quinta-feira, 8 de março de 2012

Ano de 2012: Reino Unido - 3° parte #7

Dinastia Normanda
Guilherme I
Guilherme, o Conquistador (francês: Guillaume le Conquérant; inglês: William the Conqueror) (Falaise, Normandia, cerca de 1028 - perto de Ruão, França, 9 de Setembro de 1087), também conhecido como Guilherme I da Inglaterra (Guillaume Ier d’AngleterreWilliam I of England) e Guilherme II da Normandia (Guillaume II de NormandieWilliam II of Normandy), foi o primeiro normando rei da Inglaterra, do Natal de 1066 até a sua morte. Ele também foi duque a Normandia de 3 de julho de 1035 até a sua morte. Antes de conquistar a Inglaterra, ele era conhecido como Guilherme, o Bastardo (Guillaume le BâtardWilliam the Bastard) devido à ilegitimidade de seu nascimento.
Pressionando sua reivindicação à coroa inglesa, Guilherme invadiu a Inglaterra em 1066, conduzindo um exército de normandos, bretões, flamengos e franceses (de Paris e Île-de-France) à vitória sobre as forças inglesas do rei Haroldo II de Inglaterra na batalha de Hastings. Além disso, ele também suprimiu revoltas inglesas subsequentes. Essa sequência de eventos ficou conhecida como conquista normanda da Inglaterra. Seu reinado, que trouxe a cultura normando-francesa à Inglaterra, influenciou o curso subsequente da Inglaterra na Idade Média. Os detalhes desta influência e a extensão das mudanças têm sido debatidos por acadêmicos por séculos. Além da óbvia mudança de governante, seu reinado também observou um programa de construção e fortificação, mudanças na língua inglesa, mudanças nos altos níveis da sociedade e da igreja, e a adoção de alguns aspectos da reforma da igreja continental.
Índice
1 Juventude
2 Duque da Normandia
  2.1 Reivindicação ao trono inglês
  2.2 Invasão normanda
  2.3 Batalha de Hastings
  2.4 Marcha para Londres
  2.5 Resistência inglesa
3 Reinado na Inglaterra
  3.1 Eventos
  3.2 Reformas
4 Morte, funeral e sucessão
5 Legado
6 Aparência física
7 Ancestrais
8 Descendência
Juventude
Acredita-se que Guilherme tenha nascido em 1027 ou 1028 no castelo de Falaise em FalaiseNormandiaFrança, mais provavelmente no outono de 1028. Guilherme foi o único filho de Roberto I, duque da Normandia, assim como sobrinho-neto da rainha inglesa, Ema da Normandia, esposa do rei Etelredo II de Inglaterra e depois do rei Canuto, o Grande. Apesar de ilegítimo, seu pai o escolheu como herdeiro da Normandia. Sua mãe, Herleva, que depois se casou e teve dois filhos com Herluino de Conteville, era filha de Fulberto de Falaise. Além de seus dois meio-irmãos pelo lado materno, Odo de Baieux e Roberto, conde de Mortain, Guilherme também teve uma irmã, Adelaide da Normandia, filha de Roberto I.
A ilegitimidade afetou sua juventude. Quando criança, sua vida esteve em constante perigo por causa de seu parentesco sanguíneo por aqueles que acreditavam ter mais direito legítimo para governar. Uma tentativa contra a vida de Guilherme ocorreu enquanto ele dormia na fortaleza de Vaudreuil, quando o assassino por engano apunhalou a criança que dormia ao seu lado. Todavia, quando seu pai morreu, ele foi reconhecido como o herdeiro. Depois, seus inimigos o chamavam de "Guilherme, o Bastardo", e ridicularizavam-no como o filho da filha do curtidor, e os residentes da conquistada Alençon penduravam peles de animal nos muros da cidade para insultá-lo.
      Castelo de Falaise, em Falaise, Calvados, França, local de nascimento de Guilherme, o Conquistador.
Duque da Normandia

Pela vontade de seu pai, Guilherme o sucedeu como duque da Normandia aos sete anos em 1035. Conspirações de nobres rivais normandos para usurpar seu lugar custaram a Guilherme três protetores, embora não o conde Alan III da Bretanha, que foi seu último protetor. Todavia, Guilherme foi apoiado pelo rei Henrique I de França. Ele foi feito cavaleiro por Henrique aos 15 anos. Quando Guilherme chegou aos 19 anos, lidou de forma bem sucedida com ameaças de rebelião e invasão. Com a assistência de Henrique, Guilherme finalmente assegurou o controle da Normandia, derrotando barões rebeldes normandos em Caen, na batalha de Val-ès-Dunes em 1047, obtendo a Trégua de Deus, que foi apoiada pela Igreja Católica Romana. Contra os desejos do papa Leão IX, Guilherme se casou com Matilde de Flandres em 1053 na capela de Notre-Dame do castelo de Eu, Normandia. Na época, Guilherme tinha cerca de 24 anos e Matilde 22. Afirma-se que Guilherme foi um marido fiel e apaixonado, e seu casamento produziu quatro filhos e seis filhas. Em arrependimento pelo que foi um casamento consanguíneo (eles eram primos distantes), Guilherme doou a igreja de Santo Estêvão em Caen e Matilde doou a igreja da Santíssima Tridade em Saint-Étienne.
Sentindo-se ameaçado pelo aumento no poder normando resultante do casamento nobre de Guilherme, Henrique I tentou invadir a Normandia duas vezes (em 1054 e 1057) sem sucesso. Já um líder carismático, Guilherme atraiu forte apoio dentro da Normandia, inclusive a lealdade de seus meio-irmãos Odo de Bayeux e Roberto, conde de Mortain, que desempenharam funções importantes em sua vida. Depois, ele se aproveitou da fraqueza dos dois centros de poder concorrentes resultante das mortes de Henrique I e de Godofredo II, conde de Anjou, em 1060. Em 1062, Guilherme invadiu e controlou o condado de Maine, que havia sido um feudo de Anjou.
Reivindicação ao trono inglês
Com a morte de Eduardo, o Confessor, que não tinha filhos, o trono inglês foi ferozmente disputado por três pretendentes: Guilherme; Haroldo Godwinson, o poderoso conde de Wessex; e o rei viking Haroldo III da Noruega. Guilherme tinha uma tênue reivindicação sanguínea através de sua tia-avó Ema (esposa de Etelredo e mãe de Eduardo). Guilherme também afirmava que Eduardo, que tinha passado a maior parte de sua vida no exílio na Normandia durante a ocupação dinamarquesa da Inglaterra, tinha lhe prometido o trono quando ele visitou Eduardo em Londres em 1052. Depois, Guilherme invocou que Haroldo havia lhe jurado lealdade em 1064; Guilherme havia salvo o naufragado Haroldo do conde de Ponthieu, e juntos eles derrotaram Conan II, duque da Bretanha. Naquela ocasião, Guilherme fez Haroldo cavaleiro; ele tinha também, todavia, enganado Haroldo por tê-lo feito jurar-lhe lealdade sobre os ossos escondidos de um santo.
Em janeiro de 1066, contudo, de acordo com o último desejo de Eduardo e pelo voto do Witenagemot, Haroldo Godwinson foi coroado rei da Inglaterra pelo arcebispo de York, Aldredo.
Invasão normanda
Enquanto isso, Guilherme apresentou sua reivindicação ao trono inglês ao papa Alexandre II, que lhe enviou um estandarte consagrado em apoio. Então, Guilherme organizou um conselho de guerra em Lillebonne e em janeiro abertamente começou a reunir um exército na Normandia. Oferecendo promessas de terras inglesas e títulos, ele reuniu em Dives-sur-Mer uma imensa frota de invasão, supostamente de 696 navios. ELa transportava uma força de invasão que incluía, junto com as tropas próprias dos territórios de Guilherme (Normandia e Maine), grande número de mercenários, aliados e voluntários da Bretanha, nordeste da França e Flandres, e em menor número soldados de outras partes da França e das colônias normandas no sul da Itália. Na Inglaterra, Haroldo reuniu um grande exército no litoral sul e uma frota de navios para proteger o canal da Mancha.
Casualmente para Guilherme, sua travessia do canal foi atrasada por oito meses de ventos desfavoráveis. Guilherme conseguiu manter seu exército unido durante a espera, mas o de Haroldo foi reduzido pela diminuição dos suprimentos e queda da força moral. Com a chegada da estação de colheita, ele dispensou seu exército em 8 de setembro. Haroldo também juntou seus navios em Londres, deixando o canal da Mancha desprotegido. Então chegaram notícias que o outro candidato ao trono, Haroldo III da Noruega, aliado com Tostig Godwinson, irmão de Haroldo, tinham desembarcado a dezesseis quilômetros de York. Haroldo novamente juntou seu exército e depois de uma marcha forçada de quatro dias derrotou Haroldo da Noruega e Tostig em 25 de setembro.
Em 12 de setembro, a direção do vento mudou e a frota de Guilherme zarpou. Uma tempestade desabou e a frota foi forçada a se abrigar em Saint-Valery-sur-Somme e a novamente esperar o vento mudar de direção. Em 27 de setembro, a frota normanda finalmente estendeu velas, desembarcando na Inglaterra na baía de Penvesey, Sussex, em 28 de setembro. Guilherme então deslocou-se para Hastings, poucos quilômetros a leste, onde ele ergueu um castelo pré-fabricado de madeira para base de operações. A partir dali, ele penetrou e saqueou o interior e esperou pelo retorno de Haroldo do norte.
Guilherme escolheu Hastings supostamente porque era a ponta de uma longa península flanqueada por pântanos intransitáveis. A batalha aconteceu no istmo. Guilherme imediatamente construiu um forte em Hastings para proteger sua retaguarda contra a potencial chegada da frota de Haroldo vinda de Londres. Tendo seu exército em terra, Guilherme estava menos preocupado com deserções e poderia esperar as tesmpestades de inverno, tomar a região próxima para os cavalos e começar a campanha na primavera. Haroldo havia patulhado o sul da Inglaterra por algum tempo e apreciara a necessidade de ocupar este istmo imediatamente.
                                     Rei Guilherme I, o Conquistador, desembarcando na Inglaterra.
                                               Guilherme, o Conquistador invade a Inglaterra.
Batalha de Hastings
Haroldo, depois de derrotar seu irmão Tostig e Haroldo II da Noruega no norte, marchou com seu exército 388 km em cinco dias para encontrar o invasor Guilherme no sul. Em 13 de outubro, Guilherme recebeu informações de Londres sobre a marcha de Haroldo. Ao amanhecer do dia seguinte, Guilherme deixou o castelo junto com seu exército e avançou contra o inimigo. Haroldo então tomou uma posição defensiva no topo do monte Senlac (atualmente Batlle, East Sussex), a cerca de 11 km de Hastings.
A batalha de Hastings durou todo o dia. Embora os números de cada lado fossem equivalentes, Guilherme possuía infantaria e cavalaria, incluindo muitos arqueiros, enquanto Haroldo tinha apenas soldados a pé e poucos arqueiros. Ao longo da borda da colina, em formação como uma parede de escudos, os soldados ingleses no início resistiram tão efetivamente que o exército de Guilherme recuou impressionado e com grande número e vítimas. Então Guilherme reanimou suas tropas supostamente erguendo seu capacete, como mostrado na Tapeçaria de Bayeux, para sufocar os rumores de sua morte. Enquanto isso, muitos ingleses perseguiram os fugitivos normandos a pé, permitindo à cavalaria normanda atacá-los repetidamente pela retaguarda enquanto sua infantaria fingia retirada. As flechas normandas também entraram em ação, enfraquecendo progressivamente a parede inglesa de escudos. Ao anoitecer, o exército inglês fez sua última defesa de posição. Um último ataque da cavalaria normanda decidiu a batalha de maneira irrevogável porque este resultou na morte de Haroldo que, segundo as lendas, foi morto por uma flecha no olho, foi decapitado e desmembrado. Dois de seus irmãos, Gyrth e Leofwine Godwinson, também foram mortos. Ao cair da noite, a vitória normanda estava completa e o restante dos soldados ingleses fugiu amedrontado.
As batalhas daquela época raramente duravam mais que duas horas antes que o lado mais fraco capitulasse; as nove horas de duração da batalha de Hastings indicaram a determinação dos exércitos de Guilherme e Haroldo. As batalhas também terminavam ao pôr do sol independentemente de quem estivesse vencendo. Haroldo foi morto um pouco antes do pôr do sol e, como ele receberia reforços descansados antes de a batalha recomeçar na manhã do dia seguinte, ele estava certo da vitória se sobrevivesse ao ataque final da cavalaria de Guilherme.
          Morte de Harold Godwinson na Batalha de Hastings, conforme mostrado na Tapeçaria de Bayeux.
Marcha para Londres
Por duas semanas, Guilherme esperou por uma rendição formal do trono inglês, mas em vez disso, o Witenagemont proclamou o jovem Edgar Atheling rei, embora sem coroação. Dessa forma, o próximo alvo de Guilherme foi Londres, aproximando-se através dos importantes territórios de Kent, via Dover e Cantuária, inspirando medo nos ingleses. Todavia, em Londres, o avanço de Guilherme foi repelido na Ponte de Londres, e ele decidiu marchar na direção oeste e atacar Londres a partir do noroeste. Após receber reforços do continente, Guilherme cruzou o Tâmisa em Wallingford, e lá ele forçou a rendição do arcebispo Stigand (um dos principais apoiadores de Edgar), no começo de dezembro. Guilherme chegou a Berkhamsted em poucos dias, onde Edgar abriu mão da coroa inglesa pessoalmente e e o exausto nobre saxão da Inglaterra rendeu-se definitivamente. Ainda que Guilherme tenha então sido aclamado como rei inglês, ele solicitou uma coroação em Londres. Como Guilherme I, ele foi formalmente coroado no dia de Natal de 1066 na abadia de Westminster, a primeira coroação documentada ocorrida lá, pelo arcebispo Aldred. De acordo com algumas fontes, a cerimônia não foi pacífica. Alarmados por alguns barulhos vindos abadia, os guardas normandos que estavam do lado de fora incendiaram as casa vizinhas. Um monge normando escreveu depois que "à medida que o fogo se espalhava rapidamente, as pessoas dentro da igreja entraram em tumulto e em multidão fugiam para o lado de fora, alguns para combater as chamas, outros para aproveitar o momento para saquear".
Moeda inglesa de Guilherme, o Conquistador (1066-1087) - "A coroação de Guilherme, o Conquistador marca uma das quebras mais contundentes de desde sempre na história inglesa. A Inglaterra anglo-saxã estava morta: o país agora era governado pelos normandos. Mas a desastrosa cerimônia na Abadia de Westminster foi uma indicação de que o relacionamento entre ingleses e seus novos governantes não seria fácil."
Resistência inglesa
Ainda que o sul da Inglaterra tenha se submetido rapidamente ao governo normando, a resistência no norte continuou por mais seis anos, até 1072. Durante os dois primeiros anos, o rei Guilherme I enfrentou muitas revoltas por toda a Inglaterra (Dover, oeste da Mércia, Exeter). Também, em 1068, os filhos ilegítimos de Haroldo tentaram uma invasão na península sudoeste, mas Guilherme os derrotou.
Para Guilherme I, a pior crise veio da Nortúmbria, que ainda não havia se submetido ao seu reino. Em 1068, com Edgar Atheling, Mércia e Nortúmbria se revoltaram. Guilherme poderia suprimi-las, mas Edgar fugiu para a Escócia onde Malcolm III da Escócia o protegeu. Além disso, Malcolm se casou com a irmã de Edgar, Margarida, com bastante exibicionismo, pressionando o equilíbrio de forças contra Guilherme. Sob tais ciscunstâncias, a Nortúmbria se rebelou, sitiando York. Então, Edgar utilizou-se também dos dinamarqueses, que desembarcaram com uma grande frota na Nortúmbria, reclamando a coroa inglesa para seu rei, Svend II da Dinamarca. A Escócia também se juntou à rebelião. Os rebeldes facilmente capturaram York e seu castelo. Todavia, Guilherme pode contê-los em Lincoln. Após lidar com uma nova onda de revoltas no oeste da Mércia, Exeter, Dorset e Somerset, Guilherme derrotou seus inimigos do norte decisivamente no rio Aire, retomando York, enquanto o exército dinamarquês jurou partir.
Guilherme então devastou a Nortúmbria entre o estuário Humber e o rio Tees, o que fou descrito como a Destruição do Norte. Esta devastação incluiu incendiar a vegetação, casas e até ferramentas de trabalho no campo. Após seu cruel tratamento, a terra não se recuperou por mais de 100 anos. A região acabou absolutamente desprovida, perdendo sua tradicional autonomia em relação à Inglaterra. Isto deve, contudo, ter evitado futuras rebeliões, colocando os ingleses sob obediência. Então, o rei dinamarquês desembarcou pessoalmente, preparando seu exército para recomeçar a guerra, mas Guilherme suprimiu esta ameaça com o pagamento de ouro. Em 1071, Guilherme derrotou a última rebelião do norte através de uma jogada improvisada, subjugando a Ilha de Ely, onde os dinamarqueses tinham se reunido. Em 1072, ele invadiu a Escócia, derrotando Malcolm, que recentemente havia invadido o norte da Inglaterra. Guilherme e Malcolm concordaram com a paz assinando o Tratado de Abernethy e Malcolm entregou seu filho Duncan como refém pela paz. Em 1074, Edgar Atheling se submeteu definitivamente a Guilherme.
Em 1075, durante a ausência de Guilherme, a Revolta dos Condes foi confrontada de forma bem sucedida por Odo. Em 1080, Guilherme enviou seus meio-irmãos Odo e Roberto para atacar Nortúmbria e Escócia, respectivamente. Finalmente, o papa protestou que os normandos estavam maltratando o povo inglês. Antes de dominar as rebeliões, Guilherme tinha se conciliado com a igreja inglesa; no entanto, ele a perseguiu ferozmente depois.
Reinado na Inglaterra
Eventos
Como seria hábito de seus descendentes, Guilherme passou muito do seu tempo (11 anos, desde 1072) na Normandia, governando as ilhas através de suas ordens por escrito. Nominalmente ainda um estado vassalo, devendo sua inteira lealdade ao rei francês, a Normandia ergueu-se subitamente como uma região poderosa, alarmando os outros duques franceses que reagiram persistentemente atacando o ducado. Guilherme focou-se na conquista da Bretanha, e o rei francês Filipe I o repreendeu. Um tratado foi finalizado após sua invasão abortada da Bretanha em 1076, e Guilherme prometeu sua filha Constância ao filho do duque Hoel, o futuro Alan IV da Bretanha. O casamento ocorreu apenas em 1086, após a ascensão de Alan ao trono. Mas Constância morreu sem ter tido filhos poucos anos depois.
O filho mais velho de Guilherme, Roberto, irado por uma brincadeira de seus irmãos Guilherme e Henrique, que o molharam com água suja, foi responsável pelo que se tornaria uma rebelião em larga escala contra o governo de seu pai. Apenas com a ajuda militar adicional do rei Filipe que Guilherme foi capaz de confrontar Roberto, que estava então baseado em Flandres. Durante a batalha de 1079, Guilherme foi derrubado do cavalo e ferido por Roberto, que baixou sua espada apenas depois de reconhecê-lo. O envergonhado Guilherme retornou a Ruão, abandonando a expedição. Em 1080, Matilde reconciliou os dois, e Guilherme restaurou Roberto como herdeiro.
Odo também causou problemas a Guilherme, e foi aprisionado em 1082, perdendo suas propriedades inglesas e suas funções reais, mas retendo suas obrigações religiosas. Em 1083, Matilde morreu e Guilherme se tornou mais tirânico com seus domínios.
                          Guilherme, mostrado como Duque da Normandia na tapeçaria de Bayeux.
Reformas
Guilherme iniciou muitas mudanças importantes. Ele aumentou as funções dos tradicionais condados ingleses (regiões administrativas autônomas), que ele colocou sob controle central; ele diminuiu o poder dos condes restringindo-os a um condado para cada um. Todas as funções administrativas de seu governo foram fixadas em cidades inglesas específicas, com exceção da sua corte; as instituições inglesas progressivamente se fortaleceriam, e elas se figurariam entre as mais sofisticadas da Europa. Em 1085, para se certificar da extensão de seus novos domínios e melhorar os impostos, Guilherme encarregou todos os seus conselheiros da compilação do Domesday Book, que foi publicado em 1086. O livro foi uma análise da capacidade produtiva da Inglaterra similar ao censo moderno.
Guilherme também ordenou a construção de muitos castelos, torres e castelos de colina, entre eles a fundação da Torre de Londres (a Torre Branca) por toda a Inglaterra. Isso efetivamente garantiu que as muitas rebeliões dos ingleses não ocorressem.
Sua conquista também fez com que o francês (especialmente, mas não apenas, o francês normando) substituísse o inglês como a língua das classes dominantes por aproximadamente 300 anos Enquanto que em 1066 menos de 30% dos proprietários de terras tinham nomes próprios não ingleses, em 1207 esta taxa subiu para mais de 80%. Com nomes franceses como Guilherme, Roberto e Ricardo sendo os mais comuns. Além disso, a cultura anglo-saxã original da Inglaterra se mesclou com a normanda; dessa forma surgiu a cultura anglo-normanda.
Afirma-se que Guilherme eliminou a aristocracia nativa rapidamente em quatro anos. Sistematicamente, ele despojou os aristocratas ingleses que se opunham aos normandos ou que morreram sem motivo. Assim, a maior parte das propriedades e títulos de nobreza ingleses foram entregues a nobres normandos. Muitos aristocratas ingleses fugiram para Flandres e Escócia; outros devem ter sido vendidos com escravos no continente. Alguns escaparam para se juntar à Guarda Varegue do Império Bizantino e combateram os normandos na Sicília. Embora Guilherme permitisse inicialmente aos nobres ingleses manter suas terras se eles oferecessem submissão, em 1070 a nobreza nativa tinha deixado de ser parte integrante da paisagem inglesa, e em 1086, ela mantinha controle apenas sobre 8% de suas propriedades originais. Mais de 4.000 nobres ingleses perderam suas terras e foram substituídos, com apenas dois nobres ingleses de alguma importância sobrevivendo. Todavia, para a nova nobreza normanda, Guilherme entregou pouco a pouco parcelas das terras inglesas, dispersando-a amplamente, garantindo que ninguém tentaria conspirar contra ele sem arriscar suas próprias propriedades dentro da ainda instável Inglaterra pós-invasão. Efetivamente, essa poderosa política de Guilherme o manteve como monarca.
O cronista medieval Guilherme de Malmesbury afirmou que o rei também dominou e despovoou muitos quilômetros de terras (36 paróquias), transformando-os na região da Nova Floresta para ajudar no seu estusiástico divertimento de caçar Historiadores modernos, todavia, chegaram à conclusão de que o despovoamento da Nova Floresta foi bastante exagerado. A maior parte das terras da Nova Floresta eram terras agrícolas pobres, e estudos arqueológicos e geográficos têm mostrado que a Nova Floresta era provavelmente povoada de forma esparsa quando foi transformada em floresta real.
As assinaturas de Guilherme e Matilde são as duas primeiras grandes cruzes no Acordo de Winchester em 1072.
                        Guilherme I construiu a Torre Branca central na Torre de Londres.
A capela da Torre Branca foi construída no estilo normando por Guilherme, usando-se pedra de Caen importada da França.
Morte, funeral e sucessão

Em 1087, na França, Guilherme incendiou Mantes-la-Jolie (50 km a oeste de Paris), sitiando a cidade. No entanto, ele caiu de seu cavalo, sofrendo ferimentos abdominais fatais. No seu leito de morte, Guilherme dividiu sua sucessão entre seus filhos, estimulando uma disputa entre eles. Apesar da relutância de Guilherme, seu combativo filho mas velho Roberto recebeu o Ducado da Normandia, como Roberto II. Guilherme Rufo, seu terceiro filho, tornou-se o próximo rei inglês, como Guilherme II. O filho mais jovem de Guilherme, Henrique, recebeu 5.000 libras de prata, destinadas à compra de terras. Ele também se tornou o rei Henrique I da Inglaterra após Guilherme II morrer sem motivo. Ainda no leito de morte, Guilherme perdoou muitos de seus adversários políticos, inclusive seu irmão Odo.
Guilherme morreu aos 59 anos no Convento de Saint-Gervais em Ruão, a principal cidade da Normandia, em 9 de setembro de 1087. Guilherme foi sepultado na Abadia dos Homens (Abbaye-aux-Hommes), a qual ele erigira, em Caen, Normandia. Diz-se que Herluin de Conteville, seu padrasto, lealmente levou seu corpo à sepultura.
O proprietário original das terras onde a igreja foi construída reclamou que ele ainda não havia pago, exigindo 60 xelins, que Henrique teve que pagar imediatamente. Num pós-morte nada régio, achou-se que o corpo obeso de Guilherme não caberia no sarcófago de pedra porque seu corpo tinha inchado devido ao ambiente quente e à demora que se passara desde a sua morte. Um grupo de bispos pressionou o abdome do rei para forçar o corpo, mas a parede abdominal arrebentou e a putrefação banhou o caixão do rei " enchendo a igreja com um odor repugnante".
O túmulo de Guilherme está atualmente identificado por uma placa de mármore com uma inscrição em latim; A placa data do começo do século XIX. O túmulo foi profanado duas vezes, uma durante as guerras religiosas na França, quando seus ossos foram espalhados pela cidade de Caen, e depois na Revolução Francesa. Após estes eventos, apenas o fêmur esquerdo de Guilherme, algumas partículas de pele e pó de osso permeneceram na tumba.
                                                       Moeda de Guilherme I de Inglaterra.
Legado
A invasão de Guilherme marcou a última vez que a Inglaterra foi de forma bem sucedida conquistada por uma potência estrangeira. Embora tenha havido várias outras tentativas através dos séculos, o melhor que pode ser alcançado foram incursões por tropas estrangeiras, tal como a Batalha de Medway, durante a Segunda Guerra Anglo-Holandesa, mas não conquistas reais como a de Guilherme. Houve ocasiões desde aquela época que governantes estrangeiros tiveram sucesso em ocupar o trono inglês/britânico, notavelmente o Stadtholder (regente) holandês Guilherme de Orange que em 1688, com seu exército, foi convidado por proeminentes políticos ingleses a invadir a Inglaterra com a intenção de depor o rei católico Jaime II (ver Revolução Gloriosa) e Jorge de Hanôver, que subiu ao trono em virtude da exclusão dos católicos romanos da sucessão.
Como duque a Normadia e rei da Inglaterra, ele dividiu seus domínios entre seus filhos, mas as terras foram reunidas sob seu filho Henrique, e seus descendentes adquiriram outros territórios por casamento ou conquista, e àquela altura, estas possessões seriam conhecidas como Império Angevino.
Os territórios incluíam muitas terras na França, tal como a Normandia e a Aquitânia, mas a questão de jurisdição sobre estes territórios seria a causa de muitos conflitos e rivalidades amargas entre Inglaterra e França, que durariam por boa parte da Idade Média.
Um exemplo do legado de Guilherme nos tempos modernos pode ser visto no Memorial de Bayeux, um monumento erigido pela Grã-Bretanha na cidade normanda de Bayeux em honra aos mortos na Batalha da Normandia durante a Segunda Guerra Mundial. A inscrição em latim no memorial diz NOS A GULIELMO VICTI VICTORIS PATRIAM LIBERAVIMUS que em tradução livre, diz: "Nós, que uma vez fomos conquistados por Guilherme, agora libertamos a terra do Conquistador". O sistema de numeração da coroa inglesa (ou britânica) considera Guilherme o fundador do Estado da Inglaterra. Isto explica, entre outras coisas, porque o rei Eduardo I foi "o primeiro", embora ele tenha governado muito tempo depois do rei anglo-saxão Eduardo, o Confessor.
  Centavo de prata de Guilherme I, cerca de 1075, cunhador Oswold, na cunhagem de Lewes.
Aparência física
Nenhum retrato autêntico de Guilherme foi encontrado. Apesar de tudo, ele foi descrito como um homem de boa estatura e braços fortes, "com os quais ele poderia atirar com o arco em pleno galope". Guilherme mostrava uma aparência magnífica, possuindo um semblante severo. Ele desfrutou de saúde excelente até a velhice; apesar disso, sua notável obesidade no final da vida aumentou tanto que o rei francês Filipe I comentou que Guilherme parecia uma mulher grávida. A análise do seu fêmur, o único osso que sobreviveu quando o restante de seus restos mortais foi destruído, mostrou que ele tinha aproximadamente 1,78 metros de altura, o que era cerca de 5 centímetros acima da média para o século XI. Ele é retratado na Tapeçaria de Bayeux como sem barba, o oposto de Haroldo e dos senhores ingleses, que tinham bigodes.
                                                             Guilherme I, o Conquistador.
Ancestrais
16. Guilherme I, Duque da Normandia
8. Ricardo I, Duque da Normandia
17. Sprota
4. Ricardo II da Normandia
9. Gunnora, Duquesa da Normandia
2. Roberto I, Duque da Normandia
20. Judicael Berengar
10. Conan I de Rennes
21. Gerberge
5. Judite da Bretanha
22. Geoffrey I de Anjou
11. Ermengarda de Anjou, Duquesa da Bretanha
23. Adele of Meaux
1. Guilherme, o Conquistador
6. Fulberto de Falaise
3. Herleva
Descendência

Sabe-se que Guilherme teve nove filhos, embora Matilde, a décima filha que morreu virgem aparecer em algumas fontes. Várias outras filhas sem nome são mencionadas como sendo oferecidas como noivas a figuras notáveis daquela época. Apesar de rumores ao contrário (tal como a reivindicação de que Guilherme Peverel fosse um bastardo de Guilherme), não há evidência de que ele tenha tido filhos ilegítimos[25].
  1. Roberto Curthose (1054-1134), Duque da Normandia, casou-se com Sybil de Conversano, filha de Godofredo de Conversano.
  2. Ricardo, Duque de Bernay (c. 1055 c. 1081), morto por um veado na Nova Floresta.
  3. Alice (ou Adeliza) (c. 1055- c. 1065), supostamente prometida em casamento a Haroldo II de Inglaterra.
  4. Cecília (c. 1056 - 1126), Abadessa do Convento da Santíssima Trindade de Caen.
  5. Guilherme II, Rei de Inglaterra (c. 1056 - 1100), morto por uma flecha na Nova Floresta.
  6. Ágata (c. 1064 - 1079), prometida em casamento a Afonso VI de Leão e Castela.
  7. Constança (c. 1066 - 1090), casou-se com Alan IV da Bretanha; foi envenenada possivelmente pelos criados.
  8. Adela (c. 1067 - 1137), casou-se Estêvão II, Conde de Blois.
  9. Henrique I, Rei de Inglaterra (1068-1135), casou-se com Edite da Escócia, filha de Malcolm III da Escócia. Sua segunda esposa foi Adeliza de Louvain.

                                                                      Árvore genealógica.


Guilherme II

Guilherme II (c. 1056 - 2 de Agosto de 1100), cognominado o Ruivo, foi o segundo Rei de Inglaterra da dinastia normanda, de 1087 a 1100. Era o terceiro filho de Guilherme I e Matilde da Flandres e irmão de Roberto II, Duque da Normandia e Henrique I de Inglaterra.
Guilherme II, o ruivo, nasceu na Normandia, antes da subida do pai ao trono de Inglaterra. Era o preferido de Guilherme I, talvez devido à personalidade agressiva dos irmãos. Quando Guilherme o Conquistador morreu, deixou a Normandia a Roberto, mas a Inglaterra ficou para Guilherme II. Esta decisão desagradou tanto a Roberto, privado de parte substancial da herança, como aos nobres que tinham terras em ambas as margens do Canal. O resultado foi uma longa e crescente animosidade entre Roberto e Guilherme II que resultou em invasões mútuas e revoltas das populações. No ano de 1091, o Duque da Normandia e o Rei de Inglaterra fizeram as pazes, assinaram otratado de Caen e acordaram mutuamente nomear-se como sucessor. O reinado de Guilherme foi difícil. Impopular junto do povo, teve de lidar com revoltas dos Condes da Nortúmbria e de Eu, com ataques do Rei da Escócia e com conflitos com a Igreja.
Guilherme morreu em Agosto de 1100, atingido por uma seta enquanto caçava em New Forest acompanhado por um grupo de nobres, e encontra-se sepultado na Catedral de Winchester. Se foi um acidente ou não, permanece por explicar, mas ninguém foi acusado ou perseguido por regicídio. Guilherme nunca casou nem teve descendência ilegítima e algumas fontes sugerem a sua homossexualidade. De qualquer forma, sem filhos o seu sucessor seria o irmão Roberto II da Normandia, de acordo com os tratados de 90. No entanto Roberto encontrava-se na altura em Cruzada na Terra Santa e não pode reclamar o trono de Guilherme II. Houve quem o fizesse por ele. Henrique, o irmão mais novo dos dois não perdeu tempo e apropriou-se da coroa.
Os historiadores do Século XII (todos eles eclesiastas), deixaram uma imagem negativa do rei, lembrando sobretudo a sua moral duvidosa, os seus maus costumes e a sua morte dramática. Os historiadores atuais reconhecem que Guilherme conseguiu manter a ordem em Inglaterra, e restaurou a paz na Normandia. Morto com apenas 40 anos de idade, não pôde mostrar a totalidade das suas capacidades.
Índice
1 Juventude
2 Ascensão ao trono (1088-1096)
  2.1 Tomada do reino
  2.2 Rebelião de 1088
3 Relações com o ducado da Normandia (1088-1096)
  3.1 O tratado de Caen em 1091
  3.2 1093-1094
4 A gestão do reino
  4.1 Presságio
  4.2 Regresso à Inglaterra
  4.3 Relação com os barões
  4.4 Relação com os barões
5 Morte
6 Personalidade e reputação
7 Cronologia do seu reinado
Juventude
Nascido por volta de 1060 no ducado da Normandia, ele é o terceiro filho de Guilherme, o Conquistador († 1087) e de Matilde de Flandres († 1083). Ele é portanto mais novo que Roberto Courteheuse e Ricardo († antes de 1074), e mais velho que Henrique. O sobrenome de «Ruivo» vem ou da cor dos seus cabelos ou do seu tom avermelhado. Bem que esse sobrenome pouco fosse usado enquanto vivo, serve para os historiadores o distinguirem de outros Guilhermes de sua época. O monge-historiador Orderic Vital, algumas centenas de anos mais tarde, nomeia-o dessa forma ao longo de todo a sua História Eclesiática.
Guilherme o Ruivo é, tal como os seus irmãos, um aventureiro, caçador e soldado. Segundo o historiador britânico Frank Barlow, apesar de menos inteligente que seus irmãos, ele é perseverante. Durante a sua infância, leva uma educação através do monge erudita Lanfranc, na época abade da Abadia aux Hommes em Caen. Como terceiro filho do duque, poderá ter recebido um apanágio, mas confiando-o a Lanfranc, os seus pais talvez o tenham destinado à ordem. A morte de Ricardo entre 1069 e 1074, o segundo filho, transtorna os projetos do casal real: Guilherme volta para o seu pai e é nomeado cavaleiro. Observadores descrevem-no como um rapaz respeitador e bom, leal e fiel ao seu pai. As relações entre os três irmãos não são particularmente boas. Um incidente entre eles (por volta de 1078), leva a uma revolta de Roberto, frustrado por falta de dinheiro e de independência de seu pai. Enquanto que o duque de Normandia está instalado em L'Aigle, Guilherme e Henrique fazem uma visita ao seu irmão Roberto que vive numa outra casa com a sua própria comitiva. Após um jogo de dados, eles urinam de um andar acima sobre a cabeça de roberto e de seus amigos. Segue-se uma briga tão barulhenta que o duque teve de intervir e obriga os seus filhos a fazerem a paz. Na noite seguinte, Roberto, humilhado, dirige-se com os seus companheiros para rouen onde tentam tomar o castelo. Falham e o duque ordena a sua prisão. Roberto e os seus companheiros fogem então da Normandia. Em 1079, Roberto está na fortaleza de Gerberoy. Guilherme o Conquistador sitia o local, e é ferido pelo próprio filho. Mesmo que os dois homens se tenham reconciliado, este ato dramático provavelmente alterou o destino do jovem Guilherme frente a seu irmão.
Em 1080, Guilherme acompanha o seu pai e o seu irmão Roberto para a Inglaterra. Muito provavelmente participa em algumas campanhas na Escócia e no País de Gales. Nos anos seguintes, fica com seu pai em Inglaterra e nada sugere uma longa separação entre eles. Pelo contrário, desde 1083 que Roberto Courteheuse deixara a corte para procurar fortuna no Reino de França.
Em agosto de 1087, o Conquistador morre devido a uma ferida no abdómen, quando atacava Mantes. A sua sucessão é muito discutida e é muito provável que a sua primeira intenção fosse em deserdar completamente Roberto. Mas é dissuadido pelos barões do ducado, que tinham prestado homenagem a Roberto em 1066, antes mesmo da invasão da Inglaterra. O conquistador decide mesmo assim recompensar Guilherme pela sua lealdade: moribundo, envia-o para a Inglaterra para subir ao trono.
Ascensão ao trono
Tomada do reino
Guilherme provavelmente embarca em Touques em direção à costa inglesa. Dirige-se para Winchester onde se assegura do tesouro real. Depois junta-se ao arcebispo de Cantuária, o seu antigo tutor Lanfranc, que praticamente assume o papel de vice-rei. Este respeita os votos do Conquistador e coroa Guilherme a 26 de setembro de 1087, na abadia de Westminster; dezassete dias após a morte do rei. Para o historiador Frank Barlow, é um «golpe de Estado». Quando Guilherme o Ruivo sobe ao trono, não tem nenhuma experiência de governo nem conhece muito bem o país. Mas é ajudado por Lanfranc e assegura-se sem grandes dificuldades da submissão da administração real, dos xerifes e da nobreza ministerial. Num primeiro tempo, os barões anglo-normandos não reagem, talvez porque a maioria está na Normandia ou porque esperam pela reação de Roberto Courteheuse. Este último voltou para a Normandia desde que soubera da morte do pai, e faz-se reconhecer como duque da Normandia e conde do Maine.
Grande Selo de Guilherme o Ruivo no seu reinado, extraído de The pictorial history of England, por George Lillie Craik e outros (1846).
Rebelião de 1088
Guilherme o Ruivo não hesita em distribuir o tesouro real às igrejas e xerifes dos condados, e escolhe comprar os serviços de conselheiro de Guilherme de Saint-Calais, bispo de Durham. Rapidamente, ganha o apoio da Igreja e dos barões anglo-normandos. Comete então um erro: entregar ao seu tio Odo, libertado da prisão por um moribundo Guilherme I, as suas posses na Inglaterra. Pouco agradecido, Odo organiza uma conspiração para unir a Normandia e a Inglaterra sob o único governo de seu sobrinho Roberto Courteheuse. A obrigação de obedecer a dois suseranos diferentes, e ainda por cima inimigos, colocava problemas de lealdade nos aristocratas anglo-normandos. Odo reuniu à sua volta grandes barões do reino, tais como Rogério II de Montgommery, Geoffroy de Montbray e Roberto de mortain. Os rebeldes fortificaram os castelos de Rochester, Pevensey e Tonbridge. Na primavera de 1088, lançaram uma campanha militar saqueando terras do rei e de seus aliados, e aguardam o desembarque do duque roberto. Mas este demora a embarcar, e Guilherme o Ruivo aproveita para mobilizar todas as forças disponíveis, e responde em triplicado.
Primeiro tenta dividir os seus adversários mostrando-se pronto para recompensar quem abandonar a conspiração. Rogério de Montgommery é o primeiro a aceitar. Depois, Guilherme promete ao povo inglês, no geral, restaurar as melhores leis que já conhecera, de abolir os impostos injustos e de reconsiderar os direitos à caça. Finalmente ele passa à ação militar sitiando e tomando os castelos rebeldes. A partir do fim do mês de julho, a rebelião é esmagada. O rei decide perdoar os rebeldes de forma maciça, à exceção de Odo de Bayeux, que é banido do reino. Após o conflito, ele tem de resolver o caso de Guilherme de Saint-Calais, o seu principal conselheiro que o abandonara durante a rebelião, e que se refugiara em Durham. Segue-se um debate entre o rei e o rebelde para saber se ele deveria ser julgado segundo as leis feudais ou como bispo segundo as leis canônicas. Finalmente, o rei decide retirar as posses do bispo e baní-lo do reino.
Com a ordem restabelecida no seu reino, é-lhe permitido recompensar os seus principais apoiantes na revolta. Henrique de Beaumont recebe o título de conde de Warwick, Guilherme de Warenne recebe o título de conde de Surrey, e Robert FitzHamon recebe a honra de Gloucester.
Relação com o Ducado da Normandia (1088-1096)
Após a derrota da rebelião, as relações entre os dois irmãos ficaram ainda mais tensas. Henrique, o irmão mais novo, decidido a herdar de pelo menos um dos dois irmãos, tenta tirar alguma vantagem da situação. A sua preferência vai para Guilherme, mas o fraco e dispendioso Roberto é o mais fácil de explorar. Assim, em 1087-1088 ele compra, com o dinheiro da herança, Avranchin e Cotentin. Por seu lado, Guilherme o Ruivo compra os serviços dos vassalos de Roberto Courteheuse e prepara a invasão da Normandia. No decorrer do verão de 1090, já corrompeu a maioria dos barões da Alta-Normandia, com fiéis centralizados em Eu. A situação no ducado começa a deteriorar-se, e apoiantes do rei iniciam uma revolta em Rouen, a capital. Henrique aproveita para se aproximar de Roberto indo ao seu socorro, e a revolta em Rouen é eliminada sem que Guilherme pudesse entrar em ação.
O tratado de Caen de 1091
Em Fevereiro de 1091 Guilherme prepara a última fase do seu plano para reunir os territórios paternos. Desembarca na Normandia e instala-se em Eu. Contudo, não há nenhum confronto sério entre os exércitos. Este status quo termina no tratado de Caen que Guilherme de Saint-Calais, acabado de se reconciliar com o rei, aparentemente negoceia entre os dois irmãos. Com esse tratado, fazem as pazes e designam-se herdeiros um do outro. Guilherme mantém o condado d'Eu e o porto de Cherbourg. Em troca, Guilherme ajuda o seu irmão na recuperação dos territórios do ducado que tivera de conceder para comprar fidelidade. Os dois irmãos atacam então Henrique, senhor de Avranchin e de Cotentin, sitiam-no no Monte Saint-Michel. Derrotado, Henrique acaba por se exilar em França.
No verão de 1091 os dois irmãos atravessam a Mancha para combaterem lado a lado a invasão escocesa e resolverem os problemas do País de Gales. Juntos, reprimem a revolta galesa e depois mobilizam um exército para combater uma invasão de Malcolm III da Escócia, a nordeste do país. Dois dias antes do Natal de 1091 Roberto regressa à Normandia após nova disputa com o irmão. Aparentemente Guilherme não cedera em dar a Roberto territórios na Inglaterra e em ajudá-lo a ir à Normandia combater os seus inimigos. Em maio de 1092 Guilherme lidera um exército no nordoeste de seu reino e retoma Cumbrie, detida por um vassalo do rei da Escócia. Reconstrói a cidade de Carlisle e constrói alguns castelos para proteger a fronteira histórica com a Escócia.
1093-1094
Guilherme o Ruivo mantém Eu e ativa uma aliança com o conde de Flandre. Orderic Vital indica que o rei inglês tem então cerca de vinte castelos no ducado da Normandia. No Natal de 1093 Roberto Courteheuse pede-lhe para respeitar os termos do tratado de Caen sob pena de o considerar como caducado. Espera uma ajuda que não vem para reconquistar o condado do Maine. Após um encontro infrutífero entre os dois irmãos (fevereiro de 1094), Guilherme o Ruivo denuncia ele também o tratado. Roberto assegura-se do apoio militar do seu suserano, o rei Filipe I de França, enquanto que Guilherme apela ao seu irmão Henrique para ajudá-lo. Finalmente, Guilherme consegue desligar o rei de França da causa de Roberto. Nenhum dos dois lados parte para uma batalha decisiva. Guilherme regressa ao seu reino, e deixa Henrique na luta contra o seu irmão.
A gestão do reino
O governo de Guilherme o Ruivo é essencialmente a continuação da política de seu pai. Consolida a maior parte das estruturas que o seu pai improvisara e que colocara rapidamente de pé após a conquista normanda da Inglaterra. Por uma lado retoma os tradicionais poderes dos reis anglo-saxões, anterior à conquista normanda. E de outro lado, a importação do feudalismo normando assegura-lhe um melhor controlo sobre a nobreza, pois permite-lhe intervir na sucessão das honras. O poder real alarga-se em direções por vezes impopulares tais como por exemplo a constituição de florestas reais (notavelmente o New Forest). A sua presença quase contínua no reino (até 1096) é igualmente uma novidade à qual a sua administração, barões e Igreja não estão habituados.
Nos primeiros anos a sua principal preocupação é a proteção das fronteiras. Em 1091 luta contra os escoceses e os galeses (irá combater novamente os galeses em 1095 e 1097) e anexa Cumbria em 1092. Em 1091, antes de os dois exércitos se confrontarem, obtém a paz dos escoceses, e entende-se com Malcolm III da Escócia para que as relações dos dois reinos sejam idênticas às do tempo do Conquistador. Assim, Malcolm faz uma homenagem condicional a Guilherme o Ruivo e jura-lhe fidelidade. Em troca recebe o condado de Huntingdon, que já possuíra antes de 1087. Com a sua morte em 1093, Guilherme toma partido pelos filhos de Malcolm quando é o seu irmão Donald III que subiu ao trono. E é o seu protegido Edgar I que toma o controlo do reino. Também este irá reconhecer Guilherme como seu suserano.
As campanhas militares no reino e em Normandia custam bastante dinheiro, principalmente à Igreja. Sob o seu reinado, a Torre de Londres foi concluída, e manda construir o grande hall do Palácio de Westminster.
Grande Hall do palácio de Westminster, de Thomas Rowlandson e Augustus Charles Pugin, em Microcosm of London (1808-11).
Presságio
Em março de 1093, Guilherme o Ruivo fica subitamente doente quando se encontrava no País de Gales. É repatriado para Gloucester e ali fica durante toda a Páscoa. Imagina então estar a morrer, e confessa-se a Anselmo, abade de Notre-Dame du Bec. Promete mudar de vida e de começar com uma série de reformas no reino. Libera todos os seus prisioneiros e anula as dívidas. Obriga Anselmo a ser arcebispo de Cantuária, lugar vago desde a morte em 1089 de Lanfranc, e faz doações nos mosteiros. Segundo Frank Barlow, é também possível que Anselmo o tenha feito prometido casar-se. Assim que recupera a saúde, Guilherme planeia casar com Matilda da Escócia, filha de Malcolm III, então com doze anos de idade. Visita-a na abadia onde é educada, mas a abadessa convence-o de que ela teria seguido votos, e ele renuncia ao casamento. No outono do mesmo ano, Malcolm III invade a Inglaterra, mas cai numa armadilha e é morto por Robert de Montbray, conde de Northumbrie.
Regresso à Inglaterra
Em janeiro de 1095 Guilherme o Ruivo volta para a Inglaterra, depois de gastar muito dinheiro na Normandia com muito pouco resultado. Na sua ausência, uma revolta generalizada no País de Gales levou a que os senhores normandos perdessem o controlo de grande parte dos territórios conquistados. Guilherme descobre também uma conspiração para substituí-lo no trono pelo seu primo Étienne d'Aumale, sobrinho de Guilherme o Conquistador. No verão de 1095 o rei lidera um exército em Northumbrie para sitiar o castelo do instigador da conspiração: Robert de Montbray. Após a queda de Newscastle, obriga-o a refugiar-se na fortaleza de Bamburgh. Deixa aos seus tenentes a continuação do cerco e parte para o País de Gales, onde a situação piorava: os galeses tomaram Montgomery, o castelo do conde de Shrewsbury Hugo de Montgommery. Em novembro, tiveram lugar vários combates, mas os galeses não abandonavam a luta. Entretanto, Robert de Montbray, sitiado no priorado de Tynemouth, rende-se. Ao contrário do que acontecera em 1088, desta vez os rebeldes são duramente punidos. Inicia-se um processo por traição em Salisbury, no local de Old Sarum. Robert de Montbray fica preso para o resto da sua vida, o conde Guilherme d'Eu perde um duelo judicial e morre das feridas, depois de ser castrado. Vários outros são mutilados, presos, banidos ou tiveram de pagar pesadas indemnizações.
Em fevereiro de 1096 Roberto Courteheuse segue para uma cruzada. Um legado papal negoceia um acordo entre Guilherme e o duque da Normandia. Guilherme paga 10000 marcos em dinheiro para a guarda e rendas do ducado por um período de três anos. O investimento representa menos de um quarto das rendas anuais do reino. Ainda para mais, Robert poderá não regressar vivo da cruzada. Segundo o acordo, o seu irmão Henrique fica com Cotentin, Avranchin e Bessin (exceto as cidades de Caen e Bayeux) como apanágio.
Representação de Guilherme o Ruivo numa obra de Matthieu Paris (SéculoXIII). Tem na mão direita o Hall de Westminster, que mandou construir. Extrato de História Anglorum, na British Library.
Relação com os barões
Para aconselhá-lo em diversos domínios, Guilherme coloca à sua volta companheiros de campanha e amigos como Urse d'Abbetot e Robert FitzHamon, Hamon e Robert Blouet. Após as rebeliões de 1088 e 1095, retira as posses a alguns grandes barões do reino, com Odo de Bayeux, Eustache II de Bolonha e Robert de Montbray. Nomeia novos condes, pessoas de grandes famílias de barões, como Guilherme de Warenne, Henrique de Beaumont e Gautier II Giffard. Recompensa também alguns companheiros como Roger de Nonant.
A sua administração é tão eficaz que em 1096 bastam-lhe alguns meses para reunir 10000 marcos (7000 livras), necessários para a hipoteca do ducado da Normandia. E isso graças a um imposto especial. No entanto, os barões do reino julgam a pressão fiscal como excessiva. Quando de sua subida ao trono, o seu irmão Henrique julgará preferível prometer renunciar a essas práticas.
Segundo Barlow, é apesar de tudo um soberano apreciado pelos barões e pelo clero. A sua generosidade, os seus sucessos militares e a sua vontade em reunir de novo o ducado e o reino fazem com que encontre muito pouca oposição. O historiador C. W. Hollister não tem a mesma visão: sublinha a quebra entre o rei e a alta aristocracia anglo-normanda. Para apoiar a sua tese, lembra as duas conspirações contra Guilherme, em 1088 e 1095, assim como a ausência dos grandes do reino aquando da assinatura das cartas reais.
Relação com a Igreja
Perante a Igreja, Guilherme não mostra tanto respeito quanto o seu predecessor, nem manda construir nenhum mosteiro. Mas apesar da sua reputação anti-clero, não desdenha os conselhos de Anselmo de Cantuária, Guilherme de Saint-Calais, Wulfstan de Worcester, Robert Bloet e, nos últimos anos, de Vauquelin de Winchester. Para a administração do seu reino, mantém uma parte dos que ajudaram o seu pai, como o capelão Rainulf Flambard, que o serve com lealdade durante todo o seu reinado.
Este último torna-se um primeiro ministro antes do tempo. Flambard é encarregado das finanças, e o seu objetivo principal é o de fazer entrar no tesouro real a maior quantidade de dinheiro possível. Graças a ele, Guilherme aumenta os rendimentos, aumentando ou criando novas taxas e concedendo diretamente a si mesmo alguns benefícios eclesiásticos. Vende também abadias reais, disfarçando o preço sob a forma de uma ajuda ou de uma doação, aos candidatos de sua escolha. Todavia, tudo indica que essas práticas eram aceites pelo Clero. A nomeação de Anselmo para arcebispo de Cantuária, quando Guilherme se encontrava doente em 1093, fora talvez um dos seus raros erros. O arcebispo está em permanente conflito com ele. Censura principalmente a sua moral e a exploração que faz dos benefícios eclesiásticos. Em 1094 Anselmo vê recusada a organização de um grande concílio da Igreja inglesa, principalmente para condenar as práticas de sodomia e incesto, práticas correntes no reino.
A disputa entre os dois homens conhece o seu auge quando Anselmo reconhece o novo papa Urbano II em vez do antipapa Clemente III, quando Guilherme o Ruivo ainda não fizera a sua escolha. O rei, apelando à tradição inglesa, censura Anselmo por ter violado o seu voto de fidelidade apropriando-se de uma prerrogativa real. Anselmo responde afirmando que não tem intenção de renunciar à sua fidelidade a Urbano II. O rei, furioso, protesta afirmando que Anselmo coloca a sua lealdade ao papa acima da sua lealdade ao seu soberano. Em fevereiro de 1095 tem então lugar um concílio, em Rockingham, mas a situação manteve-se.
Por fim, Guilherme reconhece Urbano II na esperança de que este substitua Anselmo. Mas tal não acontece e, atento ao suporte do soberano inglês, ordena a Anselmo que colabore com o rei. Mas em 1097, quando Guilherme se queixa da insuficiente ajuda militar fornecida pelo arcebispo para a campanha galesa, este último compreende que a situação é insustentável e exila-se.
                                Escultura de Guilherme o Ruivo, na fachada da catedral de Cantuária.
Morte
Quinta-feira dia 2 de agosto de 1100, Guilherme o Ruivo participa de uma caça ao veado em New Forest (no condado de Hampshire, na Inglaterra), com seus companheiros quando, no final da tarde, é morto por uma seta no coração. Já por volta de 1070 o seu irmão Ricardo perdera a vida nesta floresta, e no mês de maio de 1099 o seu sobrinho também ali tivera uma morte semelhante. Alguns anos mais tarde, o monge e historiador Guilherme de Malmesbury acusaria Gautier II Tirel, um nobre francês, de ser o responsável pela sua morte. Este participava da caça; assim que o rei foi encontrado morto, deixou a floresta e regressou precipitadamente para a França. Mas Suger de Saint-Denis, amigo e biógrafo de Luís VI de França, inocenta Tirel afirmando que este jurara em várias ocasiões não ter estado, nesse dia, em companhia do rei, nem de o ter visto. A maioria dos cronistas contemporâneos viram o evento como vingança divina para punir um blasfemo.
Alguns historiadores viram a morte do rei como uma consequência de uma conspiração fomentada pelos Clare e Henrique, o irmão do rei. A antropóloga britânica Margaret Murray evoca mesmo a feitiçaria e um sacrifício ritual para explicar a morte de Guilherme o Ruivo. Em 2005, a historiadora britânica Emma Mason apresentou uma nova tese sobre o acidente. Segundo ela, teria sido um assassinato encomendado. Para a historiadora, o rei inglês estaria a preparar a invasão da França no momento em que foi morto. Os Capetianos, particularmente Luís (futuro Luís VI), informados das intenções do rei inglês, decidem matá-lo. Para isso utilizam um agente duplo que Mason indica como sendo Raúl d'Equesnes, que acompanhava Gauthier Tirel.
Presente nessa caçada, Henrique aproveita imediatamente o drama: apodera-se do tesouro real em Winchester e faz-se coroar rei de Inglaterra na abadia de Westminster a 5 de agosto de 1100, apenas três dias após a morte de seu irmão.
A ausência de herdeiros diretos (Guilherme nunca casou e não tem filhos) e o apoio de Gilbert FitzRichard de Clare e de sua família facilitam a tomada do poder. As circunstâncias são favoráveis a Henrique, mas provavelmente fortuitas. Sugere-se que nesta data, Henrique estava desesperado e que esse «acidente» era a sua última hipótese de obter o trono, com o seu irmão Roberto Courteheuse quase a regressar da primeira cruzada onde estava desde 1096. Na realidade, o momento da morte do rei não é particularmente vantajoso. Se esse evento tivesse tido lugar quatro anos antes, Henrique teria todo o tempo de consolidar o seu poder e administração em Inglaterra, para depois anexar o ducado da Normandia. Mas em vez disso, ele tem de enfrentar a oposição dos barões do reino e a invasão de Courteheuse, de regresso da cruzada.
Guilherme o Ruivo é enterrado à pressa a 3 de agosto no coração da antiga catedral de Winchester, sob a torre. Provavelmente pouca gente assistira, e até o seu irmão Henrique estava demasiado ocupado a preparar a sucessão. A torre sob a qual foi enterrado desmorona em 1107.
O local onde se deu o acidente foi muito discutido, e dois locais foram propostos: o primeiro é um lugar denominado Canterton, onde podemos encontrar a «Rufus Stone» colocada em 1745; o segundo fica perto da aldeia abandonada de Througham.
   Morte de Guilherme o Ruivo. Litografia de A. de Neuville (1895), extraída de Universal History por Ridpath.
                                                             A Rufus Stone (Hampshire).
Personalidade e reputação
O seu melhor retrato vem de Guilherme de Malmebury, embora este não seja um seu contemporâneo. Segundo o historiador, Guilherme o Ruivo era um homem pequeno, com uma proeminente barriga e de tom de pele avermelhada e gostava de se vestir com a última moda. Seria loiro, mas esse ponto é muito discutível. Como membro da aristocracia, adotara o estilo de corte inglês, com cabelos compridos, bem que o concílio de Rouen de 1096 tenha condenado o uso de cabelos compridos, associando-o à deturpação da moral. Em privado, com os amigos, adotava uma atitude informal e mostrava-se muito à vontade; mas em público fazia sentir a sua falta de eloquência. Tinha também tendência a gaguejar quando se enervava. Os que se aproximavam de Guilherme o Ruivo deviam ter a noção de que se tratava de um homem perigoso. A repressão e a conspiração de 1095 revelam a face negra do caráter do rei: ele cegou e castrou o seu primo Guilherme d'Eu, e mostrou-se impedioso para com os rebeldes de baixo estatuto. Desenvolveu uma paranóia para com os aristocratas a seu redor. Anselmo descreve-o como um touro selvagem. Se o humor e a ironia de Guilherme o Ruivo, e a sua imagem cavalheiresca podem torná-lo simpático para alguns historiadores, a sua crueldade e brutalidade não podem ser esquecidas.
Cronologia do seu reinado

  • 26 de setembro de 1087: coroado por Lanfranc, bispo de Cantuária, na abadia de Westminster.
  • Primavera e verão de 1088: rebelião no reino.
  • 1088-1091: corrompe barões do este do ducado da Normandia.
  • Fevereiro de 1091: desembarca na Normandia.
  • 1091: tratado de Caen entre o rei e o duque da Normandia.
  • Verão de 1091: repressão de uma revolta no País de Gales e de uma invasão da Escócia.
  • Março de 1093: fica gravemente doente.
  • Primavera de 1095: conspiração contra ele por Robert de Montbray.
  • 1096: penhora o ducado da Normandia enquanto o seu irmão Roberto II, Duque da Normandia, parte para a primeira Cruzada.
  • 1096-1100: campanhas no Vexin francês e no Maine.
  • 2 de agosto de 1100: encontra a morte em New Forest.
Governo
Reinado: 9 de setembro de 1087 - 2 de agosto de 1100.
Coroação: 26 de setembro de 1087.
Antecessor: Guilherme I.
Sucessor: Henrique I.
Dinastia: Normanda.
Vida
Nascimento: 156, Normandia, França.
Morte: 2 de agosto de 1100, New Forest, Hampshire, Inglaterra.
Sepultamento: Catedral de Winchester, Winchester, Hampshire, Inglaterra.
Pai: Guilherme I.
Mãe: Matilde de Flanders.
                                                                        Guilherme II.
Henrique I

Henrique I de Inglaterra (cerca 1068 - 1 de Dezembro 1135), cognominado Beauclerc dado seu interesse por literatura, foi Rei de Inglaterra de 1100 a 1135, sucedendo ao irmão Guilherme II Rufus. Henrique era o filho mais novo de Guilherme, o Conquistador e Matilde de Flandres, irmão de Guilherme II e de Roberto II, Duque da Normandia.
Como terceiro rapaz, Henrique não foi educado para ser rei, mas sim para seguir uma carreira eclesiástica. Teve portanto uma educação cuidada e invulgar para um príncipe desta época. Foi talvez o primeiro rei normando que aprendeu a falar inglês. Na morte do pai em 1087, os irmãos Guilherme II e Roberto II receberam Inglaterra e a Normandia, respectivamente, enquanto que Henrique foi dotado com 5000 libras de prata. Diz a tradição popular inglesa que Guilherme I notou no testamento que só não dava mais nada a Henrique porque tinha a certeza que ele ia acabar por ficar com tudo, graças à sua maior inteligência.
Com a separação da Normandia e Inglaterra, a relação de Guilherme II e Roberto II, que nunca havia sido boa nem quando eram crianças, piorou ainda mais. Seguiram-se várias revoltas e escaramuças, até que por volta de 1090, acordaram em nomear-se herdeiro um do outro. Durante todo este período permaneceu na sombra mas em 1100, quando Guilherme II morre numa caçada, Henrique decidiu tomar uma atitude. O herdeiro era Roberto II, que se encontrava no entanto em Cruzada na Terra Santa, o que incentivou Henrique a se apropriar da coroa, sendo coroado a 5 de Agosto na Abadia de Westminster. Do seu lado tinha a população inglesa e os nobres normandos, que detestavam Roberto pelo seu lendário mau temperamento e espírito desorganizado e gastador. Para assegurar a continuação destes apoios, agora que Roberto II regressava da Palestina, Henrique tomou medidas populares relacionadas com a descentralização do poder e o édito de uma carta de liberdades e garantias do cidadão. Na política externa, Henrique consolidou os acordos com a Escócia ao casar com a princesa Matilde, filha de Malcolm III da Escócia e sobrinha de Edgar Atheling.
Quando Roberto II chega a Inglaterra em 1101 para recuperar a coroa que lhe era devida, encontra o país unido na defesa de Henrique. Roberto acaba por desistir das suas pretensões e retira-se para a Normandia, mas não em paz. Dos seus domínios continentais, Roberto inicia então uma série de manobras políticas para minar o poder de Henrique. Em 1105, Henrique atravessa o Canal da Mancha com o seu exército e invade a Normandia. No ano seguinte, derrota Roberto na batalha de Tinchebray e anexa o Ducado à coroa inglesa, concretizando a intuição testamentária do pai. Roberto foi aprisionado no castelo de Cardiff, onde viveu até ao fim da vida.
Em 1120, Henrique sofre uma tragédia pessoal e política com a morte do seu único filho legítimo, Guilherme Adelin no naufrágio do White Ship. Para evitar uma guerra civil iminente, Henrique tomou então a decisão sem precedentes de nomear a filha Matilde, viúva de Henrique V, Imperador do Sacro Império, como sucessora, forçando os nobres a jurar-lhe fidelidade.
Henrique morreu na Normandia em Dezembro de 1135 de intoxicação alimentar provocada pela ingestão de lampreias estragadas. Matilde foi designada rainha de Inglaterra, mas o facto de ser mulher e casada com o angevino Geoffrey Plantageneta, Conde de Anjou, provocou uma insurreição popular instigada pelos nobres normandos. Estevão de Blois, sobrinho de Henrique, torna-se rei de Inglaterra dando início à guerra civil conhecida como a Anarquia.
                                                                      Henrique I.
Descendência
Da primeira mulher, Matilde da Escócia (1080 – 1118) filha de Malcolm III e de Santa Margarida da Escócia:
  • Matilde, a Imperatriz (1102 – 1169)
  • Guilherme Adelin (1103 – 1120, no Naufrágio do White Ship)
Da segunda mulher, Adelaide da Baixa-Lourena (1105 – ca. 1157), filha de Godofredo I de Brabante, não teve descendência.
Filhos ilegítimos, cerca de 25, entre os quais
  • Sibila (1092 – 1122), casou com o rei Alexandre I da Escócia
  • Matilde, casou com Conan III, Duque da Bretanha
  • Maud, Condessa de Perches (f. 1120, no naufrágio da Nave Branca, Ver Naufrágio do White Ship)
  • Roberto, Conde de Gloucester
  • Reinaldo, Conde da Cornualha
Governo
Reinado: 2 de agosto de 1100 - 1 de dezembro de 1135.
Coroação: 5 de agosto de 1100.
Consorte: Edite da Escócia (1100-1118) - Adeliza de Louvain (1121-1135).
Antecessor: Guilherme II.
Sucessor: Estevão (de fato) - Matilde (de jure).
Casa Real: Normanda.
Títulos: Duque da Normandia.
Vida
Nascimento: 1068 ou 1069, Selby, Yorkshire.
Morte: 1 de dezembro de 1135, Saint-Denis-em-Lyons (Normandia).
Sepultamento: Abadia de Reading.
Filhos: Imperatriz Matilde, Guilherme Adelin, 29 crianças no total.
Pai: Guilherme I de Inglaterra.
Mãe: Matilde de Flanders.
                                                                          Henrique I.

Estêvão I
Estêvão (em inglês: Stephen; Blois, 1096 - Dover, 25 de Outubro de 1154), foi conde de Bolonha e o último Rei de Inglaterra da dinastia normanda entre 1135 e 1154. Era filho de Estêvão II, Conde de Blois e de Adela da Normandia, umas das filhas de Guilherme I de Inglaterra. Era portanto sobrinho de Henrique I de Inglaterra e o seu sucessor mais próximo depois da sua filha Matilde.
Estêvão sobreviveu ao naufrágio do White Ship que vitimou o herdeiro Guilherme Adelin em 1120 por ter desembarcado do navio antes da largada. Este golpe de sorte tornou-o num sério candidato à sucessão de Henrique I. O rei, no entanto, preferia ser sucedido pela filha Matilde, então casada com o Geoffrey Plantageneta, conde de Anjou, e obrigou os nobres, Estêvão incluído, a jurarem-lhe fidelidade. Mas o facto de Matilde ser mulher e casada com um angevino (Anjou era a casa tradicionalmente adversária da Normandia), fez os barões mudarem de ideias depois da morte de Henrique. Estêvão tornou-se então rei, mas a sua fragilidade governativa provocou uma revolta em 1139 e o início de uma guerra civil conhecida como a Anarquia.
Estêvão morreu em 1154, sem que a situação de instabilidade tivesse sido resolvida. A solução encontrada em 1153 (tratado de Wallingford) foi nomear como sucessor Henrique Plantageneta, filho de Matilde. Encontra-se sepultado na Abadia de Faversham, Faversham, Kent na Inglaterra.
Descendência
Da sua mulher, Matilde I de Bolonha (1110-1151):
  • Balduíno de Blois (f. 1135)
  • Eustáquio IV, Conde de Bolonha (1127-1153)
  • Guilherme, Conde de Bolonha e de Surrey (f. 1159)
  • Matilde (f. 1135)
  • Maria de Bolonha (1131-1180)
Governo
Reinado: dezembro de 1135 - 10 de abril de 1140.
Coroação: 26 de dezembro de 1135 - 25 de dezembro 1141.
Consorte: Matilde I de Bolonha.
Antecessor: Henrique I - Imperatriz Matilde.
Sucessor: Matilde - Henrique II.
Dinastia: Normanda.
Títulos: Conde de Mortain e de Bolonha jure uxoris.
Vida
Nascimento: 1096, Blois, Berri, França.
Morte: 25 de outubro de 1154, Dover, Kent, Inglaterra.
Sepultamento: Abadia de Faversham. Kent, Inglaterra.
Filhos: Balduíno, Eustáquio IV, Guilherme, Matilda, Maria.
Pai: Estevão II de Blois.
Mãe: Adela da Normandia.
                                                                   Estêvão de Inglaterra.

Matilde
Matilde (em inglês: Matilda ou Maud), conhecida como Imperatriz Matilda (Empress Matilda; Winchester, 7 de Fevereiro de 1102 – Ruão, 10 de Setembro de 1167) foi imperatriz consorte do Sacro Império, Condessa de Anjou e candidata ao trono de Inglaterra durante A Anarquia. Era filha de Henrique I de Inglaterra e da princesa Matilde da Escócia. Depois do naufrágio do White Ship, que vitimou o irmão Guilherme Adelin, Matilde tornou-se na única descendente legítima de Henrique I.
Matilde casou pela primeira vez em 1114 com Henrique V, Imperador do Sacro Império. O casamento não produziu descendência e Matilde ficou viúva em 1125, com apenas 23 anos. Em 1128, casou de novo com Geoffrey V, Conde de Anjou, alcunhado o Plantageneta, no âmbito da política de consolidação do poder de Henrique I no continente. Geoffrey era 11 anos mais novo e segundo crónicas da época a união não foi propriamente feliz. Nasceram no entanto três filhos: Henrique, Geoffrey e Guilherme.
Entretanto, numa decisão inédita para a época, Matilde foi nomeada sucessora por Henrique I, que obrigou seus barões a jurarem-lhe fidelidade. A escolha não era popular por Matilde ser mulher, mas principalmente por ser casada com o Conde de Anjou, a casa tradicionalmente adversária da Normandia.
Em 1135 Henrique I morreu, mas a coroa de Inglaterra foi usurpada por Estevão de Blois, primo de Matilde, que era uma personalidade mais consensual. Matilde não se conformou e iniciou uma série de manobras para alcançar a herança do pai. Como aliados encontrou o rei David I da Escócia, seu tio materno, e Roberto de Gloucester, seu irmão bastardo. O resultado foi A Anarquia, um período de guerra civil, caracterizado não por guerra aberta, mas pela falha de todas as instituições políticas que a Inglaterra viveu nos 19 anos seguintes. Em 1141, Matilde obteve o seu maior sucesso e conseguiu depôr Estevão, tornando-se não rainha, mas Senhora dos Ingleses. A vantagem foi perdida meses depois, devido à sua personalidade arrogante e à influência de Geoffrey de Anjou sobre as suas acções. Matilde conseguiu escapar sozinha ao cerco de Oxford, sumindo-se a meio da noite, mas nunca recuperou o ascendente político. Em 1147 é por fim obrigada a escapar de Inglaterra depois da morte de Roberto de Gloucester.
Matilde nunca mais regressou a Inglaterra, mas foi o seu filho Henrique Plantageneta que pôs um fim à guerra civil obrigando Estevão a nomeá-lo como sucessor no tratado de Wallingford de 1153.
Matilde morreu num auto imposto exílio político num convento em Ruão.
Governo
Reinado: 1135 - 1141 (disputador)
Consorte: Henrique V (1114-25), Godofredo Plantageneta (1128-51).
Antecessor: Henrique I.
Sucessor: Estêvão I de Inglaterra - Henrique II de Inglaterra.
Dinastia: Normanda.
Vida
Nascimento: 7 de fevereiro de 1102, Winchester, Inglaterra.
Morte: 10 de setembro de 1167, Ruão, França.
Sepultamento: Ruão, França.
Filhos: Henrique II de Inglaterra, Geofredo VI, Conde de Anjou, Guilherme, Conde de Poitou.
Pai: Henrique I de Inglaterra.
Mãe: Matilde da Escócia.
                                                                  Matilde de Inglaterra.

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