Matilde de Inglaterra e de Godofredo V, Conde de Anjou e sucedeu ao primo em segundo grau Estêvão I de Inglaterra no fim da Anarquia. Henrique foi apelidado com vários cognomes, entre eles "Curt Mantle", devido aos mantos curtos que preferia usar, e "FitzEmpress" numa referência à sua mãe, em dada altura Imperatriz consorte do Sacro Império.
Índice
1 Primeiros anos
2 Reinado
3 Conflitos com a família
4 Ascendência
5 Descendência
Primeiros anos
Henrique cresceu em Anjou nos territórios do pai, acompanhando de longe a luta de sua mãe pela coroa inglesa. Foi introduzido na governação em 1150 e depressa se revelou um líder capaz. A 18 de Maio de 1152, Henrique casou com a herdeira e duquesa Leonor da Aquitânia, recentemente divorciada do rei Luís VII de França. Apesar do divórcio, Leonor conseguiu preservar a tutela do seu ducado, que passou a governar com Henrique a partir da data do casamento. Este facto fez de Henrique senhor de um território que incluía a Normandia, Anjou, PoitiersAquitânia e Gasconha, tornando-o tão poderoso ou mais que o próprio rei de França.
Reinado

Em 1153, depois da morte de Eustáquio de Blois, herdeiro de Estêvão de Inglaterra, Henrique invadiu a Inglaterra e obrigou o rei doente a nomeá-lo como sucessor. Esta solução para o fim da guerra civil agradou às populações e no ano seguinte Henrique tornou-se rei de Inglaterra com apoio generalizado do país. Henrique depressa mostrou que não seria um monarca leniente (suave) e que os tempos da Anarquia tinham chegado ao fim. As suas primeiras medidas foram dirigidas aos nobres que se haviam tornado imprevisíveis durante a crise. Castelos construídos sem autorização real foram desmantelados e um novo sistema de colecta de impostos implementado. A administração pública melhorou significativamente com o estabelecimento de registos públicos criados pelo rei. No campo da justiça, Henrique mandou coligir o primeiro livro de leis inglês, descentralizou o exercício da justiça através de magistrados com poderes de agir em nome da coroa e implementou o julgamento por júri.
Entre as variadas iniciativas, Henrique minou o poder da Igreja Católica, determinando que religiosos que tivessem cometido crimes de direito comum fossem julgados por tribunais civis e não eclesiásticos, e estabelecendo um novo conjunto de impostos sobre as ordens religiosas. Como seria de prever, esta atitude valeu-lhe uma enorme onda de protestos, encabeçada por Tomás Becket, Arcebispo da Cantuária e seu amigo pessoal. Becket dirigiu-se a Roma para apelar ao papa ao que se seguiu um exílio de vários anos. Em 1170, Henrique e Beckett reconciliaram-se formalmente num encontro na Normandia, mas pouco depois o atrito recomeçou. Diz a tradição que Henrique perguntou: Não há ninguém que me livre deste padre turbulento?. Quatro dos seus nobres levaram o desabafo a sério e Tomás Becket foi assassinado na Catedral da Cantuária a 29 de Dezembro de 1170. Henrique chorou a morte de Becket e puniu severamente tanto os assassinos como as suas famílias. Para aligeirar a relação com o papa que o ameaçou de excomunhão, o rei doou importantes somas à ordem dos Templários e aos Cavaleiros Hospitalários e incentivou os seus súbditos a partir em cruzada para a Terra Santa, apesar de ele próprio nunca ter peregrinado ao Oriente.
Durante o seu reinado, Henrique finalizou a conquista e anexação do País de Gales e da Irlanda.
Conflitos com a família
O casamento com Leonor da Aquitânia, se bem que político e com um intervalo de 11 anos entre eles, foi certamente tempestuoso. Guilherme de Poitiers, o primeiro filho do casal nasceu poucos meses depois do casamento o que indica uma relação anterior ao matrimónio. Henrique, no entanto, concebeu cerca de dez filhos ilegítimos, alguns dos quais criados pela própria Leonor junto dos filhos de ambos.
No princípio da década de 1170, Leonor abandonou Inglaterra e estabeleceu-se na Aquitânia. Os motivos permanecem desconhecidos, mas a ligação amorosa e pública de Henrique com Rosamunda Clifford, uma galesa, pode ter tido alguma influência. Na mesma altura, Henrique decidiu separar os seus territórios de forma a serem herdados pelos diferentes filhos. O resultado foi desastroso uma vez que os príncipes decidiram apropriar-se das terras antes da sua morte. Henrique, o Jovem e Ricardo revoltaram-se contra o pai na Normandia e Anjou, com o apoio de Leonor, que não tinha apreciado as recentes intromissões de Henrique no Ducado da Aquitânia, e de Luís VII de França. De todos os seus filhos apenas o bastardo Godofredo, Arcebispo de York, permaneceu do seu lado e na sua estima até ao fim. Em 1173 é a própria Leonor quem inicia uma rebelião contra o rei. Henrique acabou por controlar a revolta no ano seguinte e colocou-a na prisão onde permaneceu nos 15 anos seguintes. Nesta altura, Henrique assumiu a relação com Rosamunda, que passou a receber tratamento de rainha, e equacionou o divórcio de Leonor da Aquitânia para casar sua irmã, filha de Luís com sua segunda esposa, a princesa Alice de França.
A relação com o filho Ricardo piorou ainda mais com a sua subida ao estatuto de herdeiro depois da morte do irmão mais velho. Em Julho de 1189 Ricardo, auxiliado pelo rei Filipe II de França, derrota o exército de Henrique em Chinon. Dois dias depois, Henrique morreu num castelo das redondezas, presumivelmente de ferimentos recebidos na batalha. Encontra-se sepultado na Abadia de Fontevraud em Anjou, França.
Ascendência
16. Geoffrey, Conde de Gâtinais
8. Fulk IV de Anjou
17. Ermengarde de Anjou
4. Fulk V de Anjou
18. Simão I de Montfort
9. Bertrade de Montfort
19. Agnes, Condessa de Evreux
2. Godofredo V de Anjou
20. John de Beaugency
10. Elias I de Maine
21. Paula de Maine
5. Ermengarde de Maine
22. Gervais, Senhor de Château-du-Loir
11. Matilda de Château-du-Loir
1. Henrique II de Inglaterra
24. Roberto I da Normandia
12. Guilherme I de Inglaterra
25. Herleva de Falaise
6. Henrique I de Inglaterra
26. Balduíno V, Conde de Flandres
13. Matilda de Flanders
27. Adèle da França
3. Matilde de Inglaterra
28. Duncan I da Escócia
14. Malcolm III da Escócia
29. Suthen
7. Matilde da Escócia
30. Eduardo o Exílio
15. Margarida da Escócia
31. Ágata
Descendência
De Leonor da Aquitânia , Duquesa da Aquitânia (1 de Abril de 1122 - 31 de Março de 1204), filha de Guilherme X da Aquitânia, duque da Aquitânia (1099 - 9 de Abril de 1137) e de Leonor de Châtellerault (1103 - 1137), teve:
  1. Guilherme, Conde de Poitiers (1152-1156)
  2. Henrique, o Jovem, herdeiro de Inglaterra (1155-1183)
  3. Matilde Plantageneta (1156-1189), casada com Henrique, O Leão, Duque da Saxônia e da Baviera
  4. Ricardo Coração de Leão, rei de Inglaterra (1157-1199)
  5. Geoffrey, Duque da Bretanha (1158-1186)
  6. Leonor Plantageneta (1162-1214), casou com Afonso VIII de Castela
  7. Joana Plantageneta (1165-1199), casou com 1) Guilherme II, rei da Sicília e 2) Raimundo, Conde de Toulouse
  8. João Sem Terra, rei de Inglaterra (1166-1216)
Filhos ilegítimos, entre outros
  1. Guilherme Longespee, Conde de Salisbury (1152-c.1226)
  2. Geoffrey, Arcebispo de York (1159-1212)
Governo
Reinado: 25 de outubro de 1154 - 6 de julho de 1189.
Coroação: 19 de dezembro de 1154.
Consorte: Leonor da Aquitânia.
Antecessor: Estêvão I.
Sucessor: Ricardo I.
Dinastia: Plantageneta.
Vida
Nascimento: 5 de março de 1133, Le Mans, França.
Morte: 6 de julho de 1189, Chinon, Berri, França.
Sepultamento: Fontevraud, França.
Filhos: Guilherme, Henrique, Matilde, Ricardo I, Godofredo, Leonor, Joana, João I.
Pai: Geofredo V de Ajou.
Mãe: Matilde de Inglaterra.
                                     
                                                               Henrique II.
Ricardo I
Ricardo I (Oxford8 de setembro de 1157 — Châlus6 de abril de 1199) foi Duque da Aquitânia (1168-1199), Conde de AnjouDuque da Normandia e Rei de Inglaterra (1189-1199). Ricardo é também conhecido por vários cognomes, entre eles Coração de Leão (Coeur de Lion,Lionheart), Oc et No (sim e não em língua provençal) e Melek-Ric (Rei-Ricardo) pelos muçulmanos do Médio Oriente, que usavam a sua figura para ameaçar as crianças que se portavam mal. Ricardo foi um dos líderes da Terceira Cruzada e foi na sua época considerado como um herói.
Índice
1 Primeiros anos
2 Rei e cruzado
3 Ricardo Coração de Leão imortalizado em livros de Sir Walter Scott
4 Curiosidades
5 Genealogia
Primeiros anos
Ricardo era o terceiro filho de Henrique II de Inglaterra e Leonor da Aquitânia, depois de Guilherme, Conde de Poitiers, que morreu criança, e Henrique, o Jovem. Foi educado essencialmente pela mãe e quando Leonor decidiu separar-se de Henrique II e ir viver em Poitiers no fim da década de 1170, Ricardo acompanhou-a. Enquanto príncipe, recebeu uma excelente educação, mas sobretudo voltada para a cultura francesa. Ricardo nunca aprendeu a falar inglês e pouca ou nenhuma importância deu à Inglaterra durante a sua vida. Essa "negligência" beneficiou seu irmão João, que posteriormente, quando de sua ausência, na terceira cruzada, tentou-lhe usurpar o poder. João também foi o responsável pela Magna Carta.
Em 1168, tornou-se Duque da Aquitânia em conjunção com Leonor, no âmbito da política de Henrique II em dividir os seus territórios pelos filhos. A medida não obteve os objetivos esperados porque, em 1173, Leonor e Ricardo foram os responsáveis por uma revolta generalizada contra Henrique II que partiu da Aquitânia. O rei controlou os motins no ano seguinte, perdoando a Ricardo e Henrique o Jovem, mas encarcerando Leonor. Talvez por isso e pelo humilhante pedido de desculpas a que foi obrigado, Ricardo nunca se reconciliou totalmente com o pai. Após este episódio, Ricardo teve que lidar ele próprio com diversas revoltas da nobreza da Aquitânia que desejavam vê-lo substituído por um dos irmãos, e que suprimiu com violência.
Com a morte de Henrique, o Jovem em 1183, Ricardo torna-se no inesperado sucessor do trono inglês e do Ducado da Normandia. Em 1188, com a relação dos dois que continuava péssima, Henrique II considerou que Ricardo não merecia mais a Aquitânia e tentou entregar este ducado a João I de Inglaterra, o seu filho mais novo. Ricardo, por sua vez, não gostou de se ver preterido pelo irmão e preparou-se para defender o seu território, pedindo ajuda a Filipe II de França. Juntos, responderam à invasão das tropas de Henrique II, que acabou por morrer pouco depois de ter sido derrotado numa batalha em 1189.
Rei e cruzado
Ricardo tornou-se então rei da Inglaterra, duque da Normandia e conde de Anjou, sucedendo ao pai que detestava, sendo coroado em 3 de setembro, na Abadia de Westminster. Livre para perseguir os seus próprios interesses, Ricardo não permaneceu muito tempo na Inglaterra. Imediatamente após a subida ao trono, começou a preparar a expedição à Terra Santa que seria a Terceira Cruzada. Para tal, não hesitou em esvaziar o tesouro do pai, cobrar novos impostos, vender títulos e cargos por somas exorbitantes a quem os quisesse pagar e até libertar o rei Guilherme I da Escócia dos seus votos de vassalagem por cerca de 10,000 marcos. O único entrave era a ameaça constante que Filipe II de França representava para os seus territórios no continente, e que Ricardo resolveu convencendo-o a juntar-se também à cruzada.
A primeira paragem dos cruzados foi na Sicília em 1190, onde Ricardo e Filipe se imiscuíram na política local, saqueando algumas cidades de caminho. Foi nesta altura e por este motivo que Ricardo comprou a inimizade do Sacro Império e nomeou o sobrinho Artur I, Duque da Bretanha como seu herdeiro.
Em 1191, Ricardo e o seu exército desembarcam em Chipre devido a uma tempestade. A presença de tantos homens foi considerada uma ameaça pelo líder bizantino da ilha, e em breve os conflitos apareceram. A resposta de Ricardo foi violenta: não só se recusou a partir, como massacrou os habitantes das cidades que lhe resistiram, espalhando a destruição na ilha. Depois do cerco de Cantaras, Isaac I Comneno abdicou e Ricardo tornou-se o dono de Chipre. Foi também neste ano que casou com a princesa Berengária de Navarra, numa união a que nunca ligou e que não produziu descendência.
Em junho de 1191, Ricardo chegou à Terra Santa a tempo de aliviar o cerco de Acre imposto por Saladino. Estava já sem aliados, depois de uma série de desavenças com Filipe e o duque Leopoldo V da Áustria. A sua campanha foi um sucesso e granjeou-lhe o estatuto de herói, bem como o respeito dos adversários, mas sozinho com o seu exército não poderia nunca realizar o seu principal objectivo de recuperar Jerusalém para o controle cristão. Além disso, a influência de João na política em Inglaterra e de Filipe II, demasiado próximo agora da Aquitânia e Normandia, obrigavam um urgente regresso à Europa. No Outono de 1192, Ricardo iniciou o caminho de volta, depois de se recusar em ver sequer de longe Jerusalém.
Na viagem de regresso, Ricardo reencontrou Leopoldo da Áustria, que não lhe havia perdoado os insultos recebidos em Chipre, foi feito prisioneiro e mais tarde entregue ao imperador Henrique VI do Sacro Império. O seu cativeiro em Dürnstein, na Áustria, não foi severo e durante os quatorze meses em que foi mantido prisioneiro (dezembro de 1192 a 4 de fevereiro de 1194) Ricardo continuou a ter acesso aos privilégios que a sua condição de rei determinava. O seu resgate custou 150 000 marcos ao tesouro de Inglaterra, soma equivalente ao dobro da renda anual da coroa, o que colocou o país na absoluta bancarrota e obrigou a muitos impostos adicionais nos anos seguintes. Como prova de agradecimento a Deus pela sua libertação, Ricardo arrependeu-se publicamente dos seus pecados e foi coroado uma segunda vez. Apesar do esforço do país para o libertar, Ricardo abandonou a Inglaterra de novo ainda no mesmo ano de 1194 para lidar com os problemas fronteiriços com a França nos territórios do continente. Desta vez para não mais regressar.
Ricardo morreu como consequência de ferimentos provocados por uma flecha que o atingiu no abdómen em abril de 1199. O próprio facto de ter sido atingido naquela zona do corpo é revelador da sua personalidade. Se tivesse usado uma armadura nesse dia, não teria morrido. O seu corpo está sepultado na Abadia de Fontevraud, junto de Henrique II de Inglaterra e de Leonor da Aquitânia.
O rei Ricardo morreu sem deixar descendentes e foi sucedido pelo seu irmão João Sem Terra.
                         Ricardo Coração de Leão, por Merry-Joseph Blondel, Palácio de Versalhes.
                                        Estátua de Ricardo I, em frente ao Palácio de Wesminster.
Ricardo Coração de Leão imortalizado em livros de Sir Walter Scott
Ricardo Coração de Leão foi personagem de alguns livros de sir Walter Scott. Apareceu em O Talismã e em Ivanhoé, sendo imortalizado em tais livros.
Uma ótima biografia sobre Ricardo Coração de Leão foi escrita pela medievalista Régine Pernoud que o chama de "O Rei dos Reis da Terra".
Curiosidades
No jogo Age of Empires II, Ricardo I aparece na última campanha de Barbarossa com pequeno exército de arqueiros e cavaleiros fazendo cerco contra exército de Saladino.
No filme Coração de Cavaleiro, estrelado por Heath Ledger, ele é citado em zombaria ao ator dizer que se chama Ulrich Von Linchenstein para fazer se passar por um nobre perante a Geoffrey Chaucer encenado por Paul Bettany.
Outro filme em que o rei Ricardo é retratado é Robin Hood (2009), estrelado por Russell Crowe e dirigido por Ridley Scott, traz uma versão mais próxima da história do rei e sua morte, apesar de ser evidentemente romanceada.
Genealogia
16. Fulque IV de Anjou
8. Fulque V de Anjou
17. Bertranda de Monforte
4. Godofredo V de Anjou
18. Elias I de Maine
9. Ermengarda de Maine
19. Matilda de Château-du-Loir
2. Henrique II de Inglaterra
20. Guilherme I de Inglaterra
10. Henrique I de Inglaterra
21. Matilda da Flandres
5. Matilde de Inglaterra
22. Duncan I da Escócia
11. Matilde da Escócia
23. Margarida da Escócia
1. Ricardo I de Inglaterra
24. Guilherme VIII da Aquitânia
12. Guilherme IX da Aquitânia
25. Hildegarda da Borgonha
6. Guilherme X da Aquitânia
26. Guilherme IV de Tolosa
13. Filipa de Tolosa
27. Emma de Mortain
3. Leonor da Aquitânia
14. Aimery I de Châttellerault
7. Leonor de Châtellerault
15. Dangereuse de L'Isle Bouchard





Governo
Reinado: 6 de julho de 1189 - 6 de abril de 1199.
Coroação: 3 de setembro de 1139.
Consorte: Berengária de Navarra.
Antecessor: Henrique II de Inglaterra.
Sucessor: João I.
Casa Real: Casa de Plantageneta.
Títulos: Lorde da Irlanda, Duque da Normandia, Duque da Aquitânia, Conde Anjou.
Vida
Nome completo: Ricardo de Anjou.
Nascimento: 8 de setembro de 1157, Beaumont Palace, Oxford, Inglaterra.
Morte: 6 de abril de 1199 (41 anos), Châlus, Limousin.
Sepultamento: Abadia de Fontevraud.
Pai: Henrique II de Inglaterra.
Mãe: Leonor, Duquesa da Aquitânia.
                                                                         Ricardo I.

João I
João I de Inglaterra ou João Sem Terra (Lackland em inglês; Oxford, 24 de Dezembro de 1166 - Castelo de Newark, Nottinghamshire, 18 de Outubro de 1216) foi Rei de Inglaterra, Duque da Normandia e Duque da Aquitânia de 1199 a 1216. Quinto filho de Henrique II, não herdou nenhuma terra quando da morte de seu pai, fato que lhe deu o seu cognome. Passou à História como o rei que assinou a Magna Carta, considerado o início da monarquia constitucional em Inglaterra.
Era o mais novo entre os cinco filhos do rei Henrique II de Inglaterra e Leonor da Aquitânia e não se esperava que sucedesse ao trono. Foi, no entanto, o único dos filhos legítimos de Henrique II que não se revoltou contra o poder do pai. Talvez, como compensação, João foi nomeado Senhor da Irlanda em 1185. O seu governo foi desastroso e foi obrigado a abandonar o território poucos meses depois. Em 1188, Henrique tentou tornar João Duque da Aquitânia, em substituição de Ricardo Coração de Leão, que considerava de pouca confiança. O resultado foi catastrófico para Henrique II, que morreu durante a expedição punitiva organizada contra Ricardo.
Ricardo ascendeu ao trono e, antes de partir para a Terra Santa, nomeou como seu sucessor e herdeiro da coroa o sobrinho Artur. Entre 1189 e 1194, João foi a figura mais importante de Inglaterra durante a ausência de Ricardo, primeiro em cruzada, depois no cativeiro na Alemanha. João insurgiu-se contra Ricardo e, aliando-se de novo ao rei da França, apoderou-se da alta Normandia e da Touraine. Foi a si que coube a tarefa de reunir os 150,000 marcos necessários para pagar o resgate de Ricardo a Henrique VI, Imperador do Sacro Império. Esta soma representava na altura uma verdadeira fortuna que obrigou à imposição de impostos especiais e deixou Inglaterra na bancarrota. Talvez devido a isto, João não foi um regente popular e é frequentemente retratado como vilão em histórias como Ivanhoé ou nas lendas de Robin Hood. Ricardo, em seu regresso, concedeu-lhe o perdão e, pouco antes de morrer, proclamou-o herdeiro do trono.
Ascensão ao trono inglês (1199)
João sucedeu na coroa de Inglaterra em 1199, depois da morte de Ricardo Coração de Leão numa batalha em França. Repudiou então a esposa Isabel de Gloucester e contraiu matrimônio com Isabel de Angoulême. João, entretanto, não foi aceito logo por todos os seus súditos. Na Normandia, os nobres preferiram a pretensão de Artur I, Duque da Bretanha, o seu sobrinho de doze anos.
Para resolver o problema, João invadiu o Ducado da Bretanha em 1202 e Artur I apelou para a ajuda do reiFilipe II de França e declarou-se seu vassalo. Artur foi capturado, e possivelmente assassinado, no ano seguinte, mas já era tarde demais para impedir a intervenção dos franceses. Foi denunciado por Filipe II Augusto perante a Corte dos pares por ter raptado Isabel de Angoulême. Em 1204, Filipe II invadiu e conquistou a Normandia e o Condado de Anjou. Os aliados de João Sem Terra, entre os quais o imperador germânico Oto IV, foram batidos em Bouvines (1214), sendo ele mesmo vencido em Roche-aux-Moines. João nunca conseguiu recuperar estes territórios e as possessões inglesas no continente limitaram-se a partir de então ao Ducado da Aquitânia.
Enquanto rei, João procurou reorganizar as finanças do seu país, debilitadas depois do resgate pago pela libertação de Ricardo. Uma das medidas que tomou foi instituir um novo imposto sobre os nobres que falhavam na sua obrigação de fornecer soldados e material militar à coroa. Além disso, João acabara de perder territórios para França e interferiu na escolha do Arcebispo da Cantuária, não aceitando o candidato do Papa Inocêncio III, o que lhe valeu o desagrado do Sumo Pontífice e sua excomunhão em 1211. O rei respondeu com o confisco dos bens eclesiásticos. Os nobres viram esta repreensão da Igreja como um incentivo à revolta e em breve o país encontrava-se em estado de quase guerra civil. Para não perder o valioso apoio de Roma, no entanto, o monarca, em 1213, submeteu-se ao papa e enfeudou seus reinos à Santa Sé.
                                                                      João Sem Terra.
Fracasso na França e rebelião dos barões na Inglaterra
Depois de fracassar na tentativa de recuperar seus domínios na França, regressou à Inglaterra. Ali enfrentou a rebelião dos Barões, os quais o obrigaram, perto de Londres em 15 de Junho de 1215, a assinar, outorgar e jurar a Magna Carta (ou Carta Magna) aos barões e à burguesia, insatisfeitos com sua política. A Magna Carta, que limitou o poder monárquico, era um tratado de direitos, mas principalmente deveres, do rei para com os seus súditos. Considera-se que este tratado marca o início da monarquia constitucional em Inglaterra.
João pediu ajuda ao papa, que o eximiu do juramento. O rei passou a ignorar todos os pontos do documento. Em 1216, muitos barões descontentes com o péssimo reinado de João Sem Terra, apoiaram a invasão da Inglaterra pelos franceses liderados pelo príncipe Luis VIII de França e ofereceram o trono a este. Ele foi proclamado "Rei de Inglaterra" em maio desse ano mas nunca foi coroado. Luis aceitou o cargo com grande pompa e celebração na Catedral de St. Paul, em Londres onde muitos nobres incluindo o próprio Rei Alexandre da Escócia (1214-1249) estavam presentes e juraram-lhe vassalagem. Porém havia ainda um pequeno foco de resistência a ele e após um ano e meio de guerra, a maioria dos barões rebeldes foi derrotada e Luis teve que desistir do trono da Inglaterra ao assinar, em 1217, o Tratado de Lambert. Nele, Luis concordava que ele nunca fora um legítimo Rei de Inglaterra. A morte de João Sem Terra e o apoio para o jovem Henrique III acabaria por apressar esses fatos.
João sem Terra morreu em Newark, Inglaterra, em 18 de outubro de 1216, possivelmente envenenado por um abade irritado por ele ter tentado seduzir uma freira e encontra-se sepultado na catedral de Worcester. Subiu ao trono seu filho Henrique III.
                                                     João sem Terra assina a Magna Carta.
Governo
Reinado: 6 de abril de 1199 - 19 de outubro de 1216.
Consorte: Isabel de Gloucester - Isabel de Angoulême.
Antecessor: Ricardo, Coração de Leão.
Sucessor: Henrique II.
Casa Real: Casa de Plantageneta.
Títulos: Lorde da Irlanda, Duque da Normandia, Duque da Aquitãnia e Conde de Anjou.
Vida
Nome completo: João de Anjou.
Nascimento: 24 de dezembro de 1164, Oxford, Inglaterra.
Morte: 18 de outubro de 1216 (49 anos), Nottingham, Inglaterra.
Sepultamento: Castelo de Windsor.
Filhos: Henrique III, Ricardo da Cornualha, Joana, Isabella, Eleanor.
Pai: Henrique II de Inglaterra.
Mãe: Leonor, Duquesa de Aquitânia.
                                                                                 João I.

Henrique III
Henrique III (Winchester, 1 de outubro de 1207 — Palácio de Westminster, 16 de novembro de 1272) foi rei de Inglaterra e duque da Aquitânia entre 1216 e 1272. Até 1259 foi também duque da Normandia e conde de Anjou, embora apenas nominal, visto que estes territórios tinham sido conquistados e anexados pelo rei Filipe II de França em 1204. Henrique III era filho de João I de Inglaterra e da sua segunda mulher Isabel de Angoulême e sucedeu ao pai com apenas nove anos.
O longo reinado de Henrique foi marcado por disputas internas e assistiu à revolta de Simão de Montfort, Conde de Leicester. Apesar de cunhado de Henrique III, Leicester não lhe fez a vida fácil e foi o responsável pela convocação da primeira sessão do parlamento britânico, ao abrigo das disposições da Magna Carta. Em 1264, Henrique é derrotado em Batalha de Lewes e feito prisioneiro. No ano seguinte, por iniciativa do seu herdeiro Eduardo, é libertado e reprime com violência os últimos focos de revolta. Por volta de 1270, Henrique abdica em tudo menos no aspecto formal para Eduardo e morre em 1272 com 65 anos. Encontra-se sepultado na Abadia de Westminster em Londres.
Descendência
De sua mulher, Leonor da Provença:
  • Eduardo I, rei de Inglaterra (1239-1307)
  • Margarida Plantageneta (1240-1275), casou com Alexandre III da Escócia
  • Beatriz Plantageneta (1242-1275), casou com João II, Duque da Bretanha
  • Edmundo, conde de Leicester (1245-1296)
  • Catarina (1253-1257)
Governo
Reinado: 18 de outubro de 1216 - 16 de novembro e 1272.
Coroação: 28 de outubro de 1216 - 17 de maio de 1220 (Abadia de Westminster).
Consorte Leonor da Provença.
Antecessor: João I.
Sucessor: Eduardo I.
Casa Real: Casa de Plantageneta.
Títulos: Duque da Aquitânia, Duque da Normandia, Conde de Anjou, Lorde da Irlanda.
Vida
Nascimento: 1 de outubro de 1207, Castelo de Winchester, Hampshire.
Morte: 16 de novembro de 1272, Westminster (Inglaterra).
Sepultamento: Abadia de Westminster, Londres, Inglaterra.
Filhos: Eduardo I de Inglaterra, Margarida, Rainha do Escoceses, Beatriz, Duquesa de Brittany, Edmundo Crouchbak, 1° Conde de Lencester e Lancaster.
Pai: João I de Inglaterra.
Mãe: Isabel de Angoulême.
                                                                          Henrique III.

Eduardo I
Eduardo I de Inglaterra (17 de Junho de 1239 - 7 de Julho de 1307), cognominado Longshanks (Pernas Longas), foi um Rei de Inglaterra da dinastia Plantageneta entre 1272 e 1307. Era filho de Henrique III de Inglaterra, a quem sucedeu em 1272, e de Leonor da Provença. Durante o seu reinado, a Inglaterra conquistou e anexou o País de Gales e adquiriu controle sobre a Escócia.
Reinado
Eduardo mostrou ter uma personalidade e estilo de governação bastante diferentes do seu pai, que procurava reinar por consenso e resolvendo crises de forma diplomática. A primeira prova do seu carácter forte surgiu em 1265, ainda enquanto herdeiro, quando derrotou decisivamente o rebelde Simão de Montfort, Conde de Leicester na batalha de Evesham, perseguindo depois todos os seus apoiantes e família. Suas ações garantiram uma reputação de violência e falta de misericórdia para com os seus adversários.
Em 1270, Eduardo juntou-se ao movimento das Cruzadas em parceria com o rei Luís IX de França. Como o rei francês morreu antes de realizar os planos para a conquista do Norte de África, Eduardo e o seu exército viajaram para Acre (onde acabaram por nascer dois dos seus filhos). Enquanto se encontrava na Terra Santa, Henrique III faleceu e Eduardo regressou a Inglaterra para reclamar a coroa em 1274.
Em 1282, os nobres do País de Gales, liderados pelos príncipes Llywelyn e Dafydd, revoltaram-se contra a presença inglesa. Eduardo lançou contra eles toda a sua força militar e derrotou o exército rebelde. Para além de perseguir até ao último os nobres galeses, Eduardo fortificou o país de forma a assegurar a sua posição. Sem mais família real ou aristocracia digna de tomar iniciativa, o País de Gales foi incorporado em Inglaterra em 1284 através do Estatuto de Rhuddlan.
Para financiar a sua expedição contra Gales, Eduardo impôs um novo sistema de impostos aos usurários judeus, o que deixou muitos deles na bancarrota. Quando não puderam mais contribuir, Eduardo acusou-os de falta de lealdade ao Estado e passou a persegui-los. Cerca de 300 chefes de família foram assassinados na Torre de Londres e muitos mais no resto de país. Em 1290, Eduardo expulsou os últimos judeus de Inglaterra. Os judeus só puderam regressar à Inglaterra no século XVII, após a missão bem-sucedida de Menasseh ben Israel, que pediu a Oliver Cromwell a permissão de entrada no país para os judeus neerlandeses.
Depois destes episódios contra Gales e o povo judaico, Eduardo virou as suas atenções para a Escócia, onde se vivia uma crise dinástica depois da morte da rainha-criança Margarida I da Escócia. O seu plano inicial era casar o seu herdeiro Eduardo com Margarida e assim concretizar a anexação, mas quando esta morreu com apenas sete anos, Eduardo I foi convidado pela nobreza escocesa a escolher o novo rei. Em 1291, a escolha recai sobre John Balliol, um homem extremamente impopular, o que resultou na primeira das guerras da independência da Escócia. O herói desta guerra contra Eduardo I foi William Wallace, cuja vida fantasiada foi retratada no filme Braveheart (Coração Valente em português). Após mais de dez anos de conflito, Wallace foi feito prisioneiro, condenado por traição e executado brutalmente para dar o exemplo. O efeito foi o oposto visto que os escoceses se motivaram ainda mais pela independência através do martírio de Wallace.
A vida de Eduardo I não foi melhor depois disso. Ele perdeu sua amada primeira esposa, Leonor, e seu herdeiro, Eduardo II, também não era o que ele esperava.
O plano de conquistar a Escócia acabou por fracassar. Em 1307 ele morreu em Burgh-a-Sands, Cumberland, na fronteira escocesa, a caminho de uma outra campanha contra esses últimos que, ironicamente, estavam sob a liderança de Robert Bruce, amigo de Wallace. Eduardo foi sepultado na Abadia de Westminster, em uma tumba de mármore preto, que nos últimos anos foi pintada com as palavras Edwardus Primus Scottorum malleus hic est, pactum Serva (Aqui está Eduardo I, martelo escocês. Mantenha a Fé).
Em 2 de Janeiro de 1774, a Sociedade de Antiquários abriu o caixão e descobriu que seu corpo havia sido perfeitamente preservado por 467 anos. Seu corpo foi medido em 6 pés 2 polegadas (188 cm).
Descendência
  • De sua primeira mulher, a princesa Leonor de Castela (1240-1290)
    • Catarina (1264)
    • Joana (1265)
    • João (1266-1271)
    • Henrique (1268-1274)
    • Leonor Plantageneta (1268-1297), casou com Afonso III, Rei de Aragão e com Henrique III, Conde de Bar
    • Joana Plantageneta (1272-1307), casou com Gilberto de Clare, Conde de Gloucester
    • Afonso, Conde de Chester (1273-1284)
    • Margarida Plantageneta (1275-1333), casou com João II, Duque de Brabante
    • Berengária (1276-1278)
    • Maria Plantageneta (1279-1332), freira
    • Isabel Plantageneta (1282-1316), casou com Humphrey VIII de Bohun, Conde de Hereford e Essex
    • Eduardo II, Rei de Inglaterra (1284-k.1327)
    • Beatriz, princesa de Inglaterra (1286)
    • Branca, princesa de Inglaterra (1290)
  • De sua segunda mulher, a princesa Margarida de França (1275-1317)
    • Tomás Plantageneta, Conde de Norfolk (1300-1338)
    • Edmundo Plantageneta, Conde de Kent e Arundel (1301-e.1330)
    • Leonor (1306-1311)
Governo
Reinado: 20 de novembro de 1272 - 7 de julho de 1307. 
Coroação: 19 de agosto de 1274.
Consorte: Leonor de Castela, Margarida de França.
Dinastia: Plantageneta.
Títulos: Conde de Chester, Lorde da Irlanda, Duque da Aquitânia.
Vida
Nascimento: 17 de junho de 1239, Westminster, Londres, Inglaterra.
Morte: 7 de junho de 1307, Burgh-on-the-Sands, Cumberland, Inglaterra.
Sepultamento: Westmisnter, Londres, Inglaterra.
Filhos: Com Leonor de Castela: Leonor, Joana, João, Alice, Henrique, Catarina, Joana, Afonso, Conde de Chester, Margarida, Berengária, Maria, Alice, Isabel, Isabel, Eduardo II, Beatriz, Branca. Com Margarida de França: Tomás, Edmundo Leonor, João, Outros.
                                                                          Eduardo I.

Eduardo II
Eduardo II de Inglaterra (Castelo de Caernarfon25 de abril de 1284 — Gloucestershire21 de setembro de 1327) foi rei de Inglaterra de 1307, sucedendo ao pai, a janeiro de 1327, quando foi obrigado a abdicar para Eduardo III. Era o filho mais novo de Eduardo I de Inglaterra e de Leonor de Castela e nasceu no Castelo de Caernarfon no País de Gales. Foi também o primeiro Príncipe de Gales, a partir de 1301.
Índice
1 Reinado
2 Últimos dias
3 Descendência
Reinado
Eduardo tornou-se herdeiro da Coroa com poucos meses de vida, devido à morte de seu irmão mais velho, Afonso, ainda criança. Desde cedo Eduardo I tentou educá-lo para governar, enfocando os aspectos militares. O príncipe participou de várias campanhas contra os escoceses mas, para desgosto do pai, desenvolveu o que os historiadores contemporâneos descrevem como uma personalidade fútil e extravagante. Eduardo I atribuiu tal comportamento à má influência do amigo íntimo do filho, Piers Gaveston, e exilou-o para a sua Gasconha natal.
Em Julho de 1307, torna-se o rei Eduardo II com a morte do pai durante uma campanha. A sua primeira atitude foi chamar Gaveston de novo à corte, mas depois pouco fez. Eduardo não era um homem dado à governação, preferindo os divertimentos da corte e as caçadas. Talvez devido à forte personalidade do pai, que sempre o controlou, tinha pouca confiança em si mesmo e era muito permeável à influência e à manipulação externa. Em 25 de Janeiro de 1308, casou com a princesa Isabel de França, filha do rei Filipe IV. Foi uma união condenada ao fracasso, visto que Isabel foi rapidamente ignorada pelo marido, que, de acordo com alguns indícios, parece ter sido homossexual. Apesar disso, tiveram quatro filhos.
A preferência de Eduardo II por Gaveston provocou numerosos escândalos. O rei ofereceu-lhe o Condado da Cornualha e casou-o com a sobrinha Margarida de Gloucester, provocando o ressentimento da nobreza tradicional. Os nobres exigiram o exílio de Gaveston por duas vezes e por duas vezes Eduardo obedeceu, para o chamar de volta pouco depois. Em 1312 a situação requereu medidas mais drásticas e Piers Gaveston foi assassinado. Eduardo II nada fez para vingar a sua morte e em vez disso assistiu à formação do Parlamento e à passagem do poder efectivo para um conjunto de 21 nobres.
Gaveston foi substituído por Hugh le Despenser, cujo pai, de mesmo nome, era então um político experiente que soube tirar partido da relação. Em breve a Inglaterra caíu num estado próximo da guerra civil entre o rei controlado pelos Despenser e os outros nobres. Entretanto, Roberto I da Escócia conquistava o terreno perdido para Eduardo I durante os anos anteriores, e conseguiu uma vitória significativa na batalha de Bannockburn.
Esta derrota enfraqueceu ainda mais o poder de Eduardo II e nos anos seguintes a Inglaterra foi governada por Hugh le Despenser pai, que não hesitou em mandar executar ou exilar os seus adversários políticos.
Em 1325, Isabel de França abandonou o país com o futuro Eduardo III a pretexto de uma visita ao Ducado da Aquitânia mas os seus motivos eram bem diferentes. Depressa anunciou que se recusava a entregar o herdeiro enquanto os Despenser se encontrassem em favor real. A seu lado estavam os nobres exilados que detestavam o rei e o seu favorito, em particular Roger Mortimer, Conde de March, que tinha se tornado seu amante. Em Setembro de 1326, Isabel desembarcou em Essex acompanhada por um exército, anunciando que vinha para vingar as perseguições e expulsar os Despenser do poder. De imediato obteve o apoio de muitas casas importantes e avançou para Londres com confiança. Abandonado pelos seus partidários Eduardo II fugiu da capital e refugiou-se no Castelo de Glamorgan, propriedade dos Despenser. Isabel seguiu-o e tomou o castelo, executando Hugh le Despenser pai e filho, sem contemplações. Eduardo ainda tentou fugir à mulher, mas foi capturado pouco depois e encarcerado em Kenilworth. Em 25 de Janeiro de 1327, o Parlamento reunido em Westminster obrigou-o a abdicar para o filho.
Últimos dias
A regência de Isabella e Mortimer era precária. Em 3 de Abril, Eduardo II foi removido de Kenilworth e confiado à guarda de dois subordinados de Mortimer e, em seguida, levado para o Castelo de Berkeley, em Gloucestershire, onde acredita-se, ele foi assassinado por um agente de Isabella e Mortimer. Eduardo II foi tratado em condições sub-humanas pois esperava-se que ele não resistisse muito tempo a alguma doença e morreria de forma que parecesse natural. Mas isso não aconteceu e os regentes viam sua situação piorar a cada dia até que um dos guardas terá tido uma idéia para matá-lo sem usar venenos ou qualquer tipo de armas que deixassem à mostra uma prova que ele teria sido assassinado.
Segundo uma crónica atribuída por alguns autores a Thomas de la Moore e por outros a Geoffrey le Baker[1], na noite de 21 de setembro, Eduardo II terá sido surpreendido enquanto dormia e um grande colchão foi jogado sobre ele para abafar seus gritos enquanto um chifre de boi oco era introduzido em seu ânus. Por dentro do chifre, passou um ferro em brasa que queimou seu intestino e vários órgãos internos. Houve rumores que Eduardo II tinha sido morto pela inserção de um pedaço de cobre em seu reto (mais tarde, uma haste de ferro vermelho e quente, como no suposto assassinato de Edmund Ironside). A razão de usarem um chifre era para permitir ao ferro em brasa penetrar, queimar as entranhas do rei e sair sem ferir suas nádegas.
Na sequência do anúncio público da morte do rei, a situação de Isabella e Mortimer não duraria muito. Eles fizeram a paz com os escoceses no Tratado de Northampton, mas esse acordo foi extremamente impopular. Assim, quando Eduardo III assumiu o trono em 1330, ele mandou executar Roger Mortimer com base em quatorze acusações de traição, mais significativamente o assassinato de Eduardo II. Eduardo III poupou sua mãe e lhe deu um generoso subsídio, mas garantiu que ela se retirasse da vida pública sendo confinada num castelo. Ela morreu em Hertford em 23 de Agosto de 1358.
                                                                   Tumba de Eduardo II.
Descendência
De Isabel,
  • Eduardo III, Rei de Inglaterra (1312-1377)
  • João Plantageneta, Conde da Cornualha (1316-1336)
  • Leonor Plantageneta (1318-1355), casou com Reinaldo II, Duque de Geldern
  • Joana Plantageneta (1321-1362), casou com David II da Escócia
Governo
Reinado: 7 de julho de 1307 - 25 de janeiro de 1327.
Coroação: 25 de fevereiro de 1308.
Consorte: Isabel de França.
Antecessor: Eduardo I.
Sucessor: Eduardo III.
Títulos: Duque da Aquitânia, Lorde da Irlanda.
Vida
Nascimento: 25 de abril de 1284, Castelo de Caernarfon, Dwynedd..
Morte: 21 de setembro de 1327, Castelo de Berkeley, Gloucestershire (Inglaterra).
Filhos: Eduardo III de Inglaterra, João, Conde de Cornualha, Leonor, Condessa de Guelders, Joana, Rainha dos Escoceses.
                                                                          Eduardo II.

Eduardo III
Eduardo III de Inglaterra (13 de novembro de 1312 - 21 de junho de 1377), conde de Chester (1312), conde de Ponthieu e de Montreuil a 2 de setembro de 1325, e depois Rei de Inglaterra e duque da Aquitânia a 25 de janeiro de 1327. Era filho de Eduardo II de Inglaterra e da princesa Isabel de França.
Índice
1 Juventude
  1.1 Infância
  1.2 Destituição de Eduardo II
  1.3 Tomada do poder
2 Reinado
3 Descendência
4 Na cultura popular
Juventude
Infância
Eduardo nasceu em Windsor, na Inglaterra, a 13 de novembro de 1312. O reinado de seu pai ficou marcado por derrotas militares, rebeliões e corrupção da nobreza, mas o nascimento de um herdeiro masculino em 1312 permitiu manter Eduardo II no trono. Assim, no que será provavelmente uma tentativa de seu pai em restaurar a autoridade real após anos de descontentamento, Eduardo é proclamado conde de Chester com doze dias de idade, e menos de dois meses depois o seu pai fornece-lhe um conjunto de criados para a sua corte. Tem assim uma certa autonomia e pode viver como um príncipe. Tal como todos os reis de Inglaterra desde Guilherme o Conquistador, é educado na língua francesa e não conhece o inglês.
Destituição de Eduardo
20 de janeiro de 1327, tendo Eduardo catorze anos, a rainha Isabel de França e o seu amante Roger Mortimer destituem o rei. Eduardo III é coroado a 1 de fevereiro na abadia de Westminster, em Londres, por Walter Reynoldsarcebispo da Cantuária, com Isabel e Mortimer como regentes. Mortimer torna-se o dirigente da Inglaterra e submete constantemente o jovem rei ao desrespeito e humilhação.
Tomada do poder
Roger Mortimer soube que a sua posição era precária, e mais ainda quando Eduardo e a sua esposa Filipa de Hainault tiveram um filho, a 15 de junho de 1330. Mortimer utiliza o seu poder para adquirir propriedades e títulos de nobreza tais como conde do País de Gales. A maioria desses títulos eram de Edmundo FitzAlan, nono conde de Arundel, leal a Eduardo II em sua luta frente a Isabel e Mortimer, executado a 17 de novembro de 1326. A ganância e arrogância de Mortimer levaram ao ódio dos nobres, pelo que nem tudo estava perdido para o jovem rei. A execução de Edmundo de Woodstock, irmão de Eduardo II, em março de 1330, indigna os nobres e preocupou Eduardo III que se sentiu ameaçado.
O jovem e obstinado soberano decidiu governar sozinho e procurou escapar ao mesmo destino que o seu pai e seu tio, e procurou vingar-se das humilhações sofridas. Perto dos 18 anos, Eduardo estava pronto. A 19 de outubro de 1330, Mortimer e Isabel dormiam no castelo de Nottingham. Um grupo fiel a Eduardo entrou na fortaleza por uma passagem secreta e surgiu no quarto de Mortimer. Mortimer foi preso em nome do rei e levado para a torre de Londres. Despojado de suas terras e títulos, foi acusado de usurpar a autoridade real em Inglaterra. A mãe de eduardo - grávida do filho de Mortimer - suplicou misericórdia ao filho, mas em vão. Sem processo, Eduardo condenou Mortimer a morte. Este foi enforcado a 29 de novembro de 1330. Isabel foi exilada para o castelo de Rising (Norfolk) onde é provável que tenha abortado. Aos 18 anos, a vingança de Eduardo terminou e ele tomou o poder em Inglaterra.
                                                                        Eduardo III.
                                                         Eduardo III com o Príncipe Negro.
Reinado
Em 24 de janeiro de 1328, se casou com Filipa de Hainault, com quem teve uma ampla descendência. Ao contrário de seu pai, Eduardo III tinha uma personalidade forte, revelada logo que atingiu a maioridade.
Eduardo III dedicou o início da década de 1330 para restaurar o domínio sobre a Escócia, que aproveitara a confusão na política inglesa durante o reinado de Eduardo II e dos anos que se seguiram, para readquirir sua independência. Com a conquista da vitória assegurada na batalha de Halidon Hill, em 1333, Eduardo III voltou-se para outro conflito marcante durante a Idade Média.
Em 1328, Carlos IV de França, o último dos três filhos de Filipe IV, morreu sem deixar um descendente do sexo masculino. Como na França vigorava a lei sálica, a Coroa passou para Filipe de Valois, um primo distante, que foi coroado como Filipe VI de França. Eduardo III era sobrinho do falecido Carlos IV, pelo lado materno, e considerou a sua pretensão mais razoável que a do Conde de Valois, apesar de a lei sálica tecnicamente o excluir da sucessão. Os franceses não aceitaram essa hipótese que resultaria numa perda de independência e confirmaram Filipe VI como rei. Depois de alguns conflitos diplomáticos, Eduardo III declarou hostilidade aberta à França, iniciando assim a famosa Guerra dos Cem Anos. O início das hostilidades foi marcado pelos sucessos da batalha de Crecy (1346) e da batalha de Poitiers (1356), e pela conquista de grande parte do Norte de França. Apesar disso, Eduardo III não fez nenhuma tentativa para ir mais longe e conquistar Paris, por exemplo. Entregado o controle da frente francesa ao filho Eduardo, o Príncipe Negro, que já se mostrava um notável líder militar, Eduardo III se concentrou na guerra com a Escócia. O resultado da campanha do Príncipe Negro foi excelente: a Inglaterra venceu a França na Batalha de Poitiers e Eduardo III teve a honra de ver o rei João II de França como seu prisioneiro. As condições de resgate detalhadas no Tratado de Brétigny garantiam o pagamento de 3.000.000 de coroas para o seu reino e cerca de um terço do território francês.
Apesar de se respeitarem mutuamente, Eduardo III e o seu primogénito não tinham uma relação muito harmoniosa nem partilhavam a mesma visão de como deveria ser a política interna. O casamento do príncipe de Gales com Joana de Kent tinha sido motivo de grande ressentimento para Eduardo III. No entanto, quando Eduardo de Gales morreu, em 1376, Eduardo III chorou a sua morte e se tornou melancólico. Morreu no ano seguinte, sendo sucedido pelo neto Ricardo.
Depois da morte de Eduardo III, a sucessão do trono inglês parecia assegurada, seja por Ricardo, ainda muito jovem, seja pelo grande número de filhos que Eduardo gerou. Porém, os conflitos que em breve ocorreriam, entre os diversos ramos da sua descendência, deram origem à Guerra das Rosas, onde os seus netos, divididos entre as casas de York e Lancaster, disputaram a coroa numa sangrenta guerra civil. Durante seu reinado, foi estabelecida a Ordem da Jarreteira. Ele está enterrado na Abadia de Westminster.
                               Coroação de Eduardo III (Biblioteca Nacional de França, Paris).
Descendência

Nota: Os seus filhos ficaram conhecidos pela cidade onde nasceram.
  • De sua mulher, Filipa de Hainault (1311–369)
    • Eduardo, Príncipe de Gales, o Príncipe Negro (1330-1376), casou com Joana de Kent e foi pai de Ricardo II de Inglaterra, o último Plantageneta
    • Isabel Plantageneta (1332-1382), casou com Enguerrando VII de Coucy
    • Guilherme Plantageneta (1334-1337)
    • Joana Plantageneta (1335-1348)
    • Leonel de Antuérpia, Duque de Clarence (1338-1368), casou com Isabel de Burgh e Valentina Visconti de Milão, mas teve apenas uma filha
    • João de Gaunt, Duque da Aquitânia e de Lancaster (1340-1399). Os seus descendentes formaram a Casa de Lancaster, a facção da rosa vermelha na Guerra das Rosas. Foi também pai de Filipa de Lancaster, mulher do rei João I de Portugal.
    • Edmundo de Langley, Duque de York (1341-1402). Os seus descendentes formaram a Casa de York, a facção da rosa branca na Guerra das Rosas.
    • Branca Plantageneta (1342)
    • Maria Plantageneta (1344-1361), casou com João V, Duque da Bretanha
    • Margarida Plantageneta (n.1346), casou com John Hastings, Conde de Pembroke
    • Tomás de Woodstock, Duque de Gloucester (1355-k.1399), casou com Leonor de Bohun
Na cultura popular
Eduardo III é um dos principais personagens dos livros "A Loba de França" e "O Lis e o Leão" da série "Os Reis Malditos", sucesso literário de Maurice Druon.
Governo
Reinado: 1 de fevereiro de 1327 - 21 de junho de 1377.
Coroação: 1 de fevereiro de 1327.
Antecessor: Eduardo II.
Sucessor: Ricardo II.
Títulos: Duque da Aquitânia, Lorde da Irlanda.
Vida
Nascimento: 13 de novembro de 1312, Castelo de Windsor, Berkshire (Inglaterra.
Morte: 21 de junho de 1377 (64 anos), Palácio de Sheen, Richmond (Inglaterra).
Sepultamento: Abadia de Westminter, Londres, Inglaterra.

Ricardo II
Ricardo II Plantageneta (6 de janeiro, 1367 - 14 de fevereiro de 1400) foi rei de Inglaterra entre 1377 e 1399. Era filho de Eduardo, Príncipe de Gales e de Joana de Kent e tornou-se herdeiro da coroa e Príncipe de Gales em 1376, depois da morte prematura do pai e de um irmão mais velho. Ricardo sucedeu ao seu avô Eduardo III, mas acabou deposto pelo primo Henrique Bolingbroke, um Lancaster.
Na sua ascensão ao trono, Ricardo II tinha apenas dez anos, e como tal não poderia deter o poder real. A regência foi assegurada por um conjunto de homens fortes que incluíam o tio João de Gant, Duque de Lancaster. Em 1381, Ricardo II saltou para a ribalta da política ao negociar pessoalmente com os líderes de uma revolta popular. As suas acções prometiam um rei competente, o que acabou por não se provar. Ricardo II mostrou-se um rei vacilante, influenciável e nalgumas circunstâncias tirânico.
Em 1382, Ricardo casou com Ana da Boémia, filha de Carlos IV, Imperador do Sacro-Império. O casal foi feliz, mas a união não produziu qualquer descendência. Ricardo II casou uma segunda vez em 1394, com Isabel de Valois, filha do rei Carlos VI de França; a união não chegou a ser consumada.
Para o fim do seu reinado, Ricardo II entrou em disputa aberta com a família Lancaster, liderada por João de Gant, que tinha sido despachado para o continente como Duque da Aquitânia. Em 1398 expulsou também do país Henrique de Lancaster, seu primo, e quando o tio morreu em 1399, confiscou para a coroa todos os seus bens. Esta decisão valeu-lhe o ódio de Henrique, que invadiu a Inglaterra. Ricardo II foi deposto no mesmo ano e foi assassinado no Castelo de Pontefract, onde se encontrava sob prisão, em Fevereiro de 1400.
Ricardo II foi o último rei do ramo primogênito da dinastia Plantageneta (esta iria perdurar através dos ramos cadetes York e Lancastre por quase um século). A subida ao trono de Henrique IV foi contestada e a médio prazo degenerou na guerra das rosas.
A sua vida encontra-se retratada na peça Ricardo II de William Shakespeare.
Índice
1 Infância
  1.1 Nascimento
  1.2 Uma precoce ascensão ao trono
  1.3 Educação
  1.4 Hostilidade com a França
2 Adolescência
  2.1 A revolta dos camponeses
  2.2 Início políticos
  2.3 Intervenção dos Lords Appellant
3 Regresso à autoridade real
  3.1 Gestão do conflito com a França
  3.2 Últimos anos
4 Destituição e morte
Infância
Infância
Ricardo é o filho de Eduardo de Woodstock, o Príncipe negro, e de Joana de Kent. Eduardo, príncipe de Gales e herdeiro do trono, distingue-se como chefe militar no início da guerra dos Cem Anos, principalmente com a vitória da batalha de Poitiers, em 1356. Todavia, em 1370, apanha disenteria em Espanha no seguimento de uma campanha militar. Nunca se restabeleceu verdadeiramente e teve de voltar para a Inglaterra no ano seguinte.
Joana de Kent fora objeto de disputa entre Thomas Holland e William Montagu, que desejavam casar com ela. Holland saira vencedor da disputa. Menos de um ano após a morte deste último, Joana casa com o príncipe Eduardo. Esse casamento requer a aprovação do papa, sendo Joana e Eduardo primos, netos de Eduardo I.
Ricardo nasce a 6 de janeiro de 1367 em Bordéus, na Aquitânia, então principiado inglês cujo príncipe é, desde 1362, Eduardo. Segundo fontes da época, são apresentados três reis no seu nascimento: «o rei de Espanha, o rei de Navarra e o rei de Portugal». Esta anedota, associada ao fato de que o seu nascimento corresponde à festa da Epifania, será retomada no diptyque de Wilton, na qual Ricardo é um dos três reis que prestam homenagem a Jesus. Três dias depois, a 9 de janeiro de 1367, ele é batizado pelo arcebispo de Bordéus.
                                    O Príncipe Negro, ajoelhando-se frente ao seu pai Eduardo III.
Uma precoce ascensão ao trono
Ricardo permanece em Bordéus durante quatro anos. Quando Eduardo de Angoulême, o seu irmão mais velho, morre em 1371, deixando-o herdeiro de seu pai, ele é enviado para Londres. Em 1376 o Príncipe negro morre da doença que o assolava. Os membros da Câmara dos comuns do Parlamento recearam então que o tio de Ricardo, João de Gante quisesse usurpar o trono. É por essa razão que Ricardo é rapidamente investido com os títulos de seu pai, principalmente com o de príncipe de Gales. A 22 de junho do ano seguinte Eduardo III morre, e Ricardo é coroado rei de Inglaterra (16 de julho de 1377) com apenas dez anos. Mais uma vez, é o receio em João de Gante e suas ambições de poder que orientam a decisão dos responsáveis políticos, e a ideia de uma regência dirigida pelo tio do rei é posta de lado. Em vez de deixar o jovem rei exercer o seu poder, é decidido instaurar uma série de «conselhos contínuos», dos quais João de Gand é excluído. Este último tem, juntamente com o seu irmão mais novo Tomás de Woodstock, conde de Buckingham, uma grande influência informal nas decisões do governo. Mas são os conselheiros e amigos do rei, principalmente Simão de Burley e Aubrey de Vere, que pouco a pouco ganham o controlo dos assuntos reais com petições submetidas ao rei, provocando a desconfiança dos membros da Câmara dos comuns.
Educação
Poucas informações existem sobre a educação de Ricardo. Entre os seus mentores encontram-se os que eram próximos ao Príncipe negro, tais como Simão de Burley e Guichard d'Angle, ambos nomeados tutores de Ricardo, tal como Ricardo Abberbury, por vezes descrito como o seu "primeiro mestre". A influência real desses homens no futuro rei é objeto de diversas interpretações por parte dos historiadores. Para o historiador Anthony Steel, a escolha dos que eram próximos ao Príncipe negro para a educação de seu filho visava assegurar que este teria uma "formação à imagem de seu pai", sem realmente atingir o objetivo que se esperava. Por seu lado, Richard H. Jones sugere que Simão de Burley pôde influenciar a visão de monarquia absolutista de Ricardo, iniciando-o nas escrituras de Gilles de Roma.
Hostilidades com a França
No fim do seu reinado, o rei Eduardo III assinou uma trégua com Carlos V, rei da França. Quando essa trégua chega ao seu termo, Carlos V não pretende renová-la, e o início do reinado de Ricardo II fica então marcado pela retoma das ofensivas dos franceses, que saqueiam as costas da Inglaterra. A Inglaterra gozava ainda de posses no território francês, tais como Calais e Bordéus, e mantinha um tratado com o ducado da Bretanha que lhe permitia colocar tropas nos grandes portos da Bretanha e Normandia (Brest e Cherbourg). Para financiar a defesa das posições inglesas no continente, assim como operações militares em França e salvaguardar as fronteiras escossesas, o governo reclama com regularidade fundos suplementares que são obtidos sob a forma de taxas. Além de que as expedições não têm sucesso: o exército inglês, recém-chegado à Bretanha no dia seguinte à morte de Carlos V e vendo o duque da Bretanha reconciliar-se com a coroa francesa e submeter-se ao novo rei Carlos VI, é forçado a regressar à Inglaterra. O fardo cada vez mais pesado constituído pelos três impostos comunitários, entre 1377 e 1381, para financiar expedições infrutíferas, contribuíram para o descontentamento da população e para o desenvolvimento de um forte ressentimento no seio da sociedade inglesa para com a classe dirigente.
Ataques de Jean de Vienne e do almirante castelhano Fernando Sánchez de Tovar contra a Inglaterra (1374-1380).
Adolescência
A revolta dos camponeses
Bem que os impostos de 1381 sejam a causa direta da revolta dos camponeses, esse conflito tem a sua verdadeira origem nas profundas tensões existentes entre proprietários e camponeses. Essas tensões estão principalmente ligadas às consequências demográficas da peste que assolou o país por diversas vezes. Nessa época de descrédito da Igreja por causa do Grande Cisma do Ocidente, pregadores lollardos fazem campanhas espalhando os pensamentos de igualdade de John Wyclif - que ali encontram eco. Desde Eduardo II que a população foi massivamente treinada no manuseamento do arco longo, possuindo assim os meios para executar ações militares.
A rebelião começa em finais do mês de maio em Brentwood, no condado de Essex, e depois em Kent. A 12 de junho, camponeses juntam-se em Blackheath, perto de Londres, liderados por Wat Tyler, John Ball e Jack Straw. Acabam por entrar em Londres onde alguns habitantes aderem aos seus ideais. O hotel de Savóia de João de Gante fica reduzido a cinzas e numerosos juristas são mortos. Os rebeldes reclamam a abolição total da servidão, o que seria uma verdadeira revolução no Inglaterra medieval. O rei e os seus conselheiros refugiam-se na torre de Londres. Chegam à conclusão que são incapazes de dominar a rebelião pela força, pelo que se preparam para negociar.
Não se sabe exatamente a que ponto Ricardo, com apenas catorze anos, interveio nas deliberações, embora alguns historiadores sugiram que tenha contribuído de forma ativa. A 13 de junho o rei tenta sair da torre pelo rio mas a multidão presente em Greenwich torna impossível qualquer saída da água, e tem de regressar por onde veio. No dia seguinte (sexta-feira, 14 de junho), sai a cavalo e encontra os rebeldes em Mile End. O rei aceita então todas as exigências dos rebeldes, prometendo inclusive amnistiá-los se aceitassem voltar para as suas casas, mas isso só os encoraja e continuam a campanha de pilhagem e assassinatos. Aproveitando a ausência do rei, os rebeldes que ficaram em Londres tomam de assalto a torre de Londres e matam o Lorde chanceler, o arcebispo de Cantuária Simon Sudbury e o tesoureiro Robert de Hales, assim como outros membros do governo. Ricardo encontra-se com Wat Tyler no dia seguinte em Smithfield e repete que os desejos dos rebeldes serão executados, mas o líder rebelde não fica convencido da sinceridade do rei. Os homens do rei mantém-se recalcitrantes em aplicar todas as vontades dos rebeldes. Explode uma altercação e Guilherme Walworth empurra Tyler de seu cavalo e mata-o. A situação torna-se tensa quando os rebeldes tomam conhecimento do que se passou, mas o rei age com calma e, dizendo «Eu sou o vosso capitão, sigam-me!», afasta a multidão da cena do crime.. Entretanto, Walworth reúne uma força militar para rodear o exército rebelde, mas o rei pede clemência e permite que os rebeldes se dispersem e que regressem a suas casas.
Ricardo II olhando para a morte de Wat Tyler e falando para os camponeses. Imagem retirada no manuscrito de Gruuthuse de Jean Froissart, nas duas Crônicas (1475).
Inícios políticos
Só com a revolta dos camponeses é que Ricardo começa a ser mencionado de forma significativa nos anais. A 20 de janeiro de 1382, casa-se com Ana da Boêmia, filha de Carlos IV, rei da Boêmia e imperador do Sacro-Império romano-germânico, e de Elisabeth de Pomerannia. Esse casamento tem um significado diplomático, porque nestes tempos em que a Europa está dividida pelo Grande Cisma do Ocidente, a Boêmia e o Sacro Império romano-germânico são potenciais aliados para a Inglaterra na guerra dos Cem Anos frente à França. Todavia, esse casamento não é muito popular em Inglaterra. Apesar de tudo, a aliança política não leva a nenhuma vitória militar,e Ana morre em 1304 sem deixar herdeiros a Ricardo.
Michael de la Pole interveio nas negociações para o casamento; tem a confiança do rei e começa a ganhar peso na corte e no governo à medida que Ricardo tem idade para governar. Esse filho de comerciantes ambiciosos foi nomeado Lord chanceler por ricardo (1383), e dois anos depois conde de Suffolk, o que aborrece a nobreza da época. Outro próximo ao rei foi Roberto de Vere, conde de Oxford, sobrinho de Aubrey de Vere. Surge como o favorito do rei nesse tempo. A linhagem de De Vere, bem que muito antiga, é relativamente modesta no seio da nobreza inglesa e a sua amizade com o rei também não é muito apreciada pelos outros nobres. Esse descontentamento é realçado pela nomeação em 1386 de De Vere a duque da Irlanda. O cronista Thomas Walsingham sugere que a relação entre o rei e De Vere é de natureza homossexual.
O conflito franco-inglês ainda está vivo: a frota franco-castelhana ameaça regularmente as costas inglesas. João de Gante vê ali a ocasião para fazer valerem as suas pretensões reais em Espanha. Conta com a ajuda do rei de Portugal para uma coalizão anglo-arago-portuguesa e levar uma expedição a Castela. Pede 60000 libras ao parlamento sublinhando que tal permitiria colocar um fim aos raides franco-castelhanos que perturbam o comércio no Canal da Mancha. Consegue de Urbano VI que essa expedição seja considerada como uma cruzada contra o rei clementista de Castela. O parlamento recusa por duas razões: a saída do homem forte do país logo após a revolta dos camponeses é considerada arriscada e parece mais adequado investir numa cruzada em Flandres para defender os interesses comerciais ingleses contra o avanço francês que representa o casamento de Filipe II de Bourgogne com Margarida III de Flandres: o homem forte do reino da França é o herdeiro do condado.
Enquanto que a vontade da corte é a de negociar, João de Gante e Thomas de Woodstock fazem pressão para que se organize uma campanha militar de grande escala para proteger as posses inglesas em França. Surge uma oportunidade, com uma provável revolta na Flandres. A eventualidade do derrube do conde Luís de Male durante a revolta é vista com bons olhos em Inglaterra, mesmo com a demora em intervir. Pois é extremamente delicado para o governo inglês apoiar uma rebelião quando acabara de terminar uma em Inglaterra. O jovem Carlos VI entra rapidamente em guerra, enviando as suas tropas para a Flandres: esmaga a rebelião na batalha de Roosebeke, mas ainda tem de tratar de cidades rebeldes francesas, começando por Paris, dando o exemplo de Flandres. O parlamento, preocupado com Calais, acaba por concordar com uma expedição. É de fato enviada uma cruzada urbana (o controlo de Bruges é importante para os dois papas, pois o produto fiscal do pontificado na Europa do Norte transita por ali), levado por Henrique le Despencer, bispo de Norwich, e financiado com indulgências. Os ingleses aproveitam da retirada de Carlos VI para tomarem as cidades de Bourbourg, Bergues e Gravelines. A expedição torna-se um fracasso quando os franceses planeiam uma contra-cruzada clementista e juntam um exército em Arras. O bispo de Norwich tem de regressar, e pedem-lhe contas. É-lhe instaurado um processo de impeachment.
Perante essa derrota no continente, Ricardo volta-se contra o aliado da França: a Escócia. Em 1385 o rei chefia uma expedição ao norte, mas sem sucesso, e o seu exército regressa sem sequer enfrentar as forças da Escócia. Entretanto, os escoceses reforçados por forças francesas chefiadas por João de Vienne devastam Northumberland. Ao mesmo tempo, uma simples revolta em Gand impede a invasão francesa a sul da Inglaterra. As relações entre Ricardo e o seu tio deterioram-se rapidamente. A vitória portuguesa em Aljubarrota sobre os castelhanos abre nova perspectiva a João de Gante e dá ao rei de Inglaterra a oportunidade de afastar o seu poderoso tio. A 8 de março de 1386 Ricardo II reconhece-o como rei de Castela, ficando a seu cargo conquistar esse reino. Enquanto circulam rumores de uma conspiração contra a sua pessoa, a 9 de julho João de Gante deixa a Inglaterra, encabeçando 7000 homens. Com a sua partida, Thomas de Woodstock, novo duque de Gloucester, e Richard FitzAlan, 11º conde de Arundel, tornam-se os líderes não oficiais dos opositores ao rei.
Carta histórica do Grande Cisma do Ocidente.
██ Estados que reconhecem o papa de Roma
██ Estados que reconhecem o papa de Avignon
██ Estados que mudaram de obediência durante o cisma
Intervenção dos Lords Appelant
Enviando uma expedição para Castela, a Inglaterra arrisca provocar um grande conflito com a França. Carlos VI aproveita a ocasião para preparar um exército forte, e em 1386 a ameaça de uma invasão francesa ganha força. Mas nunca teve lugar, graças ao conselho do duque de Berry, tio do rei de França. Nesse ano, em outubro, no decurso de uma sessão parlamentar, Michael de la Pole, conde de Suffolk - e enquanto Lord chanceler - pede uma taxação de um nível sem precedentes, de forma a assegurar a defesa do reino. Mas o parlamente pede a demissão do chanceler como condição para responder a qualquer pedido. Assume-se que essa assembleia, que será conhecida sob o nome de «admirável parlamento», trabalhava com o apoio de Woodstock e FitzAlan. O rei rejeita essa condição. Só quando ele é ameaçado de destituição é que o rei é forçado a aceitar, deixando sair de la Pole. Este é julgado e condenado sob diversas acusações, incluindo a de má utilização dos fundos ou por fraude. Durante um ano, uma comissão é encarregada de rever e controlar as finanças reais.
Ricardo está profundamente perturbado por essa afronta feita à sua autoridade real. De fevereiro a novembro de 1387, lança-se numa grande campanha no país para obter apoio. colocando Roberto de Vere como juíz de chester, coloca as fundições para um poder militar leal no condado de Cheshire. Assegura também a legitimidade de Robert Tresilian, juíz em chefe, que apoia o rei na ideia de que o parlamento agiu na ilegalidade e com traição.
De regresso a Londres, o rei é confrontado com as acusações de Woodstock, FitzAlan e Tomás Beauchamp, acusando de traição de la Pole, de Vere, Tresilian, Nicolas Brembre e Alexandre Neville, o arcebispo de York. Acusam-nos principalmente de terem aconselhado o rei a dar Calais à França. Essas acusações não parecem ter fundamentos, mas permite aos opositores ao rei obter o apoio do povo, que não aprecia alguns dos favoritos do rei e é inclinada a acreditar nessa acusações. Ricardo procura ganhar tempo com negociações, aguardando a chegada de De Ver vindo de Cheshire com reforços militares. Os três condes unem as suas forças a Henrique, conde de Derby, filho de João de Gante e futuro rei de Inglaterra, e a Tomás de Mowbray, conde de Nottingham - esse grupo é conhecido sob o nome de "Lords Appellants". A 20 de dezembro de 1387 eles intercetam de Vere na batalha de Radcot Bridge, e obrigam-no a abandonar o país.
Ricardo não tem então mais recursos e tem de aceitar os pedidos dos seus opositores. Brembre e Tresilian são condenados e executados, enquanto que de Vere e de la Pole - que tmabém ele deixou o país - são condenadas a morte à revelia.. Mas os appellants vão mais longe: cavaleiros do rei são também executados, entre os quais Burley. Conseguem assim quebrar na íntegra o círculo de favoritos do rei.
                                Roberto de Vere escapando da batalha de Radcot Bridge (Froissart).
Regresso à autoridade real
Gestão do conflito com a França
Nos meses seguintes, Ricardo restabelece, pouco a pouco, alguma autoridade real graças a três fatores. Primeiramente, falha a política agressiva externa levada a cabo pelos "Lords Appellants". Os seus esforços na construição de uma coligação contra a França não leva a nada e o Norte da Inglaterra é vítima de uma incursão escocesa. Depois, Ricardo tem agora 21 anos de idade e pode agora confiantemente reclamar o direito de governar por si mesmo. Finalmente, em 1389 João de Gante regressa a Inglaterra e uma vez as suas diferenças com o rei resolvidas, o velho homem de Estado age como moderador com os políticos ingleses. Em França, o jovem Carlos VI que também estava sob a tutoria dos seus tios, acabara de tomar o poder. Ricardo inspira-se nele e a 3 de maio de 1389, dispensa os seus tutores. Insistindo no fato de que as suas ações passadas foram unicamente determinadas pelos maus conselhos, substituiu os principais membros do governo. Tem no entanto cuidado na escolha, elegendo homens em quem os seus inimigos têm alguma confiança para não os preocupar. Desenha uma política diferente da de os appellants, procurando a paz e a reconciliação com a França, e promete que tal permitirá aliviar o fardo das taxas que pesa sobre o povo inglês. Governa em paz durante oito anos seguidos, tendo-se reconciliado com os adversários de outrora. Os eventos futuros mostrarão que ele não esqueceu o passado, principalmente a execução de Simão de Burley, algo que lhe é difícil esquecer.
Apesar de Carlos VI e seus conselheiros (ligados ao papa de Avignon) desejarem também a paz, há motivos para a tensão com a França. Em 1390 Carlos VI quer iniciar uma cruzada em Itália para colocar um ponto final no Grande Cisma, instalando Clemente VII em Roma, e para tomar Nápoles para o seu primo Luís II de Anjou, em conflito com Angevins da Hungria.
Por um lado, a Inglaterra está sob a obediência do papa de Roma, e por outro lado o controlo da Provence e o sul da Itália passaria para os Valois. O irmão do rei de França, Luís de Orléans, casado com Valentine de Visconti, vê ali a oportunidade em criar nos Estados papais um principiado à medida de suas ambições, e negoceia o apoio do seu sogro (Luís I de Orléans) nessa expedição. Ricardo II intervém e indica que se o exército francês parte para a Itália, o exército inglês atravesserá a Mancha. Isso coloca um fim aos projetos de Carlos VI. Homens tais como Léon da Arménia ou Filipe de Mézières usam as suas influências dos dois lados da Mancha para obterem a paz e uma cruzada comum contra os turcos. O encontro entre os representantes de Clemente VII e de Léon da Arménia, que devem selar uma reconciliação com uma cruzada, deverá ter lugar em Amiens, na quaresma de 1392. A 31 de março João de Gante encontra-se com o rei de França e pede-lhe que mantenha Calais, o condado de Poitou e o ducado de Guyenne (os ingleses só controlam Bordéus na Aquitânia quando tinham obtido um terço do reino de França pelo Tratado de Brétigny) e que seja pago o resgate de João, o Bom.
Uma vez restabelecida a estabilidade política, Ricardo começa a negociar uma paz duradoura com a França. Uma proposta de 1393 oferece à Inglaterra a posse da Aquitânia. Contudo, a condição de que o rei de Inglaterra deveria render homenagem ao rei de França não era aceitável para o povo inglês. As negociações para a paz podem terminar quando Carlos VI apresenta os seus primeiros sintomas de loucura, deixando o governo francês numa situação de desconforto. Mas Ricardo decide não se aproveitar desses acontecimentos e assina uma primeira trégua, que deverá ser seguida por outras negociações. Enquanto que procura a paz com a França, Ricardo tem uma aproximação diferente com a Irlanda. Os territórios sob domínio inglês são ameaçados, e os senhores anglo-irlandeses pedem a intervenção do rei. A trégua com a França fornece uma boa oportunidade para intervir na Irlanda, onde a coroa inglesa tem muito pouca influência. A 7 de junho de 1394 a rainha Ana morre. Esse evento afeta profundamente Ricardo. Por fim, em outono de 1394, Ricardo parte para a Irlanda, onde fica até maio de 1395. O seu exército, composto por 8000 homens, é a maior força desembarcada na ilha. A campanha é frutífera e numerosos chefes de clãs irlandeses submetem-se à soberania inglesa. Essa operação é um dos maiores feitos do reinado de Ricardo, e contribui para reforçar a popularidade do rei em Inglaterra, mesmo que a consolidação da posição inglesa na Irlanda seja de curta duração. Com o seu regresso, Ricardo retoma as negociações com a França. Em 1396 é assinada uma trégua de 28 anos, estando bloqueados os acordos para uma eventual paz devido à visão dos dois países sobre a cidade de Calais. Esse tratado engloba o casamento de Ricardo com Isabel de Valois, filha de Carlos VI de França. Alguns receios envolvem esse casamento, pois a princesa só tem seis anos e não poderá dar um herdeiro durante alguns anos.
Últimos anos
No final dos anos de 1390, começa o período do reino de Ricardo II que os historiadores qualificam de "tirânico". Após todo um longo reinado a compensar os seus inimigos, Ricardo reabilita os que outrora o apoiaram, nomeadamente chamou da Irlanda os juízes que afirmaram o seu direito a governar sozinho. A maioria dos outros exilados morreram no exílio, como Roberto de Vere, cujo corpo Ricardo manda repatriar para que seja enterrado na Inglaterra. O Parlamento de 1397 abre-se sobre a proposta do rei em acompanhar Carlos VI na sua campanha em Itália, para selar a amizade com a França. As Comunas, que não vêm com bons olhos essa campanha, redigem uma petição mostrando nomeadamente as grandes despesas reais. O rei, humilhado com o que ele considera como uma afronta às suas perrogativas, rejeita o conteúdo dessa petição. O rei prende Woodstock, FitzAlan e Beauchamp em julho de 1397. Não se conhece muito bem as razões dessa detenção: mesmo que uma crónica sugere uma conspiração contra o rei, nenhum indício o confirma. Talvez seja mais provável que Ricardo, sentindo-se mais forte, tenha decidido vingar-se dos acontecimentos de 1386-88 e eliminar eventuais inimigos. durante a sessão parlamentar de setembro de 1397, FitzAlan é o primeiro a ser colocado à prova. Após uma discussão com o rei, é condenado e executado. Quando é a vez de tomás woodstock, o conde de Nottingham anuncia a morte deste quando era seu prisioneiro em Calais. É provável que ricardo tenha encomendado a morte de Woodstock, evitando assim a execução de um prince de sangue. Tomás Beauchamp é também condenado a morte, mas a sua vida é poupada e é exilado. Tal também acontece com o irmão de FitzAlan, Tomás Arundel arcebisto da Cantuária. As perseguições de Ricardo passam para a província. Enquanto se assegura de novos apoiantes em vários condados, também trata das diferentes instâncias locais que foram leais aos appellants. As multas que esses homens recebem trazem boas quantias para a coroa, mas para os cronistas, a legalidade desses procedimentos são incertos. Mas ainda persiste uma ameaça à autoridade de Ricardo: a dinastia dos Lencastre, representados por João de Gante e o seu filho Henrique de Bollingbroke, o conde de Derby. Os Lencastre não são apenas a família mais rica da Inglaterra, mas também de linhagem real, candidatos à sucessão de Ricardo, que não tem filhos. Em dezembro de 1397 explode uma briga no círculo fechado da corte, entre Henrique e Tomás Mowbray - que se tornaram respectivamente duque de Hereford e duque de Norfolk. Segundo Henrique, Mowbray teria declarado que ambos poderiam pretender a sucessão ao trono, como antigos "Lords appllants". Mowbray nega ter tido esses propósitos, vistos como traição. Um comité parlamentar decide que deverão resolver o problema através de um duelo mas, no último momento, Ricardo escolhe exilá-los: Tomás Mowbray por toda a vida, e Henrique de Bollingbroke por um período de dez anos. A 3 de fevereiro de 1399, João de Gante morre. Em vez de colocar Henrique como seu herdeiro, Ricardo prolonga o seu exílio indefinidamente e deserda-o. Sente-se então mais seguro, com Henrique a viver em Paris. Todavia os franceses, que se interessam por tudo o que possa perturbar Ricardo e a sua política de paz, não acolheram Henrique por acaso. Em maio, Ricardo deixa o país para uma nova expedição à Irlanda.
João de Gante esteve no centro da política inglesa durante mais de trinta anos, e a sua morte em 1399 conduziu  à insegurança.
Destituição e morte
Em junho de 1399, Luís de Valois, Duque d'Orleães toma o controlo da corte de Carlos VI de França, agora louco. A política de "aproximação" com a coroa inglesa não convém às ambições políticas de Luís. É por isso que julga oportuno deixar Henrique de Bollingbroke regressar à Inglaterra. Com um pequeno grupo de ajudantes, Henrique desembarca em Ravenspurn, em Yorkshire, no final do mês de junho de 1399. Homens vindos dos quatro cantos do país aliam-se a ele. Quando encontra Henrique Percy, conde de Northumberland, que tem os seus desacordos com o rei, Bollingbroke menciona bem que o seu único objetivo é o de recuperar os seus bens. Percy decide não se meter nisso. A maioria dos cavaleiros e homens de confiança do rei seguiram-no para a Irlanda, e Henrique não encontra muita resistência ao longo da sua campanha a sul. Edmundo de Langley, duque de York, encarregado da proteção do reino durante a ausência do rei não tem outra solução que não seja a de tomar o partido de Henrique. Entretanto, o regresso de Ricardo da Irlanda sofre atrasos e só desembarca no país de Gales após o 23 de julho. Dirige-se então para Conwy onde, a 12 de agosto, encontra o conde de Northumberland para negociar. Uma semana mais tarde, Ricardo II rende-se a Henrique no castelo de flint, com a promessa da vida salva. Os dois homens entram então em Londres, o rei prisioneiro atrás de Henrique. À sua chegada a 1 de fevereiro, é encarcerado na torre de Londres.
Henrique está agora firmemente obstinado em subir ao trono, mas tem de justificar essa ação. Diz-se muitas vezes que Ricardo, pela sua tirania e mau governo, se tornou ele mesmo indigno em ser rei. Todavia Henrique não é o melhor colocado na ordem de sucessão ao trono; o herdeiro é na verdade Edmundo Mortimer, que descende do segundo filho de Eduardo III, Leonel de Antuérpia. O pai de Henrique, João de Gante, é apenas o terceiro filho de Eduardo III. Henrique soluciona o problema sublinhando o fato de ser descendente de uma linhagem "masculina" direta enquanto que Mortimer é herdeiro do lado de sua avó. Oficialmente, é a 29 de setembro que Ricardo aceita voluntariamente ceder a coroa a Henrique. Bem que tal seja pouco provável, o Parlamento reunido a 30 de setembro aceita a demissão de Ricardo. Henrique é coroado Henrique IV de Inglaterra a 13 de outubro. O destino de Ricardo após a sua destituição não é muito clara. Ele fica na torre de Londres antes de ser levado para o castelo de Pontfract, pouco tempo antes do fim da guerra. Apesar do rei Henrique ter-lhe prometido a vida, rapidamente essa opção é posta de lado quando os condes de Huntingdon, Kent, Somerset e Rutland - retirados das posições que Ricardo lhes dera - começam a conspirar o assassínio do novo rei para recolocar Ricardo no poder. Bem que tenha sido antecipada, essa conspiração mostra os riscos para Henrique caso este deixasse Ricardo com vida. Ricardo morre captivo, por volta do 14 de fevereiro de 1400, embora existam dúvidas quanto à data exata e à causa real de sua morte. A 17 de fevereiro o corpo é levado para a catedral de Saint-Paul, antes de ser enterrado na igreja de Kings Langley, a 6 de março.
Em 1413, Henrique V decide deslocar o corpo de Ricardo para a sua última morada, na Abadia de Westminster. Ali, Ricardo tinha ele mesmo preparado um túmulo onde já se encontrava o corpo de sua esposa Ana.
                            Ricardo, detido por Henrique Percy, conde Nothumberland (Froissart).
Governo
Reinado: 22 de junho de 1377 a 30 de setembro de 1399.
Coroação: 16 de julho de 1377.
Consorte: Ana Boêmia e Isabel de Valois.
Dinastia: Plantageneta.
Títulos: Príncipe de Gales, Lorde da Irlanda.
Vida
Nascimento: 6 de janeiro de 1367, Bordéus, Principado de Aquitânia.
Morte: 14 de fevereiro de 1400 (33 anos), Castelo Pontefrac, West Yorkshire.
Sepultamento: Abadia de Westminster, Londres, Inglaterra.
Pai: Eduardo, Príncipe de Gales.
Mãe: Isabel de Kent.
Assinatura:

                                                                            Ricardo II.
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